Maria das Palavras

Se não tens nada para dizer, ouve.

Como vos disse alinhei numa iniciativa para fazer 24 posts em 24 horas (ontem). Faço pelo menos um post por dia há dois anos, sem sacrifício e quando estou fora agendo vários dias para que não fique em branco, pelo que não achei que fosse ser difícil: achei que fosse ser desafiante e entusiasmante. No entanto, ali por volta do sexto post comecei a fazer frete, confesso. Ou a pensar que aquilo que escrevia não era relevante, estava ali de pára-quedas, relembrando a filosofia que o meu pai me repetia sempre e que está bem escarrapachada no título. Nem tinha chegado a noite que me ia matar certamente e eu já estava entediada com o exercício: não escrevo para viver, escrevo por gosto. Por isso não preciso de tornar a escrita em qualquer coisa que não me dê prazer. Assim, fechei o exercício, sem mágoa nem arrependimento. Desistir faz parte do meu dicionário. Se não tivesse sempre a carga negativa que lhe dão, veriam como às vezes a palavra traduz uma coisa boa e corajosa.

Ficou, no entanto, um bichinho de partilhar mais coisas, mais vezes. Aqueles pensamentos parvos que às vezes reprimo (no blog) por não achar importantes, às vezes podiam ser um post. Não um post trabalhado e cheio de comentários. Mas mais um daqueles textos curtinhos que dá um bocadinho de mim. E só por isso, por ter descoberto até onde vou com gosto e depois os meus limites, este desafio valeu a pena. Obrigado por terem acompanhado (que eu bem vi as estatísticas - eu fartei-me, mas muitos de vocês, não).

A minha primeira vez.

Aos 30 anos. 

A ouvir as primeiras chuvas de Outono, na penumbra de uma persiana corrida, olho para o meu lado. 
Está lá.
Esteve sempre lá.

Não acreditava que ainda estivesse. Que em Outubro de 2016 ainda fosse presença constante na minha vida. Não acreditava que pela primeira vez eu pudesse ser assim: inevitavel e irresisitivelmente fiel. 

Tenho 30 anos. Estamos em Outubro. E pela primeira vez na minha vida mantenho a minha agenda atualizada até ao dia de hoje e sei que não vou largar. Nunca na minha vida uma agenda tinha passado de...Março?...O segredo é que pela primeira vez a agenda foi feita para mim. É bonita, sim, mas agendas bonitas há muitas. Até há aí umas das moda que não sei como as pessoas não trocam sem querer porque toda a gente tem a mesma (acho que sabemos do que estou a falar). Esta é diferente. Aliás, não se vendem duas iguais...É prática porque fui eu que escolhi como a queria. E assim nunca a larguei.

Querem saber qual é?
E ter uma?

Dois dedos de conversa #58

Conversa entre a minha avó, que trazia um fio com um crucufixo ao pescoço, e uma das suas netas (cuja identidade permanecerá anónima):

Neta: Olha, tens aí Jesus ao pescoço.

Avó: Não é Jesus que se diz. É o senhor!

Neta: Ó 'vó, os senhores andam de fato e gravata, esse está nu...

Avó: Vá, respeitinho.

Neta: Deixa lá 'vó, eu não acredito nessas coisas.

Avó (a levar as mãos ao peito): Ai, a minha neta é jeová!

O Walking Dead de ontem foi meio Kill Bill, certo?