Como é que uma palavra tão cheia de ritmo e de dança nas sílabas, que parece que tem toques de tambor, que abre o "a" como quem fala de sotaque brasileiro e descomprometido, e pisa passos de samba com o barulho dos saltos, traduz o mesmo que "taciturno"? Como é que há palavras que combinam tão pouco com os seus significados? Peço desculpa. Terei acordado sorumbática...é o fim da viagem que se aproxima.
Eu era pequena e dizia ao meu pai que queria escrever um livro. Tinha uma máquina de escrever velha que, no entender dele, ao ouvir as minhas ambições, não estava à altura da tarefa. Computadores nem todos tinham, ainda não era como ter uma TV em casa (normalíssimo, uma por divisão). Então, um dia, o meu pai chegou a casa com esta Olivetti da foto. Para mim. Uma máquina de escrever "automática". Funcionava ligada à corrente. Escrevia e apagava. Tinha um pequeno ecrã que contava digitalmente os caracteres. O sonho de uma jovem (tão jovem) pretensa escritora.
No outro dia, a propósito das vendas do OLX, a minha mãe foi buscar a velha máquina que tinha a tecla de espaço encravada e pousou-a na mesa da sala. A tal onde escrevi muita coisa, mas nunca um livro, a olhar-me de soslaio. E o meu pai diz isso mesmo, o que eu estava a pensar, mas em voz alta "olha, a máquina onde a minha Maria pequenina ia escrever um grande livro". Enlagrimeci.
Capacidade de estar à chuva à espera que fique verde para atravessar a passadeira, a levar continuadamente com uma nuvem de fumo a saber a castanha (tão bem) assada, com fome...e seguir caminho.
Porque me fez falta a palavra que me classificava em relação à avó dele (não é bem nora, não é bem neta). Ou já existe uma e eu é que não sei (ou não me ocorre)?
Cada vez mais me convenço que é quem menos tem que mais dá. Pois claro que há mlionários que entregam cheques chorudos para nobres causas, e não digo que tenham pouco valor (têm muito, pois a obrigação de o fazerem era nenhuma). Mas esse cheque não faz a mossa dos três euros que aquele casal com dois filhos dispensou agora para deixar um saco cheio de mercearias ao Banco Alimentar. Quem sente a falta e conta os tostões, quem vive todos os dias no limiar e já pensou que pode estar a menos de cinco passos do lado de lá, de quem tem fome em vez de telha, quem vive com pouco e sabe que nunca terá muito. Será até uma forma de egoísmo positivo - vêem-se naquele lugar onde também desejariam ser ajudados. São esses os que mais dão de si aos outros. Os que mais levemente partilham o pão na sua mesa. Alma cheia, mão vazia.
Deparei-me com um artigo interessantíssimo e de fiabilidade desconhecida (portanto a condizer com este blog) que menciona dez palavras de origem portuguesa que são usadas pelo mundo fora.
Podem ler o artigo completo aqui, mas eu resumo brevemente. São elas:
É deveras curioso que tenham sido os portugueses a originar palavras que precisavam urgentemente que fossem bem implementadas neste país (comando) ou outras que usam mais para ofender gente do que para designar aquilo lhes deu origem (cachalote). Já outras, não me espantam (fétiche) e até caracterizam bastante bem alguns espécimes tugas que conheço (banana). Qual é a vossa favorita?
Período em que os comerciantes podem oficialmente chamar bestas aos consumidores por comprarem tudo com margens de lucro avultadas durante o resto do ano.