Depois mudou-se o casal novo para cá. E apesar da minha simpatia atrapalhada continuei a ser uma vizinha silenciosa. Já eles fazem sessões de música dos anos 80 (pensem em Doce e coisas desse géneros, nada de muito glamouroso) a altos berros às tardes dos fins-de-semana. E eu que não me lembro da última vez que dormi uma sesta ao Sábado (sem que estivesse doente), dou por mim a querer ter a opção de o fazer sem música dos Modern Talking a embalar-me - tão perto que quase sinto os cabelos dos tipos a fazerem-me cócegas nas orelhas...é o karma, não é?
[E a porra da música que agora não me sai da cabeça?]
Tenho uma amiga que pensou ver alguém na sua varanda e se assustou e afinal era só o vento a dar na camisa que tinha estendido há 5 minutos. Mas foi ela, essa minha amiga, não fui eu.
Se antes as pessoas eram finalistas quando acabavam a licenciatura, hoje em dia são finalistas também os adolescentes no secundário, ou no 2º ciclo, as crianças na primária, os bebés na creche. Enfim, o difícil passou mesmo a ser não finalizar e fugir às cerimónias da cartola.
Próximo passo: cada vez que uma criança termina a sopa vai receber um diploma e um chapéu azul, na sua qualidade de grande finalista dos vegetais. Ou vai um miúdo de bicicleta de uma ponta à outra da rua e assim que chega já está lá um senhor a pedir discurso ao finalista da etapa sem rodinhas 2015/16. Ou termina uma sesta e acorda logo envolvida em fitas com dedicatórias por parte dos familiares.
Estava aqui a pensar...As pessoas puseram-se do lado da Charlie Hebdo (que fazia humor negro, racista e religioso e o diabo a quatro) porque explodiu...Será que se o Sinel de Cordes explodisse também passavam a advogar a liberdade do humor dele?
(o único sentimento mais forte dos tugas do que o ódio pelo humor é a paixão pelos coitadinhos...)
[Para qualquer comentário que se assemelhe com "ele nem tem piada", "o humor tem limites" ou "espero que ele morra" vide resposta aqui.]
Ainda não me tinha apresentado bem ao senhorio, não em todo o meu esplendor. Normalmente deixo que seja o Moço a falar com ele porque o homem é muito picuinhas para o meu estilo e o Moço tem mais 3kg de paciência que eu - e eu até gosto de morar aqui.
Mas na passada semana estava a acabar de fazer a sopa, num fim de tarde quente e descontraído, quando tocaram à campainha. O Moço não estava. Fui à porta, até estava descalça (adoro andar descalça), e era o dito senhorio. Vinha avisar do barulho das obras no dia seguinte, desculpar-se do incómodo, e estava mais sorridente do que é costume. Estranhei tudo: a atenção que estava a ter com os vizinhos e o sorriso - alguma vez o teria visto sorrir?
Ele disse o que tinha a dizer, despedi-me, fechei a porta e a seguir vou lavar as mãos à casa de banho. Olho para o meu reflexo no espelho. Renda de soutien colorida a saltar fora do top.
(Com isto já foram dois tipos de renda para ele, este mês...)
Vamos fazer ao contrário desta vez? Vocês vão ver primeiro, dizem-me o que acham e depois eu vou ver também. É verdade, ainda não assisti à nova peça da Byfurcação, O Principezinho, no Museu Nacional de História Natural e da Ciência, mas que isso não me impeça, a mim e à minha companhia de teatro favorita, de vos fazer um convite. Participem até 22 de Junho e ganhem um bilhete duplo para a sessão de 26 de Junho às 11h30, da seguinte forma:
Atenção: participem apenas se puderem assistir à peça no Domingo 26 de Junho às 11h30.
O vencedor será escolhido aleatóriamente pelo Random.org e contactarei o vencedor para o email deixado a 23 de Junho e o seu nome será publicado no Facebook e neste post. Têm de me responder no próprio dia para comunicar os dados do vencedor à companhia de teatro.
O PRINCIPEZINHO | No Museu Nacional de História Natural e da Ciência
todos os sábados às 16h00 e domingos às 11h30 até 16 de Outubro. | reservas@byfurcacao.pt ou 93 810 96 44
O 13 de Junho já passou mas durante o mês todo há arraiais e juntei um cestinho de coisas necessárias para ir aos Santos, com base na minha experiência deste ano e dos anteriores:
1. Botins (biqueira de aço opcional)
O tempo até pode convidar à chinelinha e a calçada irregular até pode convidar ao ténis, mas não se deixem enganar. Vão ser todos pisoteadinhos e vão-vos entornar cerveja em cima.
2. Spray Pimenta
Essencial quando a música toca e alguém perto de nós quer começa a tentar dançar o esquema. Spray pimenta no focinho antes que o movimento pegue e tenham um arraial inteiro a repetir esse ritual satânico.
3. Voucher para terapia
Perdoem-me mas é impossível não querer cheirar diretamente o manjerico, qual pôr aroma para a mãozinha? Claro que depois toda a gente à tua volta te acusa de seres uma assassina de manjericos. Traumático. Terapia.
4. Sandes mista
Quanto mais agitada à noite e badalado o local, mais cara e crua é a sardinha. Também já apanhei bifanas gordurosas, farturas moles e algodão doce que já sai da máquina a derreter mais que as caras naquele filme do Indiana Jones. Na dúvida, deve sair-se de casa de barriga cheia e levar bucha para o caso da fome bater mais tarde.
5. Febreze
A sardinha até pode sair crua mas o cheiro da sardinha assada está por todo lado. Não sei se isto ainda se vende cá mas lembro-me que era um produto inodoro que tirava qualquer tipo de cheiros de todo o lado, é só borrifar. Se encontrarem, levem recargas. Senão estão a comer sardinha desde que chegam até chegarem a casa. Sem espinhas.
(sim, sempre os dois, a toda a gente) excedem-se tanto nos desejos de "saúdinha" quando as pessoas vão a sair já aviadas, são mesmo tão enérgicos e insistentes neste voto de saúde, que só me ocorre que estejam a ser irónicos porque sabem das porcarias que estão embutidas na carne que levamos.
"Adeus, saúde *cof-cof-ai-se-soubesses-as-hormonas-que-aí-levas-cof* muita saúdinha e boa tarde com muita *ahahahahahah (risada maléfica interior)* saúde!"
Convenci-o mesmo com todo o meu discurso ecológico, juntei que era mais económico (apesar de já não ser propriamente barato) do que pagar estacionamento ao pé do Chiado e como machadada final lembrei-o que quando estamos fora nunca se coíbe de andar de transportes públicos, por isso se calhar também devia dar uma oportunidade aos da cidade dele.