Fogo de artifício: Mil selfies de beijinhos no Instagram. Casamentos caros com estátuas de gelo. Declarações públicas mensais no mural do Facebook. "Desliga tu. Não desliga tu". Nunca discutimos.
Sentimento: Torradas de manhã. "És linda" a meio de uma constipação. Uma mão a procurar a outra, pela calada. "Já te disse que pares de roer as unhas ou corto-te os dedos!".
Deste Sábado ficam-me dois eventos na memória e nenhum mete terços ou bolas. O primeiro tem carroceis, farturas, gelados de máquina, a minha família e o meu sobrinho pela primeira vez num cavalo roxo, na feira de Maio. O segundo começou de manhã comigo a cantarolar ao ouvido do Moço, para o acordar, a música que levaria mais longe o nome de Portugal à noite. Têm os dois a mesma importância para mim. São memórias igualmente felizes e inesquecíveis.
E as palavras que ecoam são "tia, outra vez?" e "a música não é fogo de artifício, é sentimento".
Engraçado como se parecem. Dizem a mesma coisa. Falam de amor. As coisas mais bonitas da vida não são as mais caras ou que mais cativam a vista. As coisas mais bonitas da vida, tantas vezes, são as que sussurram em vez de gritar.