Primeiro passou a fazer suspense e de cada vez que me ligam tenho de esperar dez segundos para que o ecrã me mostre de quem é a chamada. Agora deixou de ler o cartão SD mas não sem antes fazer um número circense de ligar o ecrã de 30 em 30 segundos com uma mensagem de erro de configuração (que nunca durava mais de um milissegundo para eu não a conseguir perceber) e me esvaía a bateria numa questão de horas. Está praticamente a soro. Ligado às máquinas. E eu sem vontade nenhuma de o trocar. Ainda por cima tirei-lhe a capa, como quem rasga a camisa a um doente para ele respirar melhor, e lembrei-me que é branquinho e bonito. Creio que me está a pedir a eutanásia (eu sou pouco in, mas o telemóvel acompanha as tendências), mas eu estou em negação, a ser egoísta e não me quero despedir.
Num momento de loucura, como uma mulher traidora, fui ver outros. Mas nem estou com vontade de escolher, tal é a pouca vontade de fazer a troca (ou o investimento). Não quero iPhones que nao sou de iCoisas e não tenho iFundos para isso. Algum conselho para bom desempenho com preço aceitável? Conhecem os modelos ou marcas abaixo (que não são das upa upa)? Alguém tem, alguém recomenda?
Está naquela época do ano em que os estudantes, felizes porque o curso está a acabar (tementes porque a vida real está a começar) distribuem fitas uns aos outros e por familiares e amigos - para terror dos mesmos. É especialmente grave quando tens 50 fitas por preencher de uma forma que se espera original, pouco tempo e nenhum jeito para desenhar e despachar logo meia fita com uma Hello Kitty - been there, done that.
Portanto as minhas sugestões são: comprem um carimbo a dizer "Felicidades aqui da Maria" e despachem tudo em cinco minutos OU leiam lá o que aconselhei à boa da S., que estava precisamente com este problema.
"Para cada fita/pessoa lembra-te de um episódio em particular. Há-se de ser mais corriqueiro se é uma pessoa menos chegada, mas pode ser aquela vez que se perderam na cidade, aquela noitada a acabar um trabalho, aquela vez que ele nunca te devolveu a caneta...detalhes. Pegas nisso, descreves e juntas uma mensagem daquelas fofinho-coisas que se aplique."
Vamos a exemplos?
Pessoa para quem escrevo a fita: Amiga com quem uma vez fui ao Zoo e ela teve medo de entrar no reptilário, mas fomos na mesma. Mensagem na fita: Minha querida [nome da amiga], lembras-te daquela nossa ida ao Zoo quando devíamos ter estado a estudar? Eu lembro-me bem e tenho saudades dessas nossas tarde que espero que ainda se repitam no futuro. O que te queria dizer era que dessa vez quase não fomos ao reptilário porque só da menção à palavra cobras ficavas a tremer. Mas à ultima hora fechaste os olhos, creio que prendeste a respiração e seguiste atrás de mim. Queria dizer-te que não percas essa coragem. Precisaste dela para concluir a etapa que agora termina e voltarás a precisar
É um truque maneirinho (uma técnica que é geral, mas resulta numa mensagem personalizada). Sou uma Maria cheia de truques, é o que é. Com a mania que sou esperta - e ainda por cima - engraçada. Se ainda não conhecem o blog comecem aqui pela apresentação e vão lendo as minhas últimas tolices e dicas.
Um bem-haja a todos. E boa sorte a quem há-de ver as fitas abençoadas este ano. Tentem apanhar água benta também no cocuruto da cabeça que vão precisar. Mas com um bocadinho de sorte e muito talento (e seguindo aquele ditado do "quando rezares mexe os pés") tudo se faz.
Há um tal de ensinamento passado de geração em geração para os casais em início de vida comum: nunca adormecerem zangados e mesmo que haja briga de meia-noite pelo meio não adormecer sem um miminho final.
Há quem lhe chame um bom conselho, eu chamo-lhe um programa de incentivo ao cinismo (ou não fosse eu do contra). Qualquer beijo que não seja resultado direto do carinho que nos transborda naquele momento exacto pela pele é um beijo vazio. Beijos por obrigação, por hábito ou porque assim é que deve ser, são beijos que ofendem o amor que tantas vezes transportam. Mimos contra-vontade que desvalorizam todos os tantos momentos em que são cheios de calor. É como quem diz que ama vinte e quatro vezes ao dia: vulgariza a palavra e o sentimento. Tornam um "amo-te" num "bom dia" rotineiro - deixa de ser especial proferi-lo, passa antes a ser mau sinal a sua falta. Assim se transforma um mais em menos.
