Eu e o Moço tentamos não fazer distinção entre os nossos amigos. Obviamente há alturas em que facilita dizer "os teus amigos" ou "os meus amigos" e sabemos bem de quem estamos a falar. À exceção de um caso único, os meus só são dele por minha causa e os dele só são meus por causa dele.
É diferente de quem diz "a tua família". Pretende-se que isto seja uma relação saudável onde somos todos membros de um clã gigante e indistinto e a família não é "minha" nem "tua" é "nossa", o que é especialmente aplicável quando se tratam de heranças gordas e especialmente embaraçoso quando se tenta dizer a que família pertence afinal o tio que se despe no casamento. Certinho como a morte é que na prática a família é quase toda de um ou de outro, e só um bocadinho dos dois (embora em casos variados se desejasse que não fosse de nenhum). Com os amigos a coisa já é, como dizia, diferente. Não são de sangue a nenhum dos dois, excetuando pactos parvos feitos com x-ato no fundo da sala da aula de matemática, e a coisa bem feita até acabam por ser nossos em partes perto de iguais.
Sem distinguir, mas já distinguindo: este post é sobre os amigos dele.
Os amigos dele por quem eu faria tudo da mesma forma que faria pelos meus, a quem eu não me importo de ouvir as mágoas e aconselhar, com que gosto de partilhar gargalhadas, cochichar maldicências, dividir momentos, puxar para ao pé de mim, a quem gosto de insultar e elogiar e ser franca, como com os meus. Danço em todos os seus casamentos, darei colo (e prendas sentidas) aos seus filhos, embarcarei em viagens com eles e, quando o momento assim o exigir, choro com eles, mesmo no choro sem lágrimas que é o meu.
Agora vejam: se os amigos dele são meus e vocês que me lêem são meus amigos e amigo do meu amigo, meu amigo é, por favor, sejam simpáticos. Estes amigos também são vossos.
Minha boa gente, quem ainda não participou para assistir à peça Cinderela da Byfurcação, como explicadinho aqui, tem exatamente 3 horas para o fazer. Depois os cavalos voltam a ratos, o vestido volta a farrapos e nem um sapatinho de cristal fica para lembrar.
Ou...será que vai haver mais bilhetes?...Não confirmo, nem desminto. Fiquem atentos. Mas para já, para já, não percam a oportunidade.
Mas se fosse e eu vos pudesse recomendar um só, seria a paixão assolapada de livro que ainda não consegui superar (e já li há uns bons meses): A Verdade Sobre o Caso de Harry Quebert de Joël Dicker.
A minha história com o livro é engraçada. Ganhei, não um exemplar, mas dois num passatempo. Um ofereci ao meu sogro que fazia anos na altura e gosta bastante de ler. O outro ficou na estante, arrumado, certamente mais de um ano, na fila de espera. (Talvez a história para vocês não tenha assim tanta graça, afinal.)
Quando, não sei porquê, o passei para a frente da fila e o li, não o li. Devorei-o. Todas as páginas se devem seguir umas às outras. O problema de se pegar num best seller são as expectativas - continuo a achar que é o problema em tudo na vida, mas agora falamos de livros - e este era um livro premiado e muito vendido. Mas nem o fenómeno de vendas recente ARapariga no Comboio, nem o fenómeno de vendas antigo Mataram a Cotovia, chegam (na minha opinião pessoal, entenda-se) aos calcanhares desta peça de ficção que fala de escritores bloqueados e de crimes esquecidos. Que explica, baralha e volta a dar. E ninguém melhor que o próprio autor, na voz de uma das suas personagens, para descrever o que o livro nos faz sentir:
- Um bom livro, Marcus, não se mede apenas pelas últimas palavras, mas pelo efeito colectivo de todas as que as precederam. Cerca de meio segundo depois de terminar o livro, depois de ler a última palavra, o leitor deve sentir-se dominado por um sentimento poderoso; por um instante, só deve pensar em tudo o que acaba de ler, olhar para a capa e sorrir com uma ponta de tristeza porque vai sentir a falta das personagens. Um bom livro, Marcus, é um livro que lamentamos ter acabado de ler.
O autor vai estar na Feira do Livro de Lisboa no final deste mês a apresentar o seu novo livro - O Livro dos Baltimore, que tem o mesmo protagonista. Não espero apaixonar-me da mesma forma duas vezes por um livro do mesmo autor. Mas estarei lá. O novo livro vem comigo. Assinado, se tiver que ser (mas mais porque o autor tem uma carinha laroca e a perspetiva de me chegar ao pé dele na fila não é aborrecida, do que propriamente por dar mais valor a um livro assinado).
E vocês? Vão resistir? Para a sinopse completa cliquem na capa que...vos leva direitinho à FNAC Online. Cuidado. Eheheh.
É que nas primeiras ecografias se veja que é um menino e as pessoas comecem a dizer que vou ter "um pilas". Mas porquê "um pilas" senhores? Porque não dizer menino, catraio, rapaz, futuro homem, espécime masculino? Um pilas...
É que se for menina também ninguém diz que vou ter "uma vaginas", pois não?
Hoje, no blog mais útil do mundo e arredores, falo sobre o foreign branding e como nos enganam a todos com esta técnica de marketing. Achas que não? A ti não te enganam? Então vai lá fazer o teste. E avisa se acertares em tudo...
