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Maria das Palavras

A blogger menos in do pedaço, a destruir mitos urbanos desde 1986. Prazer.

06
Ago15

Diário de um Caracol - Parte 5

Maria das Palavras

Diário de um Caracol

 

28 de Julho de 2015

Querido Diário, 

andamos todos muito mais descansados. Parece que os humanos estão a abandonar o planeta. O Felismino, que lê muito, diz que andam a fugir para um planeta longíquo chamado Albufeira, por causa do clima.

Além disso estão a dedicar-se à morte de espécies maiores. Ouvimos um caso de um leão chamado Cecílio que era até do jet set dos leões e foi caçado pelos humanos. A mãe diz que normalmente estes animais com tiques de estrela morrem mais por causa das drogas (é um mundo muito feio, o da fama) e não acredita na história da caçada. Diz que foi overdose. O meu pai acha que sim, foi overdose de chumbo.

Uma ranhoca,

Martim

 

2 de Agosto de 2015

Querido Diário, 

Está tudo em êxtase na comunidade dos caracóis! A crise acabou. O planeta está oficialmente deserto de humanos. 

Uma ranhoca, 

Martim

 

3 de Agosto de 2015

Querido Diário, 

Falso alarme. Afinal estavam todos no casamento do Jorge Mendes, mas já voltaram.

Uma ranhoca, 

Martim



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15
Jul15

Diário de um caracol - Parte 4

Maria das Palavras

Diário de um Caracol - Maria das Palavras

 

8 de Julho de 2015

Querido Diário, 

desde que estamos recolhidos aqui no sotão, não tenho tido muito com que me entreter. Então decidi aderir à recente tendência das selfies, de que ouvi falar através do Felismino. Perguntei-lhe onde tinha ido buscar essa ideia e ele respondeu:  #PorAcasoFoiIdeiaMinha - é mesmo um caracol da vanguarda. Quando reunir todas vou fazerum livro.

Uma ranhoca,

Martim

 

14 de Julho de 2015

Querido Diário, 

O projeto das selfies não tem corrido muito bem. As fotos saem todas desfocadas e meio gosmentas. Acho que o principal motivo é eu não ter bracinhos e ter de agarrar a câmara com o corpo todo. A Miriam (que é a caracoleta filha da família que está cá conosco no abrigo de caracóis) diz que devia usar um selfie stick. Perguntei ao meu pai se podia ter um e ele disse que já viu humanos a comer caracóis usando o tal do selfie stick, só que em português diz-se palito. Estou meio desanimado. O que vale é que há muitos humanos a irem de férias, portanto a ameaça de sermos cozidos vivos baixou um bocado - estamos em alerta laranja mesmo assim. A minha mãe diz que é adequado porque quando os humanos vão de férias também voltam cor-de-laranja. 

Uma ranhoca, 

Martim



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07
Jul15

Diário de um Caracol - Parte 3

Maria das Palavras

Snail-inked.gif

 

26 de Junho de 2015

Querido Diário,

O Felismino trouxe-nos a nós e mais uma família para morar num sítio a que chamamos "o sotão", apesar de ser debaixo da terra. Inspirado pelo livro da tal Anne Frank, diz que aqui estamos mais seguros dos cozedores de caracóis vivos. Temos de andar ainda mais devagar para não fazermos barulho e nunca sermos apanhados, o que significa que escrevo aqui do meio da divisão - já estou a tentar encontrar-me com a minha mãe desde as 10 da noite de ontem, que tem ali qualquer coisa para nos alimentarmos, ao fundo da sala. Diz que é um "sumo verde". Que nos ajuda a racionar enquanto estamos aqui fechados e ainda por cima é bom para a saúde, diz ela, faz a gosma mais viçosa.

Uma ranhoca,

Martim

 

1 de Julho de 2015

Querido Diário,

Estou a dar em doido aqui fechado. Ainda por cima a caracoleta que é filha da outra família que veio para o sotão conosco está sempre a meter-se comigo. Cá para mim, é um bocadinho saída da casca. O clima continua a ser de muito medo e insegurança. O Felismino que de vez em quando vai lá a cima ao quintal, diz que somos cada vez menos na comunidade, mas que começa a haver uma certa esperança que à medida que diminuimos, os humanos se voltem para outras espécies e comecem a comer gafanhotos. Ele é mesmo muito informado e diz que uma vez rastejou numa página que falava sobre uns humanos do outro lado do mundo que o faziam.

