Creio que a minha paixão por máscaras cresceu com o meu sentimento de culpa: nem sempre usos os cremes, nem sempre limpo a pele, nem sempre faço limpezas profissionais como devia (bem me lembro do último trauma) então de vez em quando pego em mim e uso uma máscara. Não das de Carnaval, embora o moço pudesse apreciar uma enfermeirinha, mas mesmo das de pele.
Essa bonita foto, mostra as que moram cá em casa agora (mentira, tirei-a no Sábado e logo a seguir usei a de lábios e uma de olhos). Acho que nunca tinha tido tantas acumuladas, mas agora que tenho voltado a fazer mais compras ao vivo em vez de online, sempre que passo por elas no limiar do supermercado parece que as oiço num canto de sereia.
A maior parte é do Continente, aquela do frasco pretinho quente e frio é da Sephora, uma é da Primark e as úlimas são de uma promoção da KIKO. Todas sem exceção são compras por impulso. Aquela vozinha da consciência no ombro diz-me:devias tratar bem da tua pele. A do outro ombro responde: resolve isso com uma máscara de vez em quando e ficas despachada.
Claro que não chega, mas ajuda. Escolho exfoliantes e purificantes por causa dos meus poros que parecem o poço que o meu avô tinha no quintal, mas também tenho hidratantes (compensando a outra parte da culpa: a vozinha de um ombro diz que tenho de beber mais água e a vozinha marota do outro diz para acachapar uma máscara hidratante na face que custa menos). Se fazem alguma coisa? Não sei...mal não hão-de fazer. Sei que quando acabo de seguir as instruções e retiro a folha, o creme, o grumo, a pele está super sedosa. A longo termo? Deve ajudar, mas não tenho provas.
Gosto mais de aplicar as de papelinho encharcado - preguiça dentro de preguiça - porque dão menos trabalho: abro a embalagem e pespego a toalhinha húmida ao rosto pelo tempo indicado. Mas creio que noto mais efeito (pelo menos imediato) na pele quando uso as outras, de besuntar e retirar com mais calma.
E o Moço não se assusta com essa bonita figura? Não goza contigo por ficares a parecer um texugo?
Ora bem, lido lindamente com essa questão. Faço quando ele não está por perto. OU obrigo-o a fazer também - pelo menos no pedaço de cara que a barba deixa sobrar. E que homem ia gozar com a namorada, se ela puder dizer aos amigos que ele faz máscaras de beleza em casa?
Ele, sem admitir, adora. E eu também gosto - sinto que estou a brincar às bonecas.
Ontem. O Moço saiu para apanhar o comboio até ao Dragão onde vai ver o jogo. Eu fico, que o bilhete de graça era só um. De borla até injeções na testa. Troco a roupa da rua por metade-pijama metade-roupa-de-ginástica (que devia chamar outra coisa qualquer visto que só tenciono rebolar os olhos). apanho o cabelo num nó alto e desfeito. Ponho uma máscara nos papos dos olhos e outra nos beiços (das de hidratar, não do carnaval). Auscultadores dos grandes nos ouvidos - dos grandes que não sei dos outros - para ouvir melhor uns vídeos de som baixo. Vejo-me no reflexo do tablet ainda escuro, olho por mim abaixo e penso: se ele voltasse agora a casa porque se esqueceu de qualquer coisa...matava-o do coração com o susto.
Sentei-me para escrever um pouco e assegurar-me que mantenho o blog atualizado. Abri o editor do Sapo, a página de Facebook, o email - tudo do blog. Já foi há uns 40 minutos. Ainda não escrevi um único post. Estive a responder a emails de leitoras (não são muitos, mas são enormes em importância), a comentar isto e aquilo com as minhas amizades do blog (para a vida), a responder a alguns comentários que deixei para trás mas não queria, a aceitar desafios.
Ainda não escrevi uma linha de um post (senão estas agora), o meu tempo esgotou-se, mas mesmo sem vos contar o que queria como queria, já tenho o coração cheio de blog. Toda a gente devia arranjar um.
Não tinha posts agendados, nem rascunhos de salvaguarda. Nem ideias, nem notas no telemóvel, nem tempo, nem paciência. Nem acesso ao computador por muito tempo.
Era o dia em que ia falhar, pela primeira vez em três anos de blog, e não publicar nada em minuto algum das 24 horas.
Mas mesmo sem ter nada para dizer e a escrever no telemóvel, como não gosto, aqui fica para a posteridade: o dia em que mesmo sem escrever nada de significativo não falhei, porque isso me parecia o início do fim e não me ia permitir acordar descansada (já estabelecermos que dormir, durmo sempre).
Para contar qualquer coisa: vou agora à tal da Feira de São Mateus, que me prometem ser fenomenal, e estão lá aqueles tipos cujo nome da banda tem três letras e que cantam "o amor é assiiiiiiiim...na na na na pra miiiiim". Mas tudo o que eu quero é que haja um gelado de máquina - morango e baunilha - de sobra para mim. De lá hei-de trazer histórias para vos contar amanhã.
Quando recebi o convite da Alzheimer Portugal disse que tinha muito que fazer e recusei delicadamente, mas depois o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa (entre outras figuras públicas, como a Fátima Lopes ou a Isabel Angelino) fizeram pressão e disseram que só participavam se eu também entrasse na iniciativa. Não tive hipótese.
Portanto foi como muita honra que me juntei a uma excelente iniciativa da associação Alzheimer Portugal, que visa que partilhemos memórias que queremos guardar para sempre. Como sabem é algo que me diz bastante - talvez por isso goste de escrever para recordar - pois apesar de não ter ninguém próximo com esta doença, é uma das que mais me toca.
Vejam a minha história para guardar (se virem os outros vídeos já partilhados desde o início do mês, percebem como sou a ovelha negra do grupo, até no que escolhi partilhar) e juntem-se ao desafio também: gravem também um vídeo em que comece com "A memória que eu gostaria de guardar...", partilhem com as hashtags #memoriasparaguardar#passeiodamemoria e #alzheimerportugal (ou se preferirem, escrevam, vá, se preferirem, o que interessa é que se juntem a esta causa que pretende pôr esta doença em destaque para que a doentes e cuidadores seja dada a devida atenção e apoio).
Eu tenho um equilíbrio delicado entre a roupa passada e por passar. A minha mãe veio cá e estragou tudo. Passou-me um monte de roupa a ferro. Esvaziou-me a percentagem de roupa que pertence ao cesto de amarrotados. Agora não tenho onde a guardar toda.
Se as respostas são, respetivamente, sim e não, vamos já resolver isso. Prepara as pipocas (ou os cajus, na minha versão de pessoa que não gosta de pipocas) e instala-te no sofá.
The Fundamentals of Caring é a minha sugestão. O nome sonante é Paul Rudd, a participação especial é a Selena Gomez (tentem ignorar isto), mas a verdadeira estrela para mim é a interpretação de Craig Roberts. Os dramas de cada um cruzam-se com uma boa dose de humor negro. A lição final, adianto já, é "a vida é uma m*rda, ok, mas façamos o nosso melhor para viver para além disso e tirar partido dos nossos dias". Realista q.b. para mim (claro que tem os seus momentos "oh, por favor, como se isto fosse assim na vida real"). Não é uma tragédia de chorar - ou então sou eu que não choro a ver filmes - nem tem o otimismo parvo de alguns destes filmes que lidam com limitações de saúde e pintam a coisa como se fosse fantástico.
Ah, a sinopse? Não dou. Confiem em mim, não leiam sobre o assunto, não vejam o trailer. Dêem margem à descoberta. Deliciem-se.