Sonhos molhados blogosféricos #3
A Mais Doce fazer um post patrocinado a divulgar o meu blog, a troco de eu cozinhar para ela uma perna de peru com gengibre e mel (assinalado como publicidade, claro).
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A Mais Doce fazer um post patrocinado a divulgar o meu blog, a troco de eu cozinhar para ela uma perna de peru com gengibre e mel (assinalado como publicidade, claro).
Hoje o post é em honra da minha irmã e da infância super criativa que tive oportunidade de lhe proporcionar. Temos sete anos de diferença e portanto a liderança das brincadeiras era totalmente minha. Jogava com ela a coisas tão divertidas como o transporte de copos de água sem entornar (no fundo era a forma de eu obter um copo de água, mas tornava aquilo uma espécie de Jogos Sem Fronteiras e só faltava a voz do Eládio Clímaco) e o levantamento de pés (eu via televisão, enquanto ela me segurava os pés, eu de pernas esticadas, o máximo de tempo que conseguisse).
A minha mestria para inventar joos revelou-se naquela que é ao mesmo tempo a brincadeira que a minha irmã melhor recorda e a que mais a traumatizou. Vocês sabes o que são rolamentos? E esferas de rolamentos?
Pronto. Sâo peças. De cenas com utilidades algumas (não sei). Sei que o meu pai tinha uma gaveta cheia de rolamentos e esferas de rolamentos à solta.
Então eu reuniao algumas esferas de tamanhos diferentes e compunha aquilo a que apresentava à minha irmã como uma família. Uma família da qual ela deveria tomar conta. Era a esfera-pai, a esfera-mãe e duas esferas-filhas (nunca fugia muito ao nosso próprio retrato familiar).
As esferas alimentavam-se de luz solar e dormiam numa caixa de fósforos devidamente forrada de algodão. Para que sobrevivessem ela devia alimetá-las diariamente, pô-las para dormir nas horas certas e dar-lhes banho (uma gota de água diária para cada esfera).
Era imperativo que as esferas sobrevivessem. Quando estivessem mortas, apresentariam manchas acastanhadas. Que é como quem diz ferrugem. Ferrugem que ela causava diariamente ao dar-lhes o banho de gota de água que eu instruía.
Conclusão: ela dizimava família inteiras, umas após as outras. Vivia frustrada com a incapacidade de as manter vivas e sentia que
Eu acho que foi uma sorte ela ter-me como irmã.
Já ela, conta hoje em dia esta história (bem melhor que eu) com um ar mais pesaroso do logro do que divertida e saudosa. Não percebo, não percebo...
Hoje não podia deixar de ser: a minha visão dos Santos. A ler, no Desblogue. Clicai.
Ele já tinha ido sensivelmente 76 vezes ao Oceanário. Eu, há 10 anos lisboeta emprestada, nunca tinha posto os pés lá - não é que não quisesse, mas toda a gente já tinho ido lá, percebem? Não tinha companhia.
Ele levou-me (de surpresa).
[E, por um momento, reuniram-se dois seres muito perigosos no mesmo espaço.]
Depois do sucesso estonteante da primeira edição do Isto ou Aquilo, e a pedido de muitas famílias (ok, foi só o Bruno), eis que volto a dar-vos a volta à cabeça com um rebuscado dilema, bem ao género da Nêspera. Vamos lá: o que preferiam e porquê?
a) Todos os dias serem entalados por uma ratoeira. Ou seja, acordam e mesmo antes do pequeno-almoço há uma ratoeira agressiva, um palmo de tamanho, que se fecha sobre uma parte de vós. Vai calhar nos dedos das mãos, dos pés, no nariz e qualquer tipo de pendurezas em que se possa agarrar (sim, todas as pendurezas). Vocês não controlam onde ela se fecha, só sabem que vai doer e que todos os dias ao acordar passam por esse ritual.
OU
b) Uma vez na vida apenas terem de dar uma palestra no Pavilhão Atlântico, onde está toda a gente que vocês conhecem (desde a esfera profissional, à familiar, incluindo a vossa professora da primária e a ex do/a vosso/a namorado/a). A palestra é sobre gorilas e algures durante a mesma terão de se despir completamente em palco e agir como um primata (da forma humilhante que estão a imaginar: saltar de cócoras, bater no peito, catar piolhos, atirar fezes...tudo de rabo ao léu). Tudo a rir e a tirar fotos para as redes sociais.
O que é mais íntimo: um beijo ou um abraço?
Não são poucas as noites em que (por circunstâncias da vida) nos desencontramos na cama e nas horas de sono. Quando estou em casa e ele não esgueiro-me para a almofada dele, para fingir que estou mais perto. Que um bocadinho dele está ali. Mariquices.
No outro dia ele dizia-me que faz o mesmo. Dorme na minha almofada quando sou eu que já não estou...para me sentir.
Conclusão: ele dorme na minha almofada eu durmo na dele. Estão a ver a ironia?
Todos os anos me arrependo.
A Pólo Norte responder-me à Prova dos Nove (mas a Ursa não recebe os meus emaills).
O meu pai descobriu recentemente algo que eu até já tinha revelado ao mundo, mas muitos fizeram orelhas moucas: o bolo do caco é pão.
Sem prejuízo da fama, porque é um pão maravilhoso, a designação é que está meio como aqueles comprimidos de alcachofra para emagrecer (é publicidade enganosa).
Se há coisa que o meu pai, criado no campo com uma parga de irmãos e comida muito tradicional, gosta pouco é de experiências culinárias. Nunca na vida tocou numa pizza, só vai ao McDonalds buscar gelados e nem quis saber de Bolo do Caco quando lho apresentei lá em casa.
Em todo o caso, para teimoso, teimosa e meia (eu e a irmã mai'nova). Portanto lá se viu coagido, no sentido mais ternurento que a palavra possa ter, a provar o bolo do caco.
E juro-vos que foi uma cena daquelas que o dinheiro não paga. Ele repetia a cada trinca, quase a cuspir (as palavras, não o pão) "mas isto é pão! Estão a brincar comigo? Isto é pão!". Isto com os senhores que lhe venderam o dito "Bolo" a olhar (já com medo que ele os processasse, aposto, tamanha era a indignação). E ele repetia "Isto é pão!". Não é que não tivesse sido avisado.
O meu pai queria bolo. É que, à medida que os anos passam, ele tem ficado mais guloso. Ficaremos todos?
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