Freud não explica
Tenho uma capacidade invejável de sonhar. A dormir, não acordada, que o mundo não gira movido a ilusões.
Numa noite só, sou capaz de: escalar os Himalaias com o meu pai, fugir de uma multidão enraivecida de vampiros romenos com cenas daquelas em que estamos a correr e as pernas parece que travam, estar numa despedida de solteira com amigas onde o stripper - atrevido - beija a futura noiva (na boca!) e eu fico chocada a pensar se aquilo é aceitável e eu é que sou uma puritana, ver o nascimento do bebé de uma amiga após lhe rebentarem as águas no adro da igreja da minha terra (não me perguntem o que ela estava lá a fazer). Isto foi só hoje e é o pouco que me lembro.
Às vezes gostava de fazer aquilo que alguns psicólogos sugerem: uma espécie de "diário de sonhos", onde anoto logo ao acordar as aventuras e desventuras que ainda estão frescas na memória. Depois penso que se alguém lesse aquilo me ia internar e travo o impulso. Isso e porque me dá a preguiça de manhã. Sobretudo a coisa da preguiça.