De Sábado para Domingo ele não dormiu em casa e eu aproveitei a ausência dele e de dois graus de temperatura para voltar a dormir com a colcha em cima. Dormi mesmo bem. Tão bem. Haverá boa gente que me compreenda: não tem a ver com temperatura, tem a ver com conforto. Sentir o peso uniforme da colcha aconchega e remata os ingredientes da receita de um sono tranquilo.
Ontem voltou o Moço. Contei-lhe disso do conforto de voltar à colcha na noite anterior. Ele fez olhos de cãozinho abandonado, que morreria de calor e eu (que gosto de escolher as minhas lutas) acedi. Dormimos sem colcha, mas ele prometeu que me aquecia a noite toda. Não tem a ver com calor explicava eu. Sim, sim, ele fez que percebeu.
Portanto esta noite dormi sem colcha, mas sempre com um membro do corpo dele em cima, a fazer peso. E agora quem é que lhe explica, assim em palavras mais meigas, que dormir com um braço, uma perna ou um bocado de torso em cima a noite toda, faz parecer mais que me envolvi num acidente de viação grave do que propriamente que dormi com colcha?
[Estejam à vontade para fazer desta caixa de comentários o vosso muro das lamentações das noites mal dormidas em casal.]
Estou muito deprimida. Só mesmo naquele universo das depressões relativas (e inexistentes) em que de facto a minha vida não muda por causa disto. Mas as pessoas gostam de chamar depressão a tudo (depois admiram-se de não perceberem de facto o que é uma depressão) e hoje também vou cometer esse erro. Neste últimos dias descobri mais um par de blogs para lá de bons (já bastante conhecidos, eu é que nunca lhes tinha dado a devida atenção). Daqueles exatamente como eu gosto, com coisas que podia ter sido eu a dizer e um tom que até identifico com o meu - só que em bom, mesmo. E parece estúpido porque eu continuo convencida que isto do blog é só um hobbie que me faz sentir bem, porque posso dar largas à parvoíce e disciplinar-me a escrever diariamente que é uma coisa que me faz mesmo muito bem. Depois divirto-me com as vossas reações, faço amizades e tenho umas quantas borlas, o que são efeitos secundários magníficos, mas o meu ben-u-ron é mesmo a parte que só tem a ver comigo, confesso. Então descubro estes blogs e penso "rais'parta, também queria ter escrito isto e tenho de fazer mais posts assim como aquele que já fiz há não sei quanto tempo e porque é que não me lembrei primeiro de contar isto assim". Nenhum deles está na final dos Blogs do Ano, já agora. E por um segundo parece-me que o motivo para pensar isto é que quero que as pessoas saibam que tambem posso tentar ser assim tão engraçada. Mas se for honesta comigo, o que que quero mesmo é saber, de mim para mim, se consigo ter alguma ponta de graça. A seguir pergunto-me se ter graça é assim tão importante. Afinal vivemos uma vida a aprender que cair em graça é que é. Pronto, estou deprimida-entre-aspas - e esta é que é a verdade - porque sei que não sou assim tão original, é isso. Apesar de continuar a ser autêntica - como a cerveja que não bebo.