31 e o ano que tem sido
O futuro é quase sempre diferente do que temos na cabeça. Quando eu tinha dez anos imaginaria, sem pensar muito no assunto, que aos 30 estaria casada e com dois filhos nos braços (podia ser um casalinho, aquela coisa de capa de revista). Aos 20 isso que imaginava aos 30 talvez fosse apenas lá para os 40. Aos 30 tinha a certeza que dois filhos nos braços (dois?!) me parecia mais do que o recado que consigo dar conta numa vida inteira. Mas estava bastante sossegada na minha vida com problemas q.b., mas estável q.b.. Imaginava que, com algumas situações finalmente resolvidas e o acalmar das intermitências, 2017 se desenhasse como um ano calmo, sem grandes novidades, talvez o que precisava para depois querer dar umas mexidas. Não completamente, afinal sabia, por exemplo, que era naquela mesma rua de Lisboa que me via a morar para sempre. Como se o para sempre existisse. O fim de Janeiro trouxe o fim da vida como a conhecia. Não o digo no mau sentido, embora também não o diga no ótimo. E perdoem-me se estão cheios de que fale destas mudanças, mas estes quase dois meses foram quase dois séculos, num percurso novo que agora está outra vez cheio de buracos por preencher. O que vale é que com os meus 31 também já ganhei alguns calos. E a calma de saber que nada sei. E com ou sem sapatos, ora porra, vamos a eles.