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Maria das Palavras

A blogger menos in do pedaço, a destruir mitos urbanos desde 1986. Prazer.

04
Fev19

"Então e bebés?"

Maria das Palavras

Vida íntima - Então e bebés? Maria das Palavras

 

Vou tentar que este não seja um texto apenas sobre como é totalmente desadequado perguntar a um casal se não está na altura de terem filhos. Vou tentar que este seja um texto sobre o que eu sinto e talvez mais uma pessoa desse lado possa sentir e identificar-se, de forma a que saibamos ambos que não somos aliens

 

Apesar de em teoria toda a gente saber que quem sabe da sua vida é o dono dela, é socialmente aceitável em qualquer contexto perguntar pelos seus planos mais íntimos. Normalmente até sob forma de uma afirmação (nem tanto uma pergunta) mais ou menos assim "está na vossa vez!" ou "queremos um sobrinho" ou ainda "já está na altura de terem um bebé". Literalmente em qualquer contexto. Estava no outro dia numa conferência de âmbito profissional e um parceiro de negócios que até conheço há alguns anos, mas com quem nem tenho um mínimo de confiança, perguntou-me quando é que eu teria filhos.  Ele tem dois, claro. Normalmente são as pessoas com filhos que têm mais vontade que os outros ajudem a a povoar o mundo. Eu percebo: já conhecem a magia de serem pais e isso ninguém lhes tira (também aposto que há um niquinho de sentimento de quererem partilhar as noites mal dormidas), no entanto continuam a não ter o direito de decidir sobre a minha vida ou perguntar coisas íntimas. Também quererão saber sobre o meu ciclo menstrual, já que estamos no tema? 

 

Há algumas formas de responder a isto. 

Dar troco. Quando tu tiveres o segundo/terceiro/décimo.

Com bom humor. Ahah, isso agora!...

De forma evasiva. Um dia.

Mudando o assunto. Aquilo é um pássaro ou um avião?

De quem está farto. Não tem muito a ver com isso, pois não?

Já experimentei todas. Nenhuma desarma a pessoa ao ponto de não voltar a perguntar noutra ocasião qualquer (a mim ou a outra pessoa). 

 

You're next

 

Eu adoro crianças. Conheço como tia e como "tia" o sentimento indescritível de ligação a uma criança, que como mãe será certamente multiplicado por um milhão. Eventualmente, quero ter alguma para mim.

 

Tenho um problema muito grande no entanto. Continuo a ver-me como mãe "daqui a dez anos" como me via quando tinha vinte. Um plano distante. E sabem porque digo que é um problema? Além do facto da mãe natureza não perdoar, claro, e me dar um tempo limitado para ligar o relógio biológico. Digo que é um problema porque toda a gente à minha volta me faz sentir isto como um problema. 

 

Imaginem que podem estar a cometer uma grande gaffe quando perguntam a um casal por filhos e nem sonham que estes até estão a tentar ou já tentaram mas têm problemas de fertilidade ou passaram por uma situação de aborto espontâneo. Imaginem também - sem querer comparar a intensidade incomparável da questão - o que sente alguém que não tem problemas de fertilidade (ou tem, mas ainda não sabe disso, pelo menos) e é constantemente "repreendido" por não estar a tentar ter um filho a todo o custo. Imaginem como fazem uma pessoa sentir-se avariada. 

 

A idade complica. Ter uma relação estável complica. Ter um emprego estável complica. Tenho de ter certamente um aneurisma a formar-se para ter condições para ter uma criança e ainda não querer isso para mim, quando toda a gente acha que é o momento certo. Toda a gente, menos eu. "Nunca se está preparado" e "nunca é o momento ideal" não significa que o meu "agora não" não tenha legitimidade.

