Estou de volta. O tempo de passeio acabou e definitivamente o descanso também: agora há uma casa cheia de caixas com milhares de coisinhas para por no sítio. Já que ouço falar da simpatia das gentes do norte (e comprovo)...há voluntários para ajudar? Não?...
Não ponho as leituras de blogs em dia há tanto tempo que apreciava que me viessem aqui fazer um pequeno resumo do que se anda a passar no vosso (se o têm). Dá para ser ou estou demasiado exigente?
Apesar de não me ter esforçado muito para fazer alternativas saudáveis dos pratos gulosos para mim, tenho quase um mestrado no assunto! É que, como já vos disse, o Moço é #teamsaude e eu estou sempre à caça de coisas novas para ele manjar. A mais recente que correu bem foi o empadão de bacalhau com couve-flor, mas os canelonis de alho francês ou o crumble de peru adaptado, também não ficam nada mal cotados. Não as partilho sempre, mas já que vos interessa o tema, recordo algumas das receitas que já publiquei, na rubrica Receitas em Poucas Letras e que são mais para o lado da saúde:
[A foto tirei-a na linha de comboio desativada da minha nova terra. Não podia ser mais cliché, nem menos prevista. Se naquela meia-noite em que nunca como passas me tivessem dito que poucas semanas depois estaria a morar a 300 quilómetros dali rir-me-ia como se tivesse bebido demasiado champanhe. E afinal era eu que – uma e outra vez – não sabia nada da vida. E andava a fazer e a assumir planos como se pudesse saber. A única coisa que podemos definir quanto ao nosso caminho é como vamos querer pisar as mudanças que surjam nele. Porque dizer qual será está fora do nosso alcance.]
Já sei que o anúncio é precipitado e a conclusão também. Em todo o caso os passarinhos a cantar, dizem as boas línguas, propiciam os momentos cor-de-rosa. Se for o caso, façam favor e peguem nos conselhos que Maria vos dá, do alto da sua (pouca) experiência:
Mas vamos lá ver...é praticamente daqui a uma semana! Já alguém devia ter pensado nisso. Não quer dizer que eu precise de prendas. Odeio materialismo. A não ser que venha na forma de algumas destas coisinhas que reuni perfeitamente ao acaso (quase sem olhar). Só mesmo aquele kit de necessidades básicas: livro, roupinha, acessórios, SAPATOS. Sabem há quanto tempo não compro umas sabrininhas? Para cima de muito. E a ideia era continuar a não comprar. Mas, sei lá, alguém podia comprar para por mim. Se o Moço e as pessoas que lhe perguntam o que me hão-de oferecer alguém gostar dessa lista, não se coíba de utilizá-la! Sei lá, pode ser que haja por aí mais aniversários pendentes. É só clicar nas imagens para ver loja, preços e essas minudências...
Na primeira semana e meia que passei a norte, longe da casa que ainda sentia como minha, não tive saudades. Os dias pegaram-se todos como se fossem um só. Correram. Não senti falta do Moço, da casa, das coisas, das pessoas, que continuavam sempre lá, eu sabia. Não pensei nisso, estava tudo "longa da vista, longe do coração". Estava bem, ocupada, em adaptação.
Depois cheguei. Cheguei a Lisboa. À minha (sempre) Lisboa. Vi um amigo, vi o Moço, entrei na nossa casa. Olhei-me no espelho da casa-de-banho onde nunca mais porei batom. Senti as saudades todas juntas, acumuladas, fortes. Queria agarrar tudo e não me despedir. Houvesse tempo, talvez chorasse, mas nunca há tempo. Só os dias que se seguem.
Gostei de ti igual todos os dias. Pintei os lábios para ti todos os dias. Fiz-te rir todos os dias. Fui contigo a todo lado. E mesmo assim foste embora.
Li um livro de cada vez que mo aconselhaste. Vi contigo as séries classificadas acima de 8 no IMDB. Apreciei os álbuns antigos do teu pai. Não pus um cobertor a mais na cama porque tens sempre muito calor. Cozinhei os teus pratos favoritos e provei os que cozinhaste tu, com um sorriso, mesmo quando ficavam salgados. E mesmo assim foste embora.
Fomos amantes. Amigos. Companheiros. Família. E mesmo assim foste embora.
Nada mudou e, no entanto, algo mudou. Tu sabias e não me disseste. Continuaste a conversar comigo com a mesma cadência sobre as coisas corriqueiras. Continuaste a fazer-me rir. A ter-me por companhia para ver o filme do momento. A querer-me na tua cama. Até ao dia em que, mesmo assim, foste embora.
Se eu não tivesse gostado tanto de ti, pintado os lábios para ti, rido contigo, passeado contigo, lido o que tu aconselhaste, visto as mesmas séries, ouvido os mesmos álbuns, se tivesse acrescentado o cobertor na cama, se não tivesse partilhado a cozinha contigo, sido tua amante, amiga, companheira, mulher...tinhas ido embora na mesma.
Porque o problema não estava em mim, estava em nós. O Rui Veloso estava enganado. Um dia serás feliz com alguém que nem sequer oiça a mesma canção. O Rui Veloso estava enganado. E eu vou pintar os lábios para outra pessoa: para mim.