No dia 1 de manhã (é discutível chamar manhã àquela hora) olhei para os emails, na cama, no telemóvel, enquanto o Moço preparava o nosso primeiro pequeno-almoço de 2017 (é discutível chamar pequeno-almoço a uma refeição àquela hora).
Deparo-me com o email de um amigo a dizer: estive a um milímetro de te ligar a dar os parabéns. Depois da minha interrogação novo email: pergunta ao Moço sobre o que ele publicou no Facebook...
O que se passou foi o seguinte: ele adicionou o Moço no Facebook nessa semana e no dia 31 o Moço publicou uma foto da ecografia.
O que realmente se passou foi o seguinte: ele adicionou alguém que pensou ser o Moço no Facebook nessa semana e o no dia 31 alguém que não era o Moço publicou uma foto da ecografia.
A ecografia nem era de um bebé, era uma daquelas imagens a enganar em que de facto era o fígado e alguém a dizer que estava de parabéns porque estava tudo bem com as análises e estava preparado para a passagem de ano. Tipo isto:
Mesmo assim comecei o ano com um momento de "abananamento" por causa do meu amigo que 1) confundiu o Moço com outra pessoa qualquer e 2) não leu a publicação até ao fim à primeira. Hein?! Parabéns?! Quem é que engravidou quem? Moçoooooooo!
Ontem a fazer um jantar é que me bateu. Enquanto estava a preparar a carne tive mil vezes o impulso de ir buscar um chocolatinho pequeno, uma batata frita, uma bolacha para entreter a fome. Nada de mais, só qualquer coisita. Só que não podia. Ou melhor, prometi a mim mesma que não o faria. No que me fui meter?
Há uma coisa que ele faz bem (quando lhe interessa) que é ouvir-me. Não me ouve quando lhe digo que não pode deixar o tablet no sofá que um dia me sento em cima dele ou quando digo que não posso ser só eu a preocupar-me se há comida para os dias seguintes, mas (já não é mau) ouviu-me quando eu disse há um par de semanas que ele já não me levava a sítios novos. Temos ido a muitos é verdade, mas mais por minha iniciativa.
Então disse-me: na Sexta vamos jantar, quero que estejas pronta para sair antes das 20h. Nem pensei que era a véspera do fim-do ano e portanto a véspera da noite em que nos começámos a dar bem (ou mal, é discutível). À hora marcada estava pronta e sem saber o destino. Sem medos. Quando estacionou, ali na zona de Marvila, a fachada mais gira que a minha vista alcançava era esta:
E foi aí que fomos. Ao El Bulo - Social Clubby Chakall, um restaurante de comida peruana. Um espaço grande e muito agradável, com aquecedores de rua (já que é tipo armazém), atendimento simpático e comida absolutamente deliciosa. Tinha de partilhar convosco. Foi caro? Perguntam vocês a tremer ao ler o nome de um Chef reconhecido. Um bocadinho (dependendo de onde costumam ir, até podem considerar barato). Mas sabemos que era um jantar de ocasião (e comemos MUITO bem) pelo que 30€ por cabeça não me pareceu nada exagerado. Já vos conto o que comemos.
Pedimos um Cao Cao de Gambas (com batata doce e malagueta) para entrada que estavam coisa de Masterchef (beautifully cooked), partilhámos o Duo de Bacalhau, com uma crosta finíssima de ervas e azeitonas, acompanhado de puré de grão e beterraba (porque ainda não nos fartámos de bacalhau na época festiva, parece) e um Ojo de Bife Argentino do demo. Carne super suculenta. Como foi tudo para dividir, a senhora que nos atendeu teve a simpatia de nos manter a carne aquecida enquanto devorávamos o bacalhau, o que foi além da obrigação dela, porque não tínhamos pedido isso antes. O restaurante advoga comida simples, e é verdade que é simples, mas a tirar o máximo partido do sabor dos ingredientes. E bebi um Mojito de Kiwi sem alcoól (YEY! bebidas virgens catitas) e a água vinha numa garrafa mais bonita que as de vinho e já vos falo do detalhe apaixonante.
A sobremesa! Sabem quando a refeição foi boa e a sobremesa já entra a dilatar o estômago até ao pescoço, mas apetece uma doçura para acabar o jantar? Quase nenhum restaurante tem isto: mini-sobremesas. Como aquele Magnum de sobremesa pequenino que vem com o café, da carta da Olá, sabem? Pois bem, o El Bulo tem! Uma bolacha com recheio de doce de leite (por 2€) que é uma delícia. Fiquei com vontade de enviar cartas a todos os restaurantes do mundo para fazerem o mesmo! Adorei.
E pronto. Depois o Moço ainda tinha visto um bar porreirinho para irmos, mas já me estava a dar a preguiça e viemos antes para casa ver Masterchef (para combinar com a refeição de luxo). Fica a recomendação. É de lamber os dedos. Mas não façam isso. A não ser que ninguém esteja a ver.
