Não vou aconselhar nem repudiar publicamente o serviço, até porque ainda não experimentei. Verdade que o mês gratuito, mais tarde ou mais cedo, não me escapa. Sabem qual é a filosofia aqui do burgo: grátis até injeções na testa.
Queria só preparar-vos psicologicamente para o fenómeno do chat do apoio ao cliente do Netflix. Preparam-se para serem recebidos por alguém, competente sim e esclarecedor, mas que se intitula "comandante" (Comandante Ana ao seu dispôr, em que posso ajudar?) e que vai usar smiles na conversa como fazem com os vossos amigos - ou nem isso.
Não se assustem logo, relaxem e lá para o fim da conversa já vão estar habituados e responder comtá td, obg chica XD. Ou então não.
Não bebas Coca-cola que isso desequilibra-te o PH - vi num programa que assim as células envelhecem mais depressa. Não cruzes as pernas que tem efeitos ao nivel da circulação - vi num programa que aumentam o risco de varizes e mostraram uma toda rebentadinha. Devias ingerir diariamente vitamina XP76 que se obtém em sementes de sésamo que ficam à janela em noites de lua cheia, com temperaturas abaixo dos 14º - vi num programa que não o fazendo aumentamos o risco de ter um AVC.
Cala-te por favor. Vi num programa que estás quase a levar uma marretada. O que aumenta exponencialmente o risco de traumatismos.
Imagino que já conheçam a revista Inominável. Fruto da cabecinha de duas moçoilas gaiteiras (Magda Pais e Maria Alfacinha) que já sem precisarem de passatempos, ainda arranjaram mais um e meteram mais gente ao barulho - tudo bloggers de valor e convidados excelsos. Depois distrairam-se e incluiram a mim e à M.J.
Foi assim que nasceu uma revista muito compostinha, atual e rica. Com uma rubrica altamente tola, que é a nossa. O Consultório (Pouco) Sentimentalé claramento o ponto fraco deste projeto. Mas como todo o bom ser humano, sei que gostam de olhar para tragédias. Isto é sem margem para dúvidas o 11 de Setembro da revista, pelo que vos convido a ler tanto a PERGUNTA como a RESPOSTA deste consultório da nossa lavra.
E ainda vos deixo o desafio de adivinharem qual de nós (eu ou a M.J.) escreveu qual (pergunta ou resposta). Só valem respostas justificadas. Insultos permitidos. Elogios recomendados.
a) Ela estava na passadeira prestes a ser atropelada e ele diz isto num grito de pânico enquanto se lança para a empurrar.
b) Ela está prestes a saltar da varanda e ele para a salvar tem de largar, mesmo esfomeado, uma perninha de frango assado que lhe está a saber pela vida.
Passaram-se 50 anos. Tenho os cabelos brancos e a pele macia. Envergo um vestido, a minha peça favorita desde sempre. Já não me molda a cintura da mesma forma, mas a mão dele está lá a abraçar-ma. A minha cabeça esta encostada no ombro dele, onde pertence, mas não se deixem enganar: discutimos afincadamente qual o filme que vamos ver agora. Ele pergunta-me o que quero ver afinal e eu protesto porque ele me pergunta sempre e nunca decide. Não chega a se rum problema. Nunca foi. Esboço um sorriso meigo aos problemas que ficaram para trás e na altura pareciam fazer desabar o mundo. Tudo passa. Os planos que fiz desfizeram-se e deram lugar a caminhos que nunca pensei percorrer. Contei muitas histórias. Escrevi menos do que as que me passaram pela cabeça - seria um exercício impossível. Perdi pessoas que achei que iam durar para sempre. Ganhei pessoas que não sabia que ia ver chegar. O Natal está próximo e tê-las-ei todas à mesa. É Outubro e já tratei da prenda dele. Incorrigível. Não resisto a dar-lha já - que Diabo, depois compro outra. Levanto-me com alguma dificuldade, que já não vou para nova e finalmente percebo o que eram "as cruzes" da minha avó. Tiro a prenda da gaveta. Ainda me envaideço a olhar para as minha mãos finas e ágeis, mesmo que agora lhes conheça uma firmeza mais desajeitada. Passo-lhe o embrulho para a mão e ele descobre o relólógio que lhe dei - o primeiro. Um modelo quase obsoleto para a altura. Restaurado agora, ponteiros a mexer, uma inscrição "o tempo voa quando somos felizes". Levanto-me e ele pergunta-me onde vou agora que íamos começar a ver o filme. Vou só escrever um bocadinho. Vou ao blog contar a tua reação.
