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Maria das Palavras

A blogger menos in do pedaço, a destruir mitos urbanos desde 1986. Prazer.

10
Mai16

Espera

Maria das Palavras

- Vou esperar só mais um bocadinho. Sei que passa. Tudo passa.

- É verdade. Tudo passa. 

- Vou ter calma.

- Sim, tem calma.

- Já não posso fazer mais, nada, agora espero.

- Espera.

- Vou ser paciente hoje e amanhã vou ser feliz, quando isto passar. 

- Aí está o erro. Tens de ser feliz hoje, mesmo antes de passar.

 

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09
Mai16

Lá para a frente.

Maria das Palavras

Acho que sempre imaginei que lá para a frente seria casada e teria um casal de filhos. O dia em que esse dia deixaria de estar lá para à frente e estaria algures entre o hoje e o para a semana haveria de chegar quando eu fosse crescida. Aí haveria de ter o vestido de noiva pensado, se era corte império ou teria decote princesa, e os nomes das crianças escolhidos, qualquer coisa pouco vulgar, mas pouco estranha, que não os fizesse sentar muito à frente da sala de aula, nem muito atrás.

Esse dia nunca deixou de estar lá para a frente e oiço dizer que com trinta anos já se é crescida. Continuo a não querer reunir os amigos e a família para testemunhar um amor que me parece, muito legitimamente, ser apenas de duas pessoas. Continuo a não saber os nomes para o batismo daquele par de crianças que continua a fazer parte dos planos daquela altura em que eu já for grande e ainda não é hoje. 

É uma chatice isto de se crescer sem darmos por isso, nem o pedirmos, sequer o assumirmos. 

Ainda não aprendi nestes anos todos a lidar com as minhas próprias lágrimas, querendo ser sempre a cebola e nunca a dona dos olhos. Lá para a frente, quando aprender isso, talvez consiga pensar no resto. 

 

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05
Mai16

As obras de Santa Engrácia.

Maria das Palavras

O prédio onde moro está em obras desde que o conheço. Primeiro, restaurou-se a casa onde vim morar (essas livrei-me de as ouvir) e a partir daí todo um folclore de renovações em cada piso, por fora e do avesso. Não são todas as semanas, não. Normalmente calha naquelas em que o Moço trabalha durante a noite, para depois poder dormir ao som da quinta sinfonia do martelo e da opereta da rebarbadora.

Ontem o senhor do 2º esquerdo, um velhote de membranas de cataratas em cima dos olhos e calças muito subidas, veio bater-me à porta. Corrijo: veio espancar-me a porta e a campainha. Quando ouvi a pressa com que me chamavam (salvo seja, que nem ele sabe o meu nome, nem eu o dele) corri a abrir a porta e encontrei-o. Disse-me que caiu lixo da chaminé, por causa das obras [e eu com isso?]. Disse-lhe que fosse falar ao senhorio, que ainda aí andava. Indiquei-lhe as escadas, onde ele podia encontrar as pessoas que de facto tinham alguma coisa que ver com o assunto e podiam ajudá-lo. Ficou especado à minha porta. Com modos brutos, a dizer que lhe caiu lixo para cima do fogão [e eu com isso?]. Note-se que estamos a falar de uma pessoa com quem nunca troquei mais que bons dias.

Fui com ele, entre a pena do senhor que se via atrapalhado e a vontade de o mandar à fava, porque pode ser idoso, mas não lhe fiz mal nenhum, nem vi motivo para me bater à porta [o que é que eu tinha a ver com aquilo?], quanto mais para ele estar a falar comigo como se eu fosse a sua neta mal comportada.


Lá entrei na casa com muitos tapetes, como a da minha avó, e depois na cozinha. Lá vi a fuligem em cima do fogão. E agora como é que eu faço o jantar? atirava ele, voz grosseira.  Eu pensei, não quis dizer, que o vigor que não lhe faltou para me deitar a porta abaixo, podia usá-lo para limpar a fuligem. Não quis ser malcriada, como ele foi. Ele continuava na expetativa não sei bem de quê: que eu lhe limpasse o fogão? que lhe fizesse o jantar? que fosse remendar a chaminé ao telhado? que pedisse desculpas de joelhos por algo que eu não tinha feito?

Fui chamar as pessoas que podiam tratar do assunto, os senhores das obras que garantiram que já iam parar, que iam ligar ao senhorio a explicar o sucedido e chamar a senhora da limpeza que por ali andava para acudir ao fogão. Saí de fininho. Estou convencido que ele queria que eu ficasse até começar a fazer o jantar.

 

Mas estas obras nunca mais acabam?...

 

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04
Mai16

O conforto das coisas que não mudam.

Maria das Palavras

Ir à feira de Maio de Leiria e ouvir, como todos os anos antes deste, a senhora que vende bilhetes para o Mega Dance* gritar: AGORA À VELOCIDADE DO SOL!

 

Velocidade.

 

Sol.


*(uma daquelas diversões com cadeiras rodopiantes, altamente inseguras, na qual desta vez obriguei o Moço a andar e ele quase desperdiçou o almoço por isso) 

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