Tento fazer o pequeno-almoço à socapa para lho levar à cama, de surpresa. Vou virando as panquecas, tudo à pressa para ele não acordar...dou com uma cara entre a porta e a ombreira (até guinchei de susto). Mando-o recambiado para a cama, a refilar. Ele vai à casa de banho e quando volto a olhar para a porta...lá está ele outra vez!!
Espero que de facto seja a intenção a contar. Isso e as panquecas. Porque o tabuleiro entregue na cama com um acompanhamento de olhos azedos e um "estragaste tudo!" não foi bem o cenário romântico que imaginei!
Haja paciência para fazer surpresas a este homem! E para aturar o meu mau feitio, claro.
Sabem quando as pessoas, às vezes, usam a palavra "especial" para suavizar a diferença ou a deficiência? Sinto-me um bocadinho assim. Eu sou um bocadinho diferente no que toca a casamentos e podia ser considerada um peixe fora d'água no aquário deste tema. Mas a Zankyou (repetindo muitas vezes que eu era especial) pediu-me e publicou o artigo que faz hoje o destaque da página principal da Magazine. Peço-vos que leiam e opinem muito, discordem de mim, dêem a vossa visão, partilhem se acharem pertinente, que façam deste artigo um sucesso (não lhes digam que fui eu que pedi...shhh) para eles verem como a diferença - na qual eles acreditaram - resulta mesmo. E estou a rezar (uma oração ateia, mas sentida) para que as noivinhas não odeiem a minha visão pragmática da coisa e me queiram atirar o bouquet à cabeça. Peace and love, people!
[O artigo fala do momento em que a noiva atira o bouquet, na ótica de uma convidada aflita...só lendo!]
Fiz um esforço hercúleo para me manter acordada até ele chegar a casa depois do trabalho (era só à meia-noite, mas eu a partir praí das 21h já passo de Cinderela a abóbora). Conversamos de cabeça encostada nas almofadas enquanto ele me passa as mãos pelo cabelo e ele pergunta - completamente off-topic:
Ele: Quando eras pequena fazias aquilo de pôr os dentes que caíam debaixo da almofada para esperar a fada dos dentes?
Eu (sobrancelha erguida): Não me conheces já o suficiente para saber que nunca acreditei no Pai Natal e seus duendes?
Ele: Mas sabes o que é?
Eu: Claro...deixas o dente debaixo da almofada, ela troca por uma nota durante a noite.
Ele: Tem de ser dinheiro? (a olhar para a minha almofada)
Eu (já desconfiada): Tem...e uma nota das gordas.
Ele: E se for uma coisa que se compra com dinheiro?
Viro a almofada. Não deixei nenhum dente (graçádeus), mas tinha um livro.
Era menina para dormir a noite toda sem dar por nada. Não dou para princesa da ervilha, aparentemente. Mas mesmo sem ser princesa, sou uma mimada. Pela minha fada dos dentes pessoal.
Ouvi o Marco Paulo numa festa de verão. E "ouvir" é hipérbole porque entre a rouquidão e as falhas na voz do homem (os 70 não perdoam) percebe-se pouco. A minha mãe fez um excelente trabalho na minha juventude e pespegou-me à cabeça as músicas do jovem dos caracóis. Descobri que sabia trautear muitas das cantigas e a Taras e Manias em particular ainda anda colada ao meu cérebro, volvido um par de dias, e desperta de quando em vez. E meeeexe, remexe, se enrosca...
O Moço estava longe e eu, em pleno concerto, desafiei-o a ir ouvir a Taras e Manias no youtube e cantar para mim. Aparentemente fiz bem. Era uma brincadeira, mas resultou numa consciencialização muito importante da parte dele.
Se ele não me batesse, até partilhava convosco a gravação.
Pensando melhor, seriam vocês a bater-me se eu partilhasse.
Adoro puré de batata. Estava em casa da minha mãe, que ia fazer puré para o jantar. Ela não sabia de uma peça do passe vite (manual, que a vida custa). Equipas de busca foram organizadas, mas a peça permaneceu M.I.A. Acabei a comer batatas cozidas.
Ri-me como se não houvesse amanhã quando ouvi o meu pai "irritado" com a minha mãe a dizer-lhe:
- Mas tu tens de meter o fedelho em tudo?
Chego a casa e conto ao Moço. Rio-me e pergunto-lhe:
- Sabes o que é que ele queria dizer, certo?
- Sim! Meter o dedelho!
Larguei a rir outra vez. Pior a emenda que o soneto. Ou, para entrar na mesma onda...apetece-me citar aquela anedota em que uma família visita um jardim zoológico (e mata várias expressões populares de uma só tirada):
O filho mais novo diz: - Olha um 'trigue'! O irmão mais velho responde indignado: - Não é nada um 'trigue', é um 'leopoldo'! A mãe surpreendida pela inteligência comenta: - Pior a ementa que o cimento! O pai para concluir tanta inteligência: - Quem sai aos seus não é de Genebra!
Para esclarecer de uma vez por todas, a expressão correta é "meter o bedelho" e é equivalente ao "meter o nariz onde não é chamado". O bedelho é, segundo a Priberam, uma tranqueta de uma porta, ou um pequeno trunfo num jogo de cartas, ou...sinónimo de fedelho!
Portanto o meu pai usou mal a expressão, mas não deixou de ter ali uma coerência e um nível de correção quando substituiu uma palavra por outra. Também encontrei a expressão "meter o dedelho" nalguns sites brasileiros, mas nem consigo perceber se existe mesmo ou são outras pessoas a fazer um uso incorreto da expressão, por isso quem souber melhor que eu, avise.
Portanto na dúvida, não metam o bedelho, nem o fedelho, nem o dedelho...nem o nariz...no que não for assunto da vossa lavra.
Não...foi pela Magda. Até prefiro, a Alex é uma maluca. Mas agora que penso nisso, a Magda também - de uma maneira diferente, que envolve livros e cassatas. Já andava a pôr-me em bicos dos pés para ser convidada para esta rubrica há semanas e finalmente chegou a minha vez de debitar tontices! Deixo um micro-excerto e vocês vão lá ler o resto ao blog StoneArt Portugal, se querem saber as baboseiras que lhe disse (na verdade, até falei mais a sério, portanto é capaz de ser aborrecido). Pensando bem, não vão lá ler. Um bem haja a todos e uma excelente semana.