Nunca meterás bedelho na sua correspondência física ou eletrónica sem autorização prévia. Abre-se exceção apenas em caso equivalente a este: ele/a desapareceu há mais de 48 horas para comprar tabaco, sem dar sinal de vida, não contactou ninguém da tua lista telefónica e deixou o telemóvel ou portátil ao pé de ti, desbloqueado, com um screensaver a dizer "Pista nº1".
Tu, mulher, não esperarás que ele perceba o segundo sentido das tuas palavras. Tu, homem, não esperarás que ela não veja múltiplos sentidos nas tuas palavras.
Não ignorarás qualquer mensagem da pessoa que gostas só porque na altura não estás com paciência para responder. Eis a única SMS que te pode fazer afastar do telemóvel em vez de pegares nele para escreveres a resposta de imediato: "Estou à tua porta só de gabardine".
Não o/a atormentarás por causa daquela peça de roupa que consideras horrível e ele/a adora usar. Primeiro exprimes o teu desagrado de forma moderada e sem usar expressões como "parece que vieste do circo" ou "quando usas isso juro que preferia andar de braço dado com um javali morto há duas semanas". Não resulta? Ouve isto: fica tudo mais fácil e na paz do senhor se fizeres assim: ofereces-lhe uma alternativa à tua escolha, suficientemente parecida com a peça horribilis para ele/a querer usar em vez da outra e, ao mesmo tempo, suficientemente distinta para que já não te sintas atrapalha/o ao lado dele/a a vestir aquilo.
A Playstation e o futebol (na TV ou jogado desajeitadamente entre amigos) não são inimigos delas, como as novelas e as idas aos saldos não são inimigos deles. São tempo para o outro fazer o que quiser. Uma espécie de 25 de Abril em forma de hobbies que não se fazem em conjunto. Gozem da liberdade. Ponham até um cravo à janela quando fazem uma destas coisas em sinal de liberdade (relativa) para o outro.
Não comprarás briga com os amigos do/a namorado/a. Enquanto não tens mais importância que eles serás tu o/a dispensado/a. Quando tiveres mais importância que eles: queres que ele/a continue a ter vida e ser a pessoa por quem te embeiçaste ou queres uma lesminha amestrada?
Eu disse que me apetecia escrever sobre o amor. E vem aí o mês propício para isso. Muito embora eu professe o meu desgosto com muito do que se idealiza no dia dos namorados, como podem relembrar aqui, acho que qualquer desculpa é boa para se celebrar algum tipo de amor. Não o farei de uma forma lamechas e adocicada, mas bem humorada (bem amorada, perdoem-me o ridículo da expressão) sob forma de uma rubrica especial deste Fevereiro de 2016, encarnando o Senhor Valentim (que diz que é santo). Fiquem atentos à publicação, todos os dias às 14h [às 14h? que óbvia, Maria: só por ser o 14 o Dia dos Namorados - pois calem-se] e até ao dia...adivinhem? 14.
Espero que aprendam e se divirtam. Mais que se divirtam - já sabem que por estas bandas aprendem pouco. Não fosse este o blog da que disse que a obra Os Maias foi escrita por Fernando Pessoa (eu sei que foi lapso de noites mal dormidas, mas não me esqueço do que fiz, tanto que agora como castigo me obriguei a ler 100 vezes o capítulo das corridas no hipódromo, que saltei da primeira vez).