Uma ranhoca, 

Martim

 

5 de Julho de 2015

Querido diário,

cometi uma loucura e fugi. Como agora estamos a habituar-nos a andar mais devagar também não fui longe. Assim que saí para a terra do quintal e mordisquei uma erva, apareceu uma criança que começou a cantar e a bater palmas para mim, numa espécie lenga-lenga satânica: Caracol, caracol, põe os corninhos ao Sol. Felizmente não me agarrou e eu voltei logo para trás. Aprendi a minha lição. A mãe diz que eu tive muita sorte em não ter sido apanhado, mas que fui vítima de bullying.

Uma ranhoca, 

Martim

 

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24
Jun15

Diário de um Caracol - Parte 2

Maria das Palavras

Snail-inked.gif

12 de Junho de 2015

 

Querido Diário, 

O primo César, a quem todos continuam a chamar Salvador - agora mais do que nunca - suicidou-se. A pressão mediática de ter participado na campanha "Gostava de ser cozido vivo" foi demais para ele. Também começaram a acusá-lo de colaboração com humanos e houve mesmo quem o ameaçasse. Estamos todos de luto: esfregámos as cascas num pedaço de carvão e assim andamos há dias. O pai e a mãe dizem que isto ainda torna a nossa situação atual pior, pois chamamos mais a atenção dos humanos que continuam aí a apanhar-nos nos terrenos. Em relação ao ano passado, a maior mudança que notamos é que agora não trazem sacos de plástico, por algum motivo. Apanham-nos só para as próprias mãos, o que torna a sua capacidade de transporte mais limitada e nos dá tempo para fugir entre uma remessa e outra. O Felismino das ervas altas jura que nunca se tinha arrastado tão depressa tal foi a iminência da sua cozedura.

 

Uma ranhoca, 

Martim

 

 

20 de Junho de 2015

 

Querido Diário, 

Depois de quase ter sido apanhado, o Felismino começou a engendrar um plano de sobrevivência para nós. Parece que conseguiu roer umas folhas de um livro com a história de uma tal Anne Frank e diz que nos vai arranjar um sítio para nos escondermos dos alemães. Sim, depois de ele ter lido o livro e ter relatado a história e a solução do alto da pedra do quintal, a maior parte de nós começou a chamar Alemães às pessoas e fala em genocídio - a professora não me quer explicar o que é, mas tenho ideia que ela não sabe, porque nunca roeu o livro que o Felismino apanhou.

 

Uma ranhoca, 

Martim

 

[Primeira parte aqui.]

 

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05
Jun15

Diário de um Caracol

Maria das Palavras

Diário de um Caracol


3 de Abril de 2015


Querido Diário, 

Sei que já não escrevo há uns tempos, mas tenho andando bastante divertido com as ervinhas frescas e fofas que começam a surgir com a Primavera. As coisas por casa andam bastante melhor. A minha mãe já me deixa sair com os meus amigos. Convenci-a que lá porque o Adérito foi pisado não podemos viver a nossa vida com medo. Afinal somos caracóis ou somos lesmas? Além disso, ele era um lento. Eu sou praticamante o Obikwelu dos caracóis (a sério! ontem fui de uma raiz à outra em apenas 5 horas!). Vem aí a época mais perigosa do ano, mas espero que ela não comece a fazer filmes.

Uma ranhoca, 

Martim

 

15 de Maio de 2015

Querido Diário, 

Já recomeçou a tormenta por aqui. Os meus amigos têm sido capturados e a caracoleta mor da aldeia deu instruções para que não saíssemos de casa durante o dia. Ainda assim alguns amigos da família têm desaparecido - parece que lhes levam a casa e tudo. Correm boatos que nos cozem vivos. Em água da torneira! O clima é de medo, muito medo. Como todos os anos, têm sido pedido voluntários, entre a população envelhecida e doente. Este ano deixamos de organizar os jogos (corridas à volta do alguidar) para recolher donativos para as famílias que perderam os seus entes queridos, devido ao flagelo das crianças que nos capturam para viver em habitáculos pequenos forrados com alface, pelo que o pessoal parece mais concentrado na dor. Porque é que ninguém faz nada para nos ajudar?!

Uma ranhoca, 

Martim

 

3 de Junho de 2015

Querido Diário, 

O primo César anda a aparecer em tudo o que é jornal! Parece que lhe tiraram uma fotografia para um grupo de humanos que nos quer defender e agora anda aí nas bocas do mundo - salvo seja (acho que o objetivo é tirar-nos das bocas do mundo). Aquilo começou muito bem, fizeram uma festa em honra dele aqui no quintal, já havia quem lhe chamasse o Salvador. Entretanto ele tem-se fechado em casa e a mãe diz que ele está a ceder à pressão. Espero que as coisas regressem ao normal em breve.

Uma ranhoca, 

Martim

 

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