Querer do Pai Natal só brinquedos por dez anos (vade retro Satanás com as peúgas). Querer livros, música e tecnologia nos dez seguintes (mas continuara a gostar de brinquedos). Querer roupa, malas, sapatos na década a seguir (mas não dispensar livros, música, tecnologia, e continuar a catrapiscar os brinquedos das crianças). Já nos trintas queremos que se ofereçam coisas mais úteis - para a casa, para os filhos (mas o que eu queria mesmo, mesmo era uma roupinha nova, malas sapatos, livros, música, um gadget...e sim, brinquedos). E por aí em diante, acrescentando objetos de desejo, sem deixar de querer os outros. Porque somos cada vez mais e - se tudo correr bem - nem crianças deixamos de ser.
Mas aprendemos também que o Natal continua a sê-lo sem essas coisas todas. Porque o que mais queremos no sapatinho é a família reunida naquela noite. Na sala, junto à lareira. Ou, bem aconchegadinha no coração.
Caras de bacalhau para os crescidos e bacalhau com natas para os pequenos (eu! eu!). Perú no forno com puré de batata. Doces de colher em que eu nunca toco. O salame de chocolate que me tira o juízo. Sonhos feitos em parceria com a Bimby e a minha avó. A tarte de amêndoa bem queimada para o meu pai. E a de nata bem molinha para a avó. M&Ms a fazer de aperitivo ao pe dos frutos secos. Fatias douradas ainda quentes (chamem-lhe rabanadas, se preferirem). Coca-colas com pais natais no rótulo.
Sou menina para começar a pensar nas prendas de Natal (nas que ofereço, não nas que me oferecem a mim) lá para meados de Abril - talvez esteja a exagerar, mas Setembro sem dúvida.
Depois controlo-me porque não posso logo comprar prendas. É que depois ninguém as pode trocar se não gostarem ou se as mesmas não servirem (ou se entretanto comprarem igual - que com tanta distância assim também é possível). Em Novembro já não me aguento e antes do final do mês está tudo comprado - que é pouco e em conta, não se iludam, mas selecionado com carinho e toda a exatidão que uma menina do marketing pode providenciar lendo o seu público-alvo.
Assim sendo aturem-me. A categoria de Natal vai começar. Partida. Largada. Fugida!