MUITO BOM: A forma como a história é contada. O tal do narrador inconfiável, que não nos conta tudo o que sabe, que não sabe tudo o que há para contar e nos vai fazendo descobrir a trama aos poucos.
BOM: O livro começa meio mole e não senti logo o ímpeto de não largar. Mas foi crescendo. A forma como se organiza também propicia que queiramos sempre mais um bocadinho.
ASSIM-ASSIM: As personagens são todas caóticas. Eu sei que todos nós temos o caos em nós, em maior ou menor quantidade, neste ou naquele momento. Mas ali, não há personagem que se safe. Torna a história pouco realista (é muita loucura em tão poucas casas). Mas vá...é ficção.
MAU: É quase desde o início que se percebe um facto muito importante que, no fundo, nos conta o desfecho e nos deixa logo descobrir o mistério principal do livro. Se não soubesse aquilo que adivinhei logo (e não fui a única, por certo) teria tido um elemento surpresa grande lá pelo fim e teria gostado muito mais. E não era só desconfiar - eu sabia.
[Nota-se que estou um bocadinho dividida? Na dúvida: leiam. Até porque gostava de saber com qual das opiniões (ou quantas) concordam.]
Queria escrever. Iamos a meio de um passeio e lembrei-me de coisas que queria escrever. Precisava registar para mais tarde e as palavras eram algumas, o telemóvel não dava. Tinha uma caneta e nenhum sítio onde assentar as frases que já me estavam a querer fugir. Entramos os dois numas quantas lojinhas daquele sítio que não conhecíamos assim tão bem, mas em nenhuma havia cadernos.
Sentamo-nos numa esplanada à beira-mar, a beber uma água fresca (fosse eu uma blogger in, e poderia muito bem ser un gin). Avistei uma espécie de banca de artesanato que talvez fosse a minha salvação. Pedi licença e fui espreitar. Nada onde se pudesse escrever - só postais. Voltei ao meu lugar. Estava oficialmente de birra. Não me apetecia conversar, nem nada. Só escrever e não tinha solução. Abandonei-me ao mau feitio. Fiz que tinha cinco anos e não queria saber. De nada.
Levanta-se o Moço e desaparece por uns minutos. Eu fico a ler, contrariada. Quando reaparece tem um bloco de notas. Pequenino. Perfeito.
E ocorre-me que eu não sou assim. Que sou controlada. Que não me largo simplesmente aos problemas. Que sou uma solucionadora, que me desenrasco, que vejo o lado melhor e me adapto. Ocorre-me que a birra que faço, como se tivesse cinco anos, só a faço ao pé dele. Como talvez fizesse em pequena, ao pé dos meus pais. Ocorre-me que me sinto protegida, que sei que ele toma conta de mim. Que faço cara feia por ter a certeza que ele me arranca um sorriso a seguir. Ocorre-me a sorte que tenho por me poder dar ao luxo de fazer birras.