One to read
Peguei neste livro porque o encontrei na Kobo Books a 2.45€ (juro que este e-reader já se pagou sozinho) e sabia que estava nomeado em várias categorias para livro do ano no Goodreads. É o primeiro romance da autora, que além de muitas outros feitos, foi responsável de escrita digital da campanha de Hillary Clinton.
Enquadramento: sempre gostei de romances, mas cada vez mais dou por mim a não tolerar determinados clichés. Sinal dos tempos e da discussão pública, que me abriu os olhos para muitos dos estigmas com que crescemos.
Deixei de tolerar os protagonistas perfeitos, que permitem paixões à primeira vista por causa do corpo, do cabelo, dos olhos. Eu nunca fui essa mulher ou adolescente, e muito embora quisesse viver aquela história daquelas páginas, sabia que isso jamais aconteceria para mim, porque ninguém apaixonar-se pelas minhas borbulhas no queixo à primeira vista - e notem que nunca tive má auto-estima.
Deixei de tolerar a história homem que faz asneira, trai e maltrata e no fim vira um príncipe e ela perdoa tudo e acabam juntos.
Deixei de tolerar a irrealidade do felizes para sempre. Deixei de tolerar a necessidade mórbida de um felizes para sempre obrigatório a dois, com os filhos na sequência natural, da família padronizada perfeita.
Tudo isto estragou-me a capacidade de entrar de corpo e alma na leitura de muitos romances.
Este também tem alguns clichés, e muito otimismo claro, não deixa de ser ficção e um romance - e o que procuramos num romance é sonhar e desejar viver aquela história. Mas quebra com mitos dos padrões que acabei de descrever. Começando pela protagonista, uma plus-size blogger, não uma loura alta e elegante, com dentes perfeitos (que também é uma mulher real, mas tem de ser sempre a mulher descrita?). Ela goza com um programa tipo The Bachelor num dos seus artigos, precisamente porque lhe chamam Reality TV, mas todos os envolvidos têm o aspecto de 5% da população, não da generalidade. E, sem diversidade, como se pode chamar realidade?
Então ela é convidada para ser a próxima protagonista do programa. E daí para a frente, leiam para descobrir.
Não sendo uma obra de literatura candidata a Nobel, está bem escrito, de forma dinâmica (alternando narrador com conversas em SMS, no Twitter, entrevistas e guiões de anúncios), e sinto que é exatamente o tipo de romance que as jovens mulheres devem ler para se identificarem e apreenderem que determindados comportamentos não são de monstros que viram príncipes: são de monstros com a rosa toda murcha (referência para quem sabe da Disney).
Por isso leiam este livro, ofereçam-no e procurem mais literatura deste tipo se é de romances que gostam. Aconselhem-me outros do género, se os conhecem. Para já o livro só está editado em inglês, mas sabemos que a TopSeller o vai editar em 2021, por isso fiquem atentos. Desconfio que também vá fazer parte das Box Mensal de livros da Helena, no BookGang, mas isso já é especulação.
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