O meu coração não tem dono mas pertence-te.
O meu coração não é livre.
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Há um tal de ensinamento passado de geração em geração para os casais em início de vida comum: nunca adormecerem zangados e mesmo que haja briga de meia-noite pelo meio não adormecer sem um miminho final.
Há quem lhe chame um bom conselho, eu chamo-lhe um programa de incentivo ao cinismo (ou não fosse eu do contra). Qualquer beijo que não seja resultado direto do carinho que nos transborda naquele momento exacto pela pele é um beijo vazio. Beijos por obrigação, por hábito ou porque assim é que deve ser, são beijos que ofendem o amor que tantas vezes transportam. Mimos contra-vontade que desvalorizam todos os tantos momentos em que são cheios de calor. É como quem diz que ama vinte e quatro vezes ao dia: vulgariza a palavra e o sentimento. Tornam um "amo-te" num "bom dia" rotineiro - deixa de ser especial proferi-lo, passa antes a ser mau sinal a sua falta. Assim se transforma um mais em menos.
Às vezes adormeço chateada porque assim é a vida. Porque não há botão de pause&play para qualquer coisa que dói. Ou porque o "desculpa" ainda não está na ponta da língua. Porque tudo passa (aquela zanga também) mas não tem de ser naquele momento, porque a sabedoria popular quer.
Ontem foi um prazer ver este senhor a assistir ao dérbi ao vivo - foi muito mais animado que o dérbi em si, posso garantir. Como dizia o da peça de Shakeaspere: tanta veia no corpo, como é que não lhe rebenta uma?
Ao contrário do estereótipo sportinguista, o homem gritou e fez coregrafias esbracejadas à Jorge Jesus durante todos os santos minutos de tempo útil de jogo + compensação + intervalo. Julgo, até, que estaria a esbracejar já desde o pequeno almoço e sugiro que contratem o homem para agitar bandeiras nas claques - nunca esmoreceriam.
Ao longo do jogo fui ainda percebendo que ele tinha capacidades especiais. Era uma espécie de super herói ou guru da tecnologia. Só isso explica...
Querem provas?
1) Mesmo de lá do topo do estádio onde podia estar a Júlia Pinheiro a falar e no relvado não se ouvia nada, ele gritou, gritou, gritou. Deu indicações aos jogadores, aos árbitros, aos agentes que vigiam o jogo...enfim. Eu própria sou capaz de um inconsciente e visceral grito ao género "chuta meireles", mas é coisa de impulso, compreendo que o "Meireles" do momento não está de facto a ouvir e portanto não insisto. Isto faz-me pensar que este super-adepto era possuidor de uma qualquer tecnologia, uma espécie de micro-transmissor, que replicava os seus berros sábios junto do ouvido dos destinatários de cada mensagem. Isso ou hoje está sem voz por nada. O que é parvo.
2) Por último, era dono de uma capacidade, acuidade, definição visual de espantar! Repito: ou é super-herói ou acede a tecnologias de ponta e tinha uma câmara com zoom na córnea. Do ponto onde estávamos todos os jogadores pareciam massas de larva vermelhas ou às riscas verde e brancas, a deslocarem em slow-mo de um ponto ao outro. Mas o sacana via mais e melhor. Que eu, que o senhor da primeira fila, que o árbitro, que o próprio jogador. Ele gritou por aquele pénalti como uma carpideira entusiasmada, porque sabia - SABIA - que a bola tinha de facto sido defendida com o a unha do dedo indicador esquerdo daquele jogador.
E pronto, não lhe pedi um autógrafo por medo - aquela questão das veias a rebentar. Mas tive um prazer danado em conhecer (a uma distância segura) o Super Adepto.
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