(as pessoas não têm cara de Voldemort, eu é que as desfigurei para o caso de estarem com a segunda família ou num encontro secreto)
"Vou só deixar a porta encostada um bocadinho". Quem já proferiu ou ouviu estas palavras?
Estava em casa, agora ao fim da tarde, e tocam à campainha. Cá mesmo à porta. Olho pelo buraquinho da porta e vejo a mochila. Assumo logo que é o neto do vizinho, até pela urgência do toque e abro a porta sem perguntar que ele pode precisar de qualquer coisa. Bem estúpida. É que podia não ser o neto do vizinha e ser uma drogada qualquer.
E era mesmo.
Vocês desculpem-me o termo usado assim: "uma drogada", ainda por cima "uma qualquer", mas ainda estou melindrada do episódio e de facto o aspeto indicava algo do género. Uma senhora encasacada, um pouco molhada, com ar acabado e lábios muito secos. A mochila que me enganou às costas.
Começa a lengalenga. Se lhe dou uma moeda. Que está muito doente e está a chover. Que vem ou vai para Tomar, sei lá, e o bilhete são dez euros. A ladaínha reconheço-a da gare dos Expressos, a mulher talvez também.
Eu com a porta só um pouco entreaberta a ouvi-la e a única coisa que consigo pensar é que raio de travadinha me deu para ter aberto a porta sem perguntar nada. Estou só a querer fechar a porta, arrependida e nem penso logo (ocorreu-me depois) que ela até podia ter mais caparro, ter uma navalha, que me podia ter feito mal, que podia ter-me entrado em casa.
Tenho um ar consternado que não consigo evitar. Peço desculpa e digo que não posso [dar a moedinha] e vou fechando a porta quando ela me pergunta:
"Mora aqui sozinha?"
Era uma ameaça, mesmo que o tom fosse o mesmo da doentinha que pedia a moeda. Acho que foi aí, já de porta cerrada que me caiu a ficha e percebi o que tinha feito ao abrir a porta - o que tinha arriscado.
De repente, não me pareceu tão inocente que às vezes eu chegue a casa e a porta lá de baixo esteja aberta. De repente apetece-me esbofetear o vizinho, ou o carteiro ou o senhor das obras do primeiro andar que podem ter deixado a porta aberta.
Vocês que me lêem, podem por favor, nunca mais deixar a porta aberta só por um bocadinho? E já agora, não cometam o meu erro também.
Escondi as gomas e os Ferrero Rocher que estavam em cima da bancada da cozinha desde o Natal (no armário das ferramentas). Pensei que talvez não fizesse mal comer só um de cada porque ontem não comi tantos como tinha planeado. Ninguém ia saber. Mas eu ia saber. Porra.
De resto ainda não houve grandes diferenças. Já passaram 14 horas de 1584 sem porcarias e ainda não arranquei nenhum cabelo. Melhor que o esperado.
Eu sei que não vos interessa, porque por entre os blogs e o Facebook pessoal toda a gente já fez os seus balanços do passado e declarou os seus desejos do futuro. Fartinhos disso devem andar vocês (e eu). Este é um texto que vocês não precisam de ler, mas eu preciso de escrever.
Ontem foi um dia calmo, a dois. Demorá-mo-lo o mais que pudemos. Não quis ir ver o mar, nem o céu, ficámos só a ver o mundo um do outro. Não temos esta oportunidade muito frequentemente e talvez fosse o meu primeiro desejo do novo ano. Na minha cabeça não foi tudo tão tranquillo e senti a pressão de um dia que tinha de ser perfeito para lançar os outros 364. Sem ser supersticiosa ou acreditar em sinais, pedi ao Moço que expulsasse a mosca do quarto para não servir de mau agoiro a 2017. Quis ver filmes que não acabassem mal. Ainda assim, as coisas que me preocupam vieram ter comigo uma por uma. Não estavam de saída no ano velho. E passei o dia a aceitar que sabia isso e não faz mal. A única coisa que espero de 2017, verdadeiramente, é que não seja pior que 2016, morram os famosos que morrerem. Se assim for, na próxima passagem de ano também bato com os tachos.
Panquecas com ovos e bacon frito ao pequeno-almoço. Croissant com Nutella a meio da manhã. Lasanha ao almoço. Waffle com gelado e topping de caramelo e chocolate branco (meio-meio) à sobremesa. Pizza a meio da tarde. Aperitivo para o jantar: croquetes. Hamburgão com batatas fritas e milho e alho ao jantar. Hagen-dasz (macadamia nuts) para sobremesa. Um Snickers com meio Twix para a ceia e milho frito e/ou Futebolas para acompanhar um filme no sofá. Se houver fome entre refeições aplicar macarrão com Brie ou sobras do Ano Novo.