Vocês sabem que eu, ao contrário de uma blogger comum, como pão. Ora o Naan é o melhor pão do mundo (que me desculpe o pão alentejano de côdea estaladiça e que neste momento também marchava muito bem). Se não comprovaram ainda isto, corram já para um indiano.
Foi precisamente este tipo de raciocínio guloso que me fez escolher o título "Os Himalaias em Lisboa! Gastronomia Exótica para Dois | Alcântara" enquanto navegava no site da Odisseias. O restaurante é Nepalés - e eu já tinha estado em nepaleses e..adivinhem?...Serviam naan! Em boa verdade não sei distinguir restaurantes indianos de nepaleses, mas como são vizinhos vou acreditar que a diferença é pouca ou nenhuma - íamos todos adorar que um estrangeiro dissesse isto de Portugal e Espanha, não era?
A rua do restaurante é escondida e feíta (ainda por cima fui num Sábado em que chovia a cântaros). Mas tive um sinal de confiança ao perceber que era mesmo ao lado dos Grelhados de Alcântara, já meu conhecido. O restaurante em si também é de decoração simples e não se daria dois tostões por ele - mas isso é apanágio dos melhores restaurantes indianos que conheço. Concentram-se na comida, é o que é!
Tivemos direito ao tradicional papari com os molhos de menta (o meu favorito), manga picante e agridoce. Aprendi que o papari é pão de lentilhas e este era muito mais fininho que os que como noutros restaurantes - até o Moço que não costuma gostar muito, afinfou no papari. Depois duas entradas: uma foi aquele cestão e naan que me durou a refeição toda (gosto de o juntar aos molhos da própria comida) e chamuçasau-point (mesmo bem feitas, estaladiças e nada gordurosas). E para pratos escolhemos os nossos já conhecidos e favoritos: Chicken Tikka Masala (frango assado em tandoori com especiarias, salteado com molho de coco, natas e castanhas) e Garlic Prawn (camarão salteado com molho de alho e especiarias). Também gosto muito do Korma, mas fica para uma próxima. E o longo arroz basmati também é muito bom (eu sou tarada por arroz branco) apesar de uma vez, ao comer numa esplanada de um indiano, e vendo o arroz misturado no molho, a minha irmã ter achado que eram vermes que lhe tinham caído no prato...
Agora deixo as imagens falarem por mim:
Comi que nem um abade (ou um monge, já que "estamos" no Nepal). E juntei este disfarçado Restaurante Danfé à minha lista de restaurantes a visitar de quando em vez. Se estão em Lisboa, façam-me um favor: espreitem aqui o voucher e digam-me se não acham que vale a pena a experiência!
O meu conceito de blogger é muito amplo e muito estrito. Amplo porque abarca qualquer pessoa que escreva para o público, numa plataforma criada para o efeito, de forma particular ou enquanto membro de um grupo. Estrito porque tenho aquela mania que quem não escreve os próprios textos não tem um blog (mesmo que lhe chame "o blog da Etelvina"), tem um site.
E acho que o que realmente une os bloggers do mundo, indepentemente da sua dimensão e regularidade de publicação, é a qualidade na escrita ahahahahahahaé a infinita paciência.
Paciência para aturar quem não gosta do que escreve, do seu tom, do seu header, do tipo de letra que usa, das suas opiniões, das pseudo-piadas, mas não consegue simplesmente retirar-se (já que não gosta), ou pelo menos ser educado na discordância, e tem mesmo, mesmo, de fazer terapia de grupo e falar ao blogger e ao mundo sobre isso, de forma a incluir a maior quantidade de ofensas por centímetro cúbico.
Paciência para escolher palavras que não ofendam a ninguém ou, se não as escolhem, escolher palavras de defesa, ou saber lidar com as consequências de dizer coisas tão graves como "não gosto de tapetes de arraiolos" - o que valeria talvez um revirar de olhos em público, mas vale ameaças de morte se o deixares por escrito num dito blog.
Paciência para as guerras de blogs que metem intrigas, mentiras, boatos, palavras feias, parco poder de encaixe, sentido de humor zero, exageros no grau de ofensa que era afinal para ser só brincadeira, invejas várias, falhas de comunicação, limites trespassados, desconhecimento do verdadeiro eu do próximo, diz-que-disses e afins.
Paciência para ser lido, no fundo, por quem não quer ler, nem consegue desviar os olhos (como se houvesse um acidente horrível a acontecer, mas somos compelidos a olhar até ao último esguicho de sangue).
Eu confesso que não sou uma pessoa muito paciente. Mas sou extremamente seletiva nas coisas a que dou importância e extremamente liberal nas coisas que deixo que me divirtam. Portanto vinde a mim, pastorinhos. Este espaço é de todos. Dos idiotas também. E, sim, estou a incluir-me no lote de idiotas. Afinal, de idiota e de louco todos temos um pouco.
Eu gostava mais de saber quem é que foi o cidadão ou filho de uma cidadania que riscou o nosso carro estacionado de uma ponta a outra enquanto saia do (ou entrava no) lugar ao lado. E agora, já me mandam a pulseirinha?
[Estou a ser injusta. Estava a chover, por isso o senhor ou senhora certamente não deixou um papelinho com os contatos para o dito não derreter no vidro e ser mais um estrago, não é? Estou a ver bem as coisas?]