Quando eu digo que adormeço em qualquer circunstância e as pessoas não acreditam.
Adormeci a ver Mad Max. No cinema.
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Adormeci a ver Mad Max. No cinema.
No princípio Deus criou a cama e os lençóis. Depois, vendo as mulheres tremer nas estações frias, disse "haja flanela!" e houve calor. Declarou depois: "façam-se os lençóis polares para delícias delas e desgraça suada deles". Ao sétimo dias criou os lencóis térmicos extra-polares que até têm pelinho e parecem cobertores. E estava criado o divórcio.
Portanto antes de assumirem que aquela pessoa é uma sortuda, a quem os astros abençoam sem ela ter de fazer nada, que para ela tudo é fácil, porque tem isto e aquilo e sai com o outro e sorri sempre...lembrem-se que só vêem o que os outros vos deixam ver.
Mas é sobre palavras e uma tal de Maria delas. E portanto de vez em quando vai por cá aparecendo uma opinião, uma citação, reflexões minhas, o que me vai apetecendo partilhar. Sempre gostei de ler, sem pressas, sem estilos definidos, e tenho a certeza que isso contribui para a minha escrita (que alguns apreciam, mesmo com os meus problemas nas vírgulas), para o meu discurso fluente (tem dias) e para a minha capacidade de raciocínio (se esquecermos os meus tiros tão ao lado, que vão parar a Espanha).
Nas fases em que ando mais leitora - que sim, isto tem fases - não tenho necessidade de comprar livros. Tenho muitos que me vão oferecendo, que eu vou comprando que me emprestam e me recheiam as estantes sobrecarregadas. Mas nas fases em que ando mais leitora, também ando sempre à descoberta e surgem novos apetites, alguns ficam a breve trecho disponíveis para degustação na prateleira (viva os livros em segunda mão!). E como se isso não bastasse, meti-me na aventura do Livro Secreto, que a M.J. organizou. E portanto além da minha fila de livros que nunca se esgota, porque nunca pára de crescer (nada a cair nos números da louca Magda Pais) agora tenho um livro por mês, a rodar nas minhas e das minhas mãos para outrem.
Causa-me transtornos de saúde, pois causa, não saber o que me calha a seguir - neste momento estou à espera do segundo e dão-me tremeliques de meia-noite com a curiosidade. O primeiro...como explicar? Não poderia ter sido melhor.
A Tragédia da Rua das Flores, precede os Maias. É uma espécie d'Os Maias, mais curto, mais conciso, mas com os mesmos traços de depravação familiar, a mesma crítica dos costumes, o mesmo gozo da fatalidade e aquelas figuras de estilo, expressão inconfundível da escrita de Eça, que me fazem revirar os olhos e pensar para mim: quem me dera escrever com um centésimo deste magnetismo.
O livro velho, que acabei a ter de remendar com fita-cola, fez parte das melhores coisas deste virar de ano - e, caramba, se está a ser um ano cheio de tudo e tanto!
Deu-me um desejo repentino de ténis brancos tipo todos direitinhos, daqueles que me faziam escarnecer das pessoas que os levam nos pés. Tanto que nem os sabia pesquisar no Google porque aquilo lá deverá ter um nome ou marca específica (e um preço ainda mais específico, apesar de parecerem comprados no chinês - nada contra).
Não sei...olhei para os meus pézinhos, depois por mim acima, pisquei-me o olho e pensei: que gira que ficavas agora com umas daquelas coisas que fazem os pés paracerem cascos de cavalo brancos. Eu nem sequer uso ténis. Juro. Tenho um par que o Moço me ofereceu à força de me querer provar que são confortáveis - não são - usei-os duas vezes nos últimos três anos, talvez.
Hoje abri o Moda de Cor e estavam lá. Pesquisei pela imagem. Descobri que são isto os Stan Smith da Adidas, e eu que jurava a pés juntos (pés calçados com botins) que Stan Smith era uma marca de jóias. Depois procurei pelo preço, percebi que sim, que era marca de jóias (quando é que se tornou aceitável um par de sapatilhas custar isto?), esqueci o assunto. Desculpem o termo sapatilhas, às vezes ainda me escorrega o vernáculo da terra. Passou o entusiasmo, como um arrepio. Talvez seja melhor assim para todos.
Mas não posso deixar de pensar se será doença, primeiros sintomas. Estarei a ficar com fashion bloguite crónica?
Preguiça (e frio) de marchar para o banho. Vontade de ficar no banho para sempre.
Se não encontro o Wally e todas as outras personagens no espaço dois minutos e meio a olhar para a página...assumo que foram os autores que se esqueceram de os pôr e passo à próxima.
[Sim, tenho livros do Wally. Sim, são recentes. Não me chateiem, é um belo passatempo.]
Dizem-me que se morrer um dos pais são cinco dias de licença e para "familiares de segundo grau" são dois.
Na lei não está previsto que o avô seja em boa verdade o que se pode chamar de pai ou que a tia tenha criado como mãe. Que os pais tenham tido o papel de dois primos afastados. Ou, ao contrário, que cinco dias não cheguem nem para atar as primeiras pontas de dor, quanto mais a logística dos dias que não param.
A lei deixa-me parar cinco dias por morte de um sogro, mas manda-me enxugar as lágrimas num par de dias se ficar sem irmã. A lei diz que morrer um filho ou uma nora é igual. Diz-me que se morrer um tio ou um sobrinho não preciso de dia nenhum para me refazer do choque. A lei é cega a afetos. Divide o primeiro grau do segundo com a lucidez de uma equação e diz-me que "se x maior que y" o resultado é nulo.
A lei não pode saber se o meu luto se faz de um preto sossegado e inerte, ou se preciso fingir depressa que não se passou nada e voltar à cadência normal dos dias.
A lei generaliza porque tem de generalizar. A nós morrem-nos anos que temos de curar em horas contadas.
Já que fui falar do Star Wars, mantenhamos a tematica. Não sei se posso dizer que estes são os meus favoritos (como fazer tal escolha?), mas são cinco filmes fantásticos, relativamente recentes, que me supreenderam pela positiva e que - apesar de já ter mencionado um ou outro - não queria deixar de fora da minha rubrica de recomendações. Cinco filmes que não esgotaram bilheteiras, mas me tiraram o fôlego, cada um há sua maneira. Cinco filmes que recomendo a toda a gente, mesmo que não vivam sob o cliché dos clássicos oscarados que são "obrigatórios". Cinco filmes de géneros diferentes, vistos em alturas distintas e que têm apenas uma coisa em comum: não esperava nada deles quando comecei a vê-los. Não é esse, afinal, o segredo?
Eu dizer que o livro Os Maias foi escrito pelo Fernando Pessoa...dedos nos olhos para mim. E não se bebe mais nada hoje.
[*Sim, sei que ainda mal começou.]
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