São 200 experiências: 50 hóteis, 50 restaurantes, 50 aventuras e 50 spa's a metade do preço, tudo no mesmo pack, que podem consultar aqui. Se, mas só se, houver um número aceitável de explicitamente interessados, sai passatempo a breve trecho.
#hot or #not?
[*Sim, conheci quem achasse que era esta a expressão.]
Escrevo a resposta direta e embrutecida, do peito para a ponta dos dedos sem filtro, no email, na janela de facebook, na resposta ao comentário. Dou-me dois segundos para pensar se vale a pena. "Maria, não te metas nisso". Delete. Há pessoas, há momentos, há discussões que não valem a pena. Siga a dança.
Desde que comecei esta missão de querer beber mais água diariamente, tenho bebido cerca de duas gotas mais do que antes (ainda muito longe do litro, quanto mais do litro e meio). No entanto, já passei a caminhar mais 46575 vezes por hora para a casa-de-banho...Não creio que isto compense. Os sapatos ainda são mais caros que a água...
Ia no metro, em pé, à falta de lugar para me sentar, quando vagam dois. Olho em volta à procura de pessoas debilitadas, não encontro, alapo-me ao assento.
À minha frente alapa-se outra senhora - e, agora que penso nisso, tinha olhar de briga quando cruzei o meu com o dela da primeira vez.
Umas estações à frente noto que ela está a dar o lugar a uma senhora grávida que não sei ao certo quando entrou, mas parece que estava ao lado dela. Sei disso porque logo a seguir a dar-lhe o lugar a senhora começa numa ladaínha para a grávida:
- Pois, as pessoas que estão de frente, fingem que não vêem.
Eu levanto os olhos do meu livro e junto as sobrancelhas para a exclamação da senhora, mas ela já não cruza o olhar comigo. Mas repete:
- As pessoas que estão de frente fingem que não vêem.
Pois era para mim, quem estava de frente. Quem me conhece sabe que eu quando estou comigo nem num pote de ouro com pernas que me passe ao lado reparo. Se não dei o lugar à senhora grávida é porque de facto não reparei. Ela estava de preto, a barriga não era assim tão grande, a mim passou-me despercebida. E sei que ela não estava lá quando me sentei. Mas uma palavra bastaria para me levantar antes da última sílaba. E digo isto, sabendo de antemão o risco de se oferecer o lugar a uma pretensa grávida que afinal pode ser só uma mulher de perímetro abdominal alargado.
A senhora repete ainda uma terceira vez, como numa confidência com a grávida que diz "nós, boas pessoas, sabemos o que isto é".
A minha estação está a chegar e eu levanto-me e digo com palavras muito compassadas para a senhora:
- Não diga isso. A senhora não sabe se eu tinha visto ou não. Acontece que não, ou ter-lhe ia dado o lugar, obviamente.
Apeteceu-me acrescentar que a perjúria também é pecado, até estou a ler um livro sobre as aparições, apraz-me falar em versículos. Mas a minha voz educada e baixa, talvez a palavra "ter-lhe-ia" deixou a senhora desorientada. Reconheci-lhe a espécie. Está habituada a murmurar para o ar sem que ninguém lhe responda. Ou tavez esperasse que lhe respondessem a gritar, com ofensas irracionais, como o marido lhe faz em casa. O olhar dela perdeu-se no teto da carruagem e uma terceira vez:
- As pessoas que estão de frente fingem que não vêem.
Não vale a pena. Ela acha que fez uma boa ação. Eu sei que ela a seguir a apagou. Podia ter ficado com ela, mas sentiu necessidade de destilar veneno - acho que numa especie de "que raio, porque tive de ser eu a dar o lugar?". Acho que a grávida, que nunca por um segundo azedou a expressão, habituada a que finjam que não a vêem, acredito, preferia ter ficado em pé que a ouvir a senhora com a sua aura feia tão perto do fruto do seu ventre.
No fim do dia foi ela quem deu o lugar à grávida e fui eu que mantive a consciência tranquila. Digam-me vocês se não devia.