Das expressões: Suar em bica
Imagino sempre uma pessoa a espichar água do peito, como num filme de Tarantino se espicha sangue. Bonito.
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Imagino sempre uma pessoa a espichar água do peito, como num filme de Tarantino se espicha sangue. Bonito.
A não ser que a vingança seja um prato de arroz de tamboril, que se quer ainda a borbulhar (e arroz de tamboril não é tanto vingança, como recompensa), quem dera a muita gente que a vingança se servisse fria.
A vingança serve-se quente, do sangue a ferver, do ódio a latejar, da fricção que faz fogo de pauzinhos e deixa tudo a arder. E, sendo bem sucedida, deixa queimadura.
Vai daí que eu acho que quem criou esta expressão nunca sentiu sede de vingança ou nunca a sofreu na pele.
[Juro que não estou a pensar fazer mal a ninguém, só bati de nariz com a expressão e percebi que não via sentido nela.]
Ri-me como se não houvesse amanhã quando ouvi o meu pai "irritado" com a minha mãe a dizer-lhe:
- Mas tu tens de meter o fedelho em tudo?
Chego a casa e conto ao Moço. Rio-me e pergunto-lhe:
- Sabes o que é que ele queria dizer, certo?
- Sim! Meter o dedelho!
Larguei a rir outra vez. Pior a emenda que o soneto. Ou, para entrar na mesma onda...apetece-me citar aquela anedota em que uma família visita um jardim zoológico (e mata várias expressões populares de uma só tirada):
O filho mais novo diz:
- Olha um 'trigue'!
O irmão mais velho responde indignado:
- Não é nada um 'trigue', é um 'leopoldo'!
A mãe surpreendida pela inteligência comenta:
- Pior a ementa que o cimento!
O pai para concluir tanta inteligência:
- Quem sai aos seus não é de Genebra!
Para esclarecer de uma vez por todas, a expressão correta é "meter o bedelho" e é equivalente ao "meter o nariz onde não é chamado". O bedelho é, segundo a Priberam, uma tranqueta de uma porta, ou um pequeno trunfo num jogo de cartas, ou...sinónimo de fedelho!
Portanto o meu pai usou mal a expressão, mas não deixou de ter ali uma coerência e um nível de correção quando substituiu uma palavra por outra. Também encontrei a expressão "meter o dedelho" nalguns sites brasileiros, mas nem consigo perceber se existe mesmo ou são outras pessoas a fazer um uso incorreto da expressão, por isso quem souber melhor que eu, avise.
Portanto na dúvida, não metam o bedelho, nem o fedelho, nem o dedelho...nem o nariz...no que não for assunto da vossa lavra.
Blargh.
Ouvi de um comentador de futebol. Aquele que está agora a relatar a vitória do Sevilha na Liga Europa (o Dnipro - santinho - é que merecia, e não estou a dizer isto só porque um dos jogadores deles caiu em campo assim do nada).
Entra o jogador X e ele diz que aquele costuma "molhar a sopa", como quem diz que vai marcar um golo.
É metáfora, é pleonasmo. É preciosa. E pode ser marota. Da forma que o comentador a disse, hesitante e atrapalhado, com um " ai, vou mesmo dizer ", juro que ele corou. Não, não se vê a cara dele. Mas creio que a mulher dele costuma ficar vestida.
Também não é com mel. É logo com um mata-moscas no focinho e não se fala mais no assunto.
O difícil não é encontrar alguém que nos queria iluminar sobre determinado tema. É que às vezes a luz vem de uma lâmpada fluorescente de 15 watts de potência. Ficamos na mesma.
Não engorda, mas atiça a produção de saliva (que chega a níveis preocupantes que podem provocar afogamento) e esbugalha os olhos a ponto de acharem que estou louca ou a ter um ataque cardíaco.
Passem-me um waffer com gelado (ou uma foto bem escolhida do Ian Somerhalder) que eu mostro como é.
Qual foi a última coisa (ou ser) que comeram com os olhos?
O tanas.
Note-se que isto engana. Diz-se que "não faz mal a uma mosca" de quem é tão boa pessoa que jamais faria algo para magoar outrém.
Mas na maior parte das vezes quem não faz mal a uma mosca, não tem falta de intenção para fazer mal à bicha. Só não consegue é acertar-lhe.
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