Ó mar salgado...
Não foi uma nem duas vezes. Foram muitas. Ouvi o mar, por sugestão da minha cabeça, durante a jornada de trabalho, ali junto à Avenida da Liberdade.
Não era sequer aquela brincadeira de piscina-com-areia a que chamam a Praia do Torel. Era mesmo o som próximo de...obras. Detritos a serem despejados...[Com a poluição que o Homem provoca o mar também está perto de ser isso mesmo, de qualquer forma.]
Mas juro que o som era igualzinho ao do "mar que enrola na areia" e quase sentia o cheiro a sal. Nem um búzio é tão perfeito a emitir este chamamento.
E só não me descalçava para trabalhar (exibindo biquíni) por decoro. Sim, porque na hora do sol a pique a entrar-me pela janela, até bronzeado conseguiria.
E repetia em ladaínha a minha adaptação do Mar Português, da Mensagem de Fernando Pessoa:
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de quem quase não te viu ainda este ano, em Portugal.