 

Portanto, repitam comigo: um casal (ou alguém) tem filhos quando quiser e decidir. Não quando está na idade certa, com condições financeiras e alguns anos de convivência feliz. Quando quiser e decidir. Não quando ouve esse conselho repetido de conhecidos, amigos ou família, que por melhor intenção que tenham (e o carinho é apreciado) têm absolutamente zero por cento a ver com essa decisão. Quando quiser e decidir. E isso não é um problema. É antes......Eu até dizia o que é. Mas adivinhem? Ninguém tem nada a ver com isso. 

 

Toda a gente tem tão pouco a ver com isto, que este texto não deveria sequer ser escrito ou publicado. Mas faço-o eu com a certeza de falar por muita gente (com a devida permissão do Moço, cuja opinião é um assunto separado que não trouxe para aqui, porque lá está, não pertence ao domínio público). Não hesitem em partilhá-lo, se é o que sentem e deixem que as minha palavras falem por vós.  

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07
Jun17

#videomaria: há coisas que nunca mudam

Maria das Palavras

Este é um dos filmes a concurso na edição do Festival de Cannes deste ano. Está em francês mas vale a pena ver - apenas no caso de serem pais ou filhos (portanto no caso de toda a gente). Muito jeitoso. Se tiverem curiosidade em ver o top 20 dos candidatos a Leões no Festival, selecionados pela Gunn Report, cliquem aqui.

 

 

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09
Abr17

Só é permitido bater nos filhos.

Maria das Palavras

Já tinha ouvido falar do Louis C.K., comediante, pela voz de muita gente. No outro dia caí no erro de ver um pouco de um show dele na Netflix. Foi mesmo um baita erro. Comecei por torcer o nariz nos primeiros minutos e agora tenho devorado tudo dele no Netfllix e no Youtube. O homem não tem limites no humor (coisa que eu adoro), mas para além disso tem muitos episódios reais (exagerados, não duvido) para contar e muitos raciocínios refrescantes. Por exemplo, este do título: só é permitido bater nos filhos.

 

Não se pode bater na mulher ou num colega de trabalho ou a um estranho na rua, adultos formados (até aqui nada contra). Constitui um crime. Mas podemos bater num ser indefeso, desproporcionalmente pequeno em relação a nós, que ainda não compreende totalmente o que motiva a agressão. E esta, hein

 

[Este post encontra-se livre de julgamentos, é só para nos fazer pensar.]

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23
Mar17

Dois dedos de conversa #67

Maria das Palavras

Amiga 1 (recém-mãe): Fui fazer o exame com o pequeno. Até chorei de aflição a achar que o estavam a magoar.


Amiga 2: Deixa lá, sempre que vou às vacinas com a minha também me dá vontade de chorar e bater no enfermeiro. 


Amiga 1 (recém-mãe): Sei que não faz sentido mas...Até quando posso culpar as hormonas?

 

Amiga 3: Eu, quando a minha filha tinha um ano, ainda dizia "deixa-me em paz que fui mãe há pouco tempo". 


Eu: Não te preocupes. A minha mãe ainda hoje me culpa pelo pneuzinho extra e eu acabei de fazer 31 anos, por isso tens tempo...

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28
Fev17

Adiando os filhos.

Maria das Palavras

Outra ocasião que me mirra o útero é o Carnaval. As mães "bonitas" fazem os fatos para a sua prole Já a minha mãe e a minha avó tratavam dos meus, num exercício de improviso sem igual. Uma vez o fato de Branca de Neve ficou tão bom que mais tarde a professora confessou que eu só não tinha ganho o concurso de máscaras porque achava que o vestido era de compra (é assim que eu sei que os filhos felizes têm fatos feitos à mão pelos progenitores e os outros não têm valor - e por favor não me façam explicar que é ironia). Tendo eu jeito para trabalhos manuais no mesmo grau que tenho talento para navegação com bússola em alto mar (trocando por miúdos: desoriento-me), já sei que vou acabar a não mandar o miúdo para a escola e dizer que sim, que foi, que até lhe fiz o fato de homem invisível pessoalmente. 

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08
Nov16

A visita de um filho emancipado a casa dos pais.

Maria das Palavras

Ir a casa dos pais, na idade adulta, é uma experiência bipolar das mais capazes. É maravilhoso e penoso, tudo ao mesmo tempo. Ali estão as duas pessoas (na generalidade) que nos criaram e a quem tão bem queremos (quem nos dera fossem eternos). As que melhor nos amam e...melhor nos irritam (mas isso é em qualquer fase). Qualquer pessoa em idade adulta reconhecerá o relato das principais fases de uma visita normal a casa dos pais.

 

A chegada
Aliás a visita começa sempre com aquele telefonema do "nunca nos vens visitar". E sim, estiveram lá ontem. Quando aparecem na ombreira da porta identificam logo aquela expressão acompanhada por um sobrolho franzido, que varia entre o "engordaste!" ou o "filha, estás mais magra". Se eu estivesse mais magras de todas as vezes que visitei os meus e mo disseram pesava neste momento 100 gramas bem contados. Nem precisava esperar pelo Expresso para Leiria só pela próxima rajada de vento no sentido Norte.
As mães ainda podem acrescentar "o que é que fizeste ao cabelo" ou "não tinhas isso!" apontado para a peça de roupa que temos há cinco anos.

 

 

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A refeição

Claro que a fatia dos pais que acusa os filhos de terem engordado não deixa de lado o contraditório ritual "enche-bucho". O ritual começa quando te enchem o prato à maluca porque "lá na cidade não tens disto", passa pela repetição que tentamos veementemente negar porque estamos mais do que cheios mas eles querem que continuemos a comer. E quando já repetimos dez vezes e nos esforçamos por mastigar só mais um bocadinho porque até fizeram (fazem sempre) o nosso prato favorito e não queremos parecer ingratos ouvimos um "estás a comer que nem uma esfomeada, logo vi que tu por Lisboa não andavas a comer bem". FOSTE TU QUE ME ENCHESTE O PRATO DEZ VEZES!

 

 

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A partida

Podem ter lá passado lá uma semana, mas eles despedem-se chorosos porque nunca passam lá tempo nenhum. Atafulham-vos os braços com 30 alfaces arrancadas do quintal e 7 frangos do campo, além dos 23 tupperwares com restos dos almoço (que nunca regressarão à terra). Vocês dizem que sozinhos não conseguem comer tudo. Dizem que congelem. Vocês dizem que o congelador não tem espaço para 30 alfaces e 7 frangos do campo, mais os tupperwares. Eles já não dizem nada, mas vocês levam tudo na mesma. Depois despedem-se com aquele "até para o ano" irónico como quem diz que nunca aparecem - só porque anunciaram logo que no fim de semana seguinte iam estar fora e não podiam lá jantar.



É assim uma visita a casa dos pais: todo um trauma. Mas que abençoado trauma. 

 

 

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27
Out16

O flagelo dos filhos na escola (na perspetiva de quem não os tem)

Maria das Palavras

Estou assustadíssima. Lembrem-se os mais desatentos que não tenho filhos, mas muitos amigos à volta já os têm - alguns já em idade escolar ou pré-escolar. Uma amiga minha partilhou no Facebook a guitarra artesanal que fez para a filha. A GUITARRA, senhoras e senhores. Isto são coisas que me encolhem o útero, confesso. Deixem-me partilhar convosco alguns flagelos de ter filhos pequenos que frequentam escolinhas com que me vou deparando e que me assustam mais que beber azeite coalhado diretamente da garrafa. 

 

1. Manualidades em casa

Coisas que eu faço bem em casa, à mão: nem lavar a roupa. Nunca achei graça a fazer colagenzinhas, recortezinhos e construções. Não quero ter cola nos dedos, não quero construir caixinhas e guitarrinhas de cartão. Teria de fazer muito esforço físico e mental para ficar uma coisa decente e prefiro brincar a outra coisa, pode ser? E NÃO QUERO sentir que tenho de me esforçar porque os paizinhos dedicados vão chegar lá com autênticos retratos renascentistas quando o TPC for levar de casa um desenho da família feito com os pais. 

