É dez vezes mais difícil manter um sentimento amargo dentro do peito e carregá-lo até se resolver ou dissipar do que pedir desculpa.
Hoje fui inflexível em relação a algo, como ele bem colocou em palavras. Quando assentei ideias pedi-lhe as desculpas que lhe fiquei a dever e disse que compreendia. Ele pediu-mas também, pela parte que lhe tocava.
Pedir desculpa não é difícil. É fácil e tira-nos logo 5 kg de cima. E como em todos os casos – não se admitem nem verificam exceções – a falar é que a gente se entende. Ai as palavras.
Há para lá de cinco anos que não fritava batatas. Não que não as coma de vez em quando, mas nunca em casa. Tanto que a velha fritadeira de alumínio com cesto já tinha sido reformada (ido para o lixo) aquando da mudança de casa, há uns meses.
As próprias batatas são raras lá em casa, sem ser umas pequeninas de vez em quando, que ficam bem gostosinhas no forno com alho e ervas. Mas tinha lá batatas gordas, que os sogros trouxeram da terrinha e quis aproveitá-las da pior melhor maneira.
Peguei numa frigideira daquelas mais baixas (desadequadas para o caso, mas onde já vi a minha avó fritar batatas sem problemas centenas de vezes). Botei óleo e quando aqueceu espetei-lhe com os palitinhos devidamente cortados. Aparentemente óleo demais. Foi óleo para todo lado - juro que quase me chegou ao quarto.
Fritei as batatas, fritei o fogão, fritei a bancada, fritei o braço...enfim. Fritei. De modos que, enquanto me lembrar disto - se calhar mais um ciclo de cinco anos - não há batatas fritas lá em casa para ninguém. É do modo que não sujo a cozinha, nem as artérias.