Sou uma pessoa com sonhos megalómanos. Mas vou deixar isso ao vosso critério...
Um dos sonhos mais "interessantes" que já tive, e já lá vão uns anos, passa-se nos Estados Unidos.
Começo a ver-me num corredor de paredes cinza que conduz a um local iluminado. Como vou do escuro para a luz, logo logo, não consigo perceber onde estou mas vou avançando confiante.
Nisto começo a ver operadores de som, que batem palmas freneticamente enquanto avanço. Vejo cameras de televisão, olho para os lados e vejo a plateia cheia de mulheres (e alguns homens) em profunda histeria.
Olho para mim e tenho um fato tipo saia-casaco e salto agulha, bem aprumada e nisto reparo que a Oprah (sim, sim) me puxa ao mesmo tempo que pede uma ovação de pé para mim!
Abraça-se a mim, cumprimentamo-nos, mando-me sentar e começa por falar de mim, referindo-se a mim como "dear friend"...
E nisto acordo...
Pronto.
Ei-lo!
Fico à espera da vossa capacidade de interpretação. Porque a minha há muito que se foi.
Curiosamente, há dois ou três dias sonhei que conhecia a Maria das Palavras por um acaso do destino e eras professora de ensino básico!!! Só eu!!!
Na outra noite sonhei com duas pessoas que eu conheço, mas que não se conhecem entre si. Vamos chamar-lhes C. e J.
Ora a C. e o J. eram amigos de longa data e faziam ambos parte de um júri de instrução no julgamento de um caso em tribunal. No júri só havia mais uma mulher e o caso era sobre uns pais que tinham perdido uma criança e que estavam a ser julgados por serem maus pais. A C. e o J. discordavam um do outro na decisão a tomar e, como entre os três jurados não havia acordo, o julgamento foi cancelado por um colega meu que no sonho era advogado mas que na vida real não tem nada que ver com essa profissão.
O J. ficou chateado com a C. por ela não ter querido culpar os pais da menina desaparecida, que entretanto tinha reaparecido, por isso final feliz para aquele capítulo da história, e a C. andava muito triste porque gostava (daquele gostar gostar de quando somos adolescentes) do J. O que é que ela ia fazer? Tinha saudades dele, só pensava nele... Mas a verdade é que ele também não conseguia ficar longe dela.
Num passeio que foram dar com outras pessoas (num cenário lisboeta demasiado deturpado para vos conseguir explicar apenas por palavras - basta dizer que havia um rio a dividir duas zonas da cidade que se encontravam em diferentes níveis de altura), o J. e a C. discutiram, ainda sobre o caso do tribunal e às tantas ela explica-lhe que não tinha querido condenar os pais, mas que também não quereria ser como eles. Vá, dito, foi qualquer coisa deste género: "Eu não quero ser como aquela mãe para os meus filhos! Tu não queres que eu seja como aquela mãe para os nossos filhos!"
Ficando ambos em choque com o que havia sido dito, olham um para o outro, ele beija-a como nos filmes e eu acordo.
E sim, sonhei mesmo a sério com isto. Este é só um sonho do qual eu me lembro melhor, mas regra geral os meus sonhos são todos assim estranhos, com coisas deslocadas e cenários impossíveis de existir na vida real, mas pronto....
"querida maria das palavras (são todas, só verbos, só adjectivos?):
venho pelo presente contar-te o meu sonho na ânsia que me possas ajudar a saber se posso dele retirar um significado:
eu estava a apresentar um livro que escrevera. era um livro de contos infantis e estava repleto de gente. acontece que o auditório onde decorria a apresentação não tinha pessoas comuns com os seus filhos mas sim todos os meus professores universitários, que me olhavam com atenção. quando eu acabei o meu discurso um deles estendeu o dedo e perguntou: mas acha que essa história reflete o pensamento do legislador no que a isso diz respeito? quando ele acabou de falar eu percebi que não sabia a resposta e que nem sequer me lembrava da história que escrevera pelo que comecei a gaguejar. nesse instante fui salva pelo gongo: as portas do auditório abriram entrando um político conhecido que se virou para o meu professor e exclamou: - isso, pois isso é só fazer as contas. acontece que o político era nada mais nada menos que jóse socrates, com uma camisola cinzenta, algemado, que começou a correr em volta do palco gritando "mesmo preso faço jogging, ouviram?.
nessa altura acordei e no dia a seguir, ao ver a tv, descobri que a medida de coação dele tinha sido alterada para prisão domiciliária.
ando num frenesim. terei capacidades adivinhatórias?
agradeço a tua resposta. beijos."
Minha querida M.J., não se apoquente, que vamos já desfazer este puzzle.
A primeira interpretação que faço é que a menina é preguiçosa. Não vi isto num elemento do sonho, mas sim no facto de não usar maiúsculas. Não cumprir as regras da escrita é uma coisa, não usar a capital para me nomear já roça a infâmia.
Os sonhos refletem medos ou desejos e há, de forma muito óbvia, três desejos latentes na sua descrição: (1) o desejo de ter filhos, (2) o desejo de comer queijo e o libidinoso (3) desejo por Sócrates.
Apresenta um livro de contos infantis como expressão da sua vontade de um puto ranhoso a quem ler estórias. A minha afirmação é suportada pela científica expressão: quem desdenha quer comprar e todos nós já sabemos que a menina quer ir à pastelaria da terra com uma criança irrequita pela mão a comer uma bolacha com a roupa toda.
Pensei que o desejo de aprovação fosse o motivo de ver os seus professores, mas o cerne da questão é que não só não conseguiu responder, como se esqueceu do que falava o livro. Esquece quem come queijo. Anda em falta com o queijo. Como isto se passa num auditório: evite o requeijão (óbvio).
Quando julga ter capacidades adivinhatórias está apenas a ser confundida pelas suas hormonas. Tal como 90% das mulheres que elegeram Sócrates no ano de 2005, deixou levar-se pela líbido e sonha com o cinquentão grisalho mas tão em forma, como sendo o seu herói de cavalo branco (“fui salva pelo gongo” > “era nada mais nada menos que josé sócrates”).
Tudo claro como a água. Um bem-haja e...bons sonhos!
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As Caçadoras de Sonhos Maria das Palavras e M.J. estão à vossa disposição, para de uma forma absolutamente desprovida de juízo, mas repleta de conselhos originais, desmontar os vossos sonhos e ajudar a interpretá-los. Interessados na análise freudiana de duas miúdas que não devem ser levadas a sério? Enviem os vossos sonhos para cacadorasdesonhos@sapo.pt.
Prometemos ser sobejamente mais meiguinhas nas análises alheias do que fomos nas nossas (vejam lá no blog da M.J. o sonho que ela me interpretou) - é que nós sabemos insultar-nos em graça e sem desgraça, porque sabemos que somos parecidas. Tudo depende, claro, do vosso sonho...experimentem.