A minha irmã apanhou uma faringite desgraçada este Natal e, em plena noite da consoada, mal falava e mal comia. A situação não é para rir, claro, mas (estando a situação controlada) foi impossível controlar o riso quando o meu pai a convencia que não fazia mal passar assim o Natal, que tinha a família junta, a casa enfeitada, a sorte de ter prendas para abrir. No fundo, queria consolá-la dizendo que mesmo sem cantar ou afinfar os dentes no bolo de bolacha que tinha pedido especialmente, o Natal que ela tanto gosta continuava a ser o Natal. Que mais poderia querer ela? Questionou.
E responde ela, em esforço, de forma muito sofrida, dizendo aquilo que dizemos mais ou menos da boca a toda a gente, mas ela queria mesmo:
O meu pai perguntou-me quando eu estaria de férias. Só porque sim, por estarmos perto do Natal. Quando começaria a pausa, perguntou-se ele. Uma pergunta que me causou estranheza. Férias de Natal tiram-se na altura da escola. A vida agora não pára para eu passar uns dias aninhada a ver filmes no sofá, sem mais responsabilidades. Uma pergunta tola, "ó pai, que pergunta, já não há isso de férias de Natal".
E agora que estou afincadamente a trabalhar em tudo o que tem de ser feito esta semana, lembro-me da pergunta do meu pai e faz sentido, afinal. Não queria estar a fazer nada que não fosse gozar esta altura encantada do ano. Em que tudo são luzes, passeios frios, lareiras quentes, família, amigos e postais trocados. Quero parar que seja uma vez por ano para apreciar isso. E apenas um fim-de-semana mais o dia 25 parece pouco para apreciar as coisas mais importantes da vida.
Eu tenho um equilíbrio delicado entre a roupa passada e por passar. A minha mãe veio cá e estragou tudo. Passou-me um monte de roupa a ferro. Esvaziou-me a percentagem de roupa que pertence ao cesto de amarrotados. Agora não tenho onde a guardar toda.
Talvez seja ridículo dizer assim, porque se costuma dizer isso dos filhos, mas uma das melhores coisas que o Moço me deu foi este sobrinho do meu coração. E tenho a certeza que o sobrinho também aprova a escolha que o tio fez, pelos abraços que me empresta e por me fazer prometer sempre que me vou embora que "amanhã outra vez, 'tá bem?".
E agora que, cada vez mais, tenho de dizer que ele é uma criança e não um bebé, com três aninhos acabados de fazer, agora que me mudei para longe e o vejo menos vezes, bate um medo irracional e penso muitas vezes numa coisa muito simples: e se ele nunca mais adormece ao meu colo?
Um clássico dos verões que fui perