Passo a vida refilar porque o Moço vai de carro para o ginásio a dez minutos a pé da nossa casa. Não faz sentido sob nenhum ponto de vista. Não ponho uma unha no ginásio, enquanto planeio deixar que a celulite me engula até aos olhos.
Passo as noites a tossir e empilho as almofadas sob a minha cabeça numa tentativa de parar e cumprir a ordem do dentista (que pode perceber muito de dentes, mas não percebe os mistérios insondáveis da garganta e não sabe que não depende o impulso da minha vontade). O Moço chega do trabalho - trabalhou de noite - e deita-se ao meu lado. Quando desperto reparo que dorme com a cabeça caída no colchão. A almofada dele era uma das cinco que eu tinha empilhadas e ele não fez a mínima menção de ma tirar.