Às vezes adormeço chateada porque assim é a vida. Porque não há botão de pause&play para qualquer coisa que dói. Ou porque o "desculpa" ainda não está na ponta da língua. Porque tudo passa (aquela zanga também) mas não tem de ser naquele momento, porque a sabedoria popular quer.
Gosto muito de ir ao teatro, apesar de não ir com muita frequência. É caro, é verdade, e já apanhei umas secas monumentais, pelo que tento investir com cuidado nesta fatia de cultura.
E se eu vos disser que pela módica quantia de 10€ podem ver a melhor peça de teatro de sempre? Cujo nome comprido não deixa adivinhar como é um espetáculo cómico, divertido, de improviso, enquanto conta a história de 37 obras de um dos escritores mais famosos do mundo? Falo d'As Obras Completas de Shakeaspere em 97 Minutos.
A primeira vez que vi foi no auditório da minha faculdade há para aí dez anos atrás (OH MEU DEUS estou tão velha) e ainda me lembro de como eles pegaram num dos professores mais respeitados lá da escola para brincar ao longo da peça. Para eles era "o velho". E mesmo sabendo das temíveis consequências que gozar com ele podiam trazer, não conseguimos segurar as gargalhadas.
Se para vocês não chega eu dizer que esta foi a peça de teatro que mais gostei ao longo de toda a minha vida (e vou rever no Domingo), espantem-se com os números que falam por si: está em cena desde 1996 e já teve mais de 300 mil espetadores! Primeiro no Teatro Mário Viegas, depois a percorrer o país e agora, de vez em quando, em períodos curtos num palco. Desta vez está no Tivoli, em Lisboa, até dia 15 de Fevereiro.
Um dia vou cruzar-me com ele. Ou ele comigo. Um dia destes vou perceber que é daquela pessoa que eu gosto. E ele de mim. Vou ser de alguém. Vou ter alguém. Vou viver aventuras, e vou comer sementes de girassol com ele no sofá a ver um episódio da nossa série favorita.
E não faz mal que ainda não tenha acontecido. Nem faz mal que pareça que nunca vai acontecer. Porque vai. E eu só tenho de estar preparada para quando esse momento chegar saber reconhecê-lo e abraçá-lo. Fazer da minha vida o melhor que posso. Trabalhar em mim. Ser uma pessoa feliz para partilhar essa felicidade.
Ele não vai estar agarrado ao passado porque vai querer concentrar-se num futuro comigo. Não vai apaixonar-se por mim depressa demais, mas no tempo certo. Não vou ter de lhe pedir o primeiro beijo, porque ele vai saber agarrar o momento. E certamente vai contar os minutos para estarmos juntos outra vez.
Dizem que o amor surge quando menos se espera. Que vem quando não estamos à procura. Eu sempre estive à espera. Sempre estive à procura. E portanto sempre me pareceu impossível não o desejar ardentemente. Sempre me pareceu adequado perguntar-me porque diabos não mereço eu também a cumplicidade total de alguém. Não sei a resposta. Mas sei que sou uma pessoa fabulosa. E forte. E sensível também. E que não vale a pena forçar nada que não deva acontecer.
Porque um dia vou conhecê-lo. E ele a mim. E não vai só reconhecer tudo o que eu sou de bom. Vai sorrir aos meus defeitos.
Vai achar que eu sou única.
E eu vou apaixonar-me completamente.
Até lá...tenho mais que fazer do que sofrer por estar sozinha.
E dizem as amigas pseudo-videntes ou familiares hiper-intometidos, muitas vezes sem que se lhes pergunte nada:
O amor vai aparecer quando menos esperares.
Se já estiveram numa estação de comboios ou numa paragem de autocarro sabem que isto não é verdade. Como o comboio ainda não chegou, nós estamos sempre à espera que ele apareça. Não ficamos na plataforma distraídas a olhar para paredes e de repente chega o comboio e nós: "ó diabo, já não estava nada a contar com isto!".
A boa notícia é que ele chega mesmo. Invariavelmente. Às vezes atrasa-se, já tem gente a lotá-lo, faz greve. Às vezes temos de fazer o sacrifício de ir a pé nesse dia, ou apanhar outro transporte que não é bem aquele para o qual compramos o passe. Mas ele chega. Prometo. Só não é quando menos esperarem, porque enquanto ele não chegar, vamos estar sempre à espera. Isso eu também sei.