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Maria das Palavras

A blogger menos in do pedaço, a destruir mitos urbanos desde 1986. Prazer.

17
Jul18

A Vitalina vai embora

Maria das Palavras

A Vitalina vai embora. Vai mudar de trabalho e de cidade. As pessoas abraçam a Vitalina, choram e gritam. Dão-lhe presentes e lágrimas. Nenhuma das pessoas que abraça a Vitalina, chora e grita pela Vitalina, oferece carinhos à Vitalina, gosta tanto como eu da Vitalina ou lhe sentirá mais a falta. 

 

Eu só sorrio para ela, encarando a mudança e a distância como um facto normal e dinâmico da vida. Parece que a cada dez anos opero uma mudança dessas e as pessoas que importam vão sempre comigo, mesmo quando não arredam pé.

 

Não choro pela Vitalina, porque vou com ela. É só isso.

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26
Jun18

Culpa

Maria das Palavras

Parece que a culpa não é só o sentimento que assola as mães e os católicos em geral. É, aliás, o maior problema que tenho desde que fiz esta mudança geográfica. A culpa de não chegar a todos a todo o momento. Ou a culpa de optar por mim, nas ocasiões em que o faço. 

 

Nos dois fins-de-semana anteriores tínhamos acorrido a duas localizações diferentes, todas a mais de 100km da nossa base, a propósito de aniversários (para estar com família, como também fazemos com regularidade, mesmo quando não há bolos com velas à mistura). Neste, não fomos a lado nenhum, mesmo tendo dois convites para aniversários de mini-pessoas que adoramos, da família e de amigos que são como família. Não fomos porque o Moço trabalhava no fim-de-semana, senão certamente a culpa se teria sobreposto à nossa necessidade de descansar, de estar em casa, de fazer nada por ninguém senão por nós. Sendo que por nós também estaríamos sempre rodeados de todas essas pessoas que fazem parte de quem somos, mas vocês entendem. 

 

Porque ele estava a trabalhar e eu decidi adiar os meus afazeres para mais logo, fui até à praia no Sábado de manhã. Estava um dia lindo em Espinho. Calor, sem pinga de vento, até a água tinha temperaturas convidativas. Pensei como seria tão bom se o Moço estivesse ali para aproveitar comigo aquele dia maravilhoso. Depois pensei melhor. Se ele não estivesse a trabalhar também eu não estaria ali. Estaríamos os dois de pé na estrada. Porque não teríamos desculpa, portanto se não fossemos haveria lugar a culpa. 


Quando não há ocasiões especiais conseguimos selecionar melhor os nossos momentos e a regularidade das nossas viagens. Mas quando as há (e são tantas vezes, em pelo menos 3 cidades distantes) não conseguimos evitar fazer o que está ao nosso alcance para não faltar. Por causa da culpa. 

 

E é só idiota da nossa parte. Nós também somos prioridade, como às vezes consigo racionalizar, mas não sempre. Tento lembrar-me: os quilómetros são iguais em percurso inverso e também não culpo quem não arranjou a disponibilidade para vir até à nova cidade a que chamamos de casa ou não pode fazer mais vezes o mesmo caminho que nós fazemos vezes sem conta de sorriso nos lábios.  

 

Mas a culpa, essa filha-da-mãe, tem-nos feito exagerar nas viagens e recusar alguma calma, bem, necessária. A culpa usa a imagem das pessoas de quem gostamos na nossa cabeça e põe-lhes uma expressão de desilusão. A culpa tem de ir para longe, por uma vez, no nosso lugar.

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18
Jan18

O norte a entrar na pessoa.

Maria das Palavras

Já sei quem é a senhora da sopa. Voltei a dizer sapatilhas, como sempre disse em Leiria, e a ter um guarda-chuva (por oposição a um chapéu de chuva). Consigo escolher os meus centros comerciais favoritos. Vou mais devagar na iminência do radar da A29. No próximo fim-de-semana vou a Marrocos. 

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31
Dez17

Relendo.