 

2. Ai que pedra bonita.

Tenho na cabeça uma pedra (não literalmente, tipo tumor, só que me lembro) pintada que dei ao meu pai num Dia do Pai, precisamente. Eu sei que se faz o que é possível com crianças pequenas para tornar estas ocasiões especiais e as educadoras ou professoras primárias também não têm de ser artistas, nem têm dinheiro para certas coisas. Mas que porra, então parem de tentar ser uma secção de papelaria do IKEA a fazer pisa-papéis e calendários rabiscados. Ou bonecos com rolos de papel. Prefiro que ensinem as crianças a esquecerem-se de celebrar o dia da mãe (ou que lhes ensinem que o carinho é que deve ser a coisa especial) do que criar-lhes o hábito de oferecerem lixo e coisas recicladas. São esse tipo de crianças que depois tentam criar empresas que vendem colares feitos com cápsulas Nespresso usadas, minha gente!

 

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3. Trabalhos para onde?

Trabalhos para casa? Deixa cá ver quando é que achava aceitável fazer trabalhos de casa...Hummm...Ah, já sei, quando era eu que andava na escola. Portanto já andei uma vez na escola (check!), já fiz os TPC todos que tinha de fazer (check!). Então podíamos fazer um acordo que era: mandavam TPC para as crianças em quantidade e qualidade moderada de forma a que sejam coisas para as quais não precisam da ajuda dos pais, nem lhes tomam muito tempo. Ou então, nem mandam (oh Deus, ajuda a que esta medida vá para a frente antes de eu ter filhos) e essas coisas fazem-se na escola onde até já passam uma boa quantidade de horas. Pode ser? 

 

4. Cada menino traz um lanchinho para partilhar.

Lembro-me logo das séries americanas com as mães bullies pseudo-perfeitas. Aposto que por cá também há. A divisão entre as mães que compram croquetes do Pingo Doce e chegam lá todas transpiradas e despenteadas, a bufar, porque mesmo conseguir comprá-los foi um feito, e as que fazem Muffins de Noz de Macadâmia e Mirtilo caseirinhos, ainda quentes, até usaram o forno da instituição de freirinhas cegas onde são voluntárias para os cozinhar a baixa temperatura enquanto remendavam meias e só se atrasaram um minutinho porque estavam a acabar a manicure. E já disse que os mirtilos eram da sua pequena hortinha biológica? Claro que vou ser do primeiro tipo. E se é verdade que a opinião dos outros me rala pouco, talvez não me apeteça envergonhar os piolhos (e os pais dos piolhos).

 

5. Por falar em piolhos...

As escolas estão cheias de coisas pegajosas não é? É que às tantas é melhor trazerem o tal suporte de chaves feito com caixas de Chocapic no dia do Pai que um nariz cheio de ranho de bactéria alheia. 

 

 

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Pronto, já desabafei, no meu tom nada exagerado e bastante conhecedor. Estou mais aliviada. Pode ser que até chegar lá ganhe mais virtudes e consiga lidar com estas coisas. Mas em relação à tal guitarra artesanal ficam já a saber que se me calhar em sorte ter de fazer um instrumento musical para a cria levar para a escola, mando a criança virar um iogurte e chamar-lhe tambor. Pode não ser a criança mais prendada a nível de artes manuais. Mas será a mais criativa e visionária. Não? Desenrascada, então? Vá, esqueçam.

 

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18
Mai16

Um dos medos que tenho nisso de ter filhos.

Maria das Palavras

É que nas primeiras ecografias se veja que é um menino e as pessoas comecem a dizer que vou ter "um pilas". Mas porquê "um pilas" senhores? Porque não dizer menino, catraio, rapaz, futuro homem, espécime masculino? Um pilas...

É que se for menina também ninguém diz que vou ter "uma vaginas", pois não?

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