Abro os olhos.
A primeira incursão já está. Espero um dia regressar lá. A este mesmo futuro. Assim que for presente.
Isto é verdade? Os bolos que os noivos cortam para os convidados verem são de esferovite, com exceção para o topo?! Hein?! Não podem ser todos, que eu acho que já vi alguns serem todos cortados à minha frente. Ou são truques de ilusionismo?! Vejam lá que começar um casamento a enganar pessoas é uma péssima premissa para um sagrado matrimónio. Digam-me tudo que prometo ser forte.
Eu sei que devia trincar a língua por dizer isto, que são os transportes públicos que têm que melhorar e os idosos precisam de ter mobilidade na cidade, mas caramba, quem mal se aguenta de pé, também devia saber que não pode tentar a sua sorte na Carris.
Uma senhora de idade entra no autocarro e dirige-se a um lugar vago. Nisto, o motorista arranca (porque não pode esperar até Novembro) e ela quase vai de boca ao chão. Uma mulher solícita (vamos chamar-lhe Zulmira) que ia a passar ouve os gritos estridentes da velhota ("AGARRE-ME QUE EU VOU PARTIR O BRAÇOOO, AI, AI, AI, AI") segurou-a e ajudou-a a sentar-se no banco, direitinha e bem segura. Não saiu de perto dela enquanto não estava instalada.
A senhora sentou-se e começou num pranto. Ai que já ia partindo o braço outra vez. E que o motorista era um animal. Que nunca ninguém a ia calar. E que foi Deus que a salvou.Foi Deus, foi Deus, chorava ela em lágrimas secas tão fiteiras que eu sentia a fita a dois metros que estava dela. Um grito pela atenção que precisa, juro que percebo, mas quanto mais ela falava e disparava em todas as direções, mais eu perdia a pena. Foi Deus, Deus não me abandona, continuava ela.
Foi Deus? Ora porra, foi a Zulmira, que eu bem vi. Só que a senhora, no meio de tanto berro, lágrima de crocodilo e protesto (entretanto já berrava contra os políticos) só se esqueceu de berrar um "obrigada" à Zulmira. Logo uma senhora tão apoquentada com a falta de educação do motorista.
Terminada a época oficial de casamentos, façamos o balanço do tipo de evento em 2015:
1. As amigas vão afastar-se do bouquet atirado como o Diabo se afasta da cruz e este vai acabar por cair no chão aos pés de todas enquanto continuam a recuar de fininho. Inclusivamente aquelas que amavam que aquilo lhes tivesse calhado em sorte para chamar a atenção - podem fazer isso depois com danças tresloucadas ao som de músicas das Doce.
2. Ninguém vai usar o brinde dos noivos. Mesmo que seja incrivelmente útil, ninguém quer usar uma bolsa de telemóvel a dizer Joana&Horácio no meio de um coração.
3. Vai haver convidadas vestidas de igual porque não sabem que não devem ir à Zara de véspera comprar o outfit ou esse risco sobe exponencialmente.
4. Metade dos convidados não vai comer bolo porque está numa dieta sem hidratos e/ou açucares. Muitos dos que comem deixam o carro e voltam para casa a fazer running (ou como diziam há um par de anos: a correr).
5. O animador que passava Apita ao Comboio e fazia palhaçadas para entreter todos foi substituído por um DJ que passe uma mistura de sons cool e kizomba, com a parte de comédia a ser assegurada pelos amigos dos noivos mandatados através de um acordo silencioso mas palpável que os obriga a tudo desde foto-montagens a danças coordenadas.
6. A despedida de solteira/o envolveu uma ida à praia (nalgum ponto ou na sua totalidade). No caso das mulheres, são obrigatórios a) outfits coordenados que incluam a cor rosa ou b) coroas de flores.
É Outubro e já comprei a primeira prenda de Natal. E estão com uma sorte dos diabos que foi só uma. É bom mês para mandar vir coisas em bom&barato, online e a tempo do Natal.