Maria das Palavras

Com bons olhos (fora a miopia) noto que, apesar de todas as saudades de pessoas e lugares  que se matam só a espaços, - estou muito mais feliz com esta mudança hoje do que estava quando ela aconteceu. Palmadinhas nas costas, Maria. É (também) por isto que escrevo. E é muito bom constatá-lo ainda antes de virar o ano.

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10
Dez17

O estranho caso do filme que começava às 21h30 e começou às 21h30.

Maria das Palavras

Multimeios de Espinho | Imagem CM Espinho

 

Nasci numa aldeia nas redondezas de Leiria. Não muito longe do centro, só o suficiente para depender do meu pai ou do autocarro para lá chegar. De forma que sempre tive em mente um micro-objetivo, uma coisa fútil, pequena, mas simbólica: morar a distância a pé de um cinema . Coisa que aconteceu assim que me mudei para Lisboa e tinha dois à disposição: o Fonte Nova* e o Colombo (ia ao cinema pelo menos duas vezes por mês).

 

Quando me mudei para Espinho fiz o mesmo. Além de querer saber se tinha a uma distância aceitável uma Brasserie de L'Entrecôte (tenho, na Foz do Porto - e é o meu restaurante favorito) quis saber se tinha um cinema na cidade. E tinha. Um filme por semana, mas chegou para me apaziguar. É aquele tipo de "sinais" que às vezes procuro, mesmo que não acredite em nada que nenhuma força maior que eu. 


Quantas vezes fui ao restaurante na Foz? Nenhuma. 

Quantas vezes tinha ido ao cinema desde que me mudei para cá, há meses? Uma e foi no Arrábida Shopping, numa tarde horrível, cheia de adolescentes barulhentos, a ver o IT, só mesmo porque estávamos completamente a ressacar de cinema e queríamos ver o filme. 


Esta terça, nem foi tarde nem cedo, foi o momento. O filme em exibição era "O Crime no Expresso do Oriente" e lá saímos para experimentar a medo, o Multiusos de Espinho. 

 

Há quanto tempo não vos acontecia irem ver um filme que começava à hora marcada? Sem trailers, nem publicidade, nem o diabo a quatro. Aconteceu-nos no Multiusos. E eu que já estava louca com o tamanho do ecrã (enorme), a pouca companhia na sala e o cartãozinho de 10º bilhete grátis que nos deram na bilheteira, parecia louquinha com um sorriso de orelha a orelha. 

 

Por estas bandas, acabou-se a fome de cinema. Vai voltar à rotina. 

 

Multiusos, me aguarde, que eu vou lhe usar.


*
Da última vez que fiz um post a louvar um cinema ele fechou. Vamos tentar não fazer disto um hábito, sim?

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07
Dez17

As pessoas.

Maria das Palavras

No Natal passado estava preocupada com o sítio onde faria a festa em família com a família espalhada por tantos pontos do país, sem imaginar que eu ia adicionar outro ponto geográfico a essa lista. Mais perto de uns, mais longe de outros, compreendo agora que a distância que criamos entre uns e outros muitas vezes tem pouco a ver com quilómetros e mais a ver com tempo. Às vezes a forma como aproveitamos esse tempo. Fazem-me falta algumas pessoas. Mas quando estou com elas, aprecio-as, mais do que nunca. Quando escrevo uma mensagem ponho-lhe tanto sentimento (ou mais) que naquele beijo de "feliz natal" que daria apressado entre dois cafés. E quando se vencem as distâncias todas, cinco minutos podem ser horas a fio. 

Dezembro acabou de começar e já tive de faltar a dois jantares de Natal (almoços, aliás, que a idade já se faz notar). Preferia ter estado, mas não faz mal. O meu Natal são as pessoas. Sem lugar nem hora marcada.

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18
Set17

Comprar casa ou não: eis a questão.

Maria das Palavras

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Pequena sondagem: moram numa casa comprada ou arrendada?

Eu diria que aos 31 seria capaz de responder com a primeira opção, mas a vida é muito poucas vezes aquele que pensámos que íamos fazer dela. O que não significa que seja pior. Quando estava em Leiria sabia que queria ir para fora: não porque não gostasse da minha cidade (#leiriaélinda) ou das minhas pessoas, mas porque sempre tive trejeitos de independência e sabia que queria criar um espaço novo, só meu. 

 

Em Lisboa convenci-me que seria para sempre. Cheguei a considerar trabalhar fora, quando as pessoas ainda o faziam por vontade e não por necessidade, mas não cheguei a dar o salto - e mesmo aí considerava que fosse uma coisa temporária. Na última casa em que morei, cheguei a pensar que se tivesse mais um quarto, era bem capaz de me convencer a nunca mais mudar (e sabe Deus - mais quem já as fez, como as mudanças são custosas).

 

Depois levou tudo uma cambalhota e vim parar ao Norte, onde sempre onde sempre adorei passear, mas nunca considerei poisar. Sou feliz aqui e moro numa casa que me apaixonou assim que abri a porta e depois as janelas para a rua. Não por ser uma casa nova (que não é) ou perfeita (que não é) mas porque tem luz de dentro para fora e de fora para dentro. 

 

Mas mesmo vendo-me a ser fiel tanto a esta casa como à outra, já não sei como garantir que isto vai durar muitos anos, quando há pouco jurava que nunca moraria ao pé da praia (e cá estou eu, um rato de cidade a poucos metros da areia). Suponho que o trauma de não controlar a vida vai assentar e um dia estarei (estaremos) preparados para esse passo. Hoje não é o dia, e por um lado é uma pena, agora que até tenho contactos privillegiados no mundo imobiliário, com uma amiga da maior confiança a trabalhar na agência Comprar Com Arte (aproveitem vocês, se estão nessa fase). 


Ela ajudou-me a escrever um texto no blog Aprender Uma Coisa por Dia, com 5 Dicas para Comprar casa. Não deixem de espreitar!

 

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24
Mai17

O dia em que descobri que não tinha perdido uma casa.

Maria das Palavras

Passei o fim-de-semana em Lisboa a sentir que tinha regressado ao lar. As pessoas, os lugares, a comida. É tudo meu, há tanto tempo. Do Tejo à segunda circular, dos monumentos aos centros comerciais. Casa.

Domingo à noite regressei à nova cidade. Da estação de comboio vi o topo da igreja matriz iluminada. Estou em Casa, pensei outra vez, sem querer, agora numa cidade diferente. 

Lisboa não deixou de ser minha, como Leiria nunca deixou. E tenho uma Casa aqui. Agora. Também.

Também. Não "em vez de".

Liguei ao Moço a dizer que tinha chegado e acrescentei "Sabes? Acho que vamos gostar de morar aqui". Ele nunca duvidou. Sempre soube que a geografia não importa.

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18
Abr17

Carta a quem faz planos

Maria das Palavras

Maria das Palavras - Agenda ConVit 2017

 

Olá caríssimo, 

 

Eu já fui tu. Aliás, teimo em ser. Organizando tudo com trejeitos de obsessão na minha agenda e no meu calendário. Encontrando o melhor momento para isto e a data certa para aquilo. As obrigações e o lazer. O que julgo poder prever segue uma ordem que a logística complicada dos dias me faz assentar no papel para assegurar que tudo ficará bem.

 

Com o passar do tempo fui adquirindo a certeza, já bem cimentada aos 31 de vida, que os planos não são mais que esperanças apontadas. Tentativas de organização, nunca cimento no tijolo. 

 

Há dois tipos de pessoas: as que fazem planos e as que já sabem que não vale a pena fazê-los. Fico feliz que ainda estejas no primeiro patamar. No entanto, não é assim tão mau estar no segundo. As mudanças, às vezes são desgraças e outras vezes são supresas maravilhosas. Na maior parte das vezes, são isso tudojunto. Mas, seja qual for o tipo, fazem-nos crescer, aprender, adaptar, ver coisas a que fechávamos os olhos e descobrir tanto sobre nós, os outros, o mundo, que mesmo quando não podemos dizer que valem a pena, têm o potencial de nos tornarem melhores e de nos fazerem ter as prioridades certas. 

 

Até amanhã.

Ou talvez não.

Uma pessoa sabe lá o dia de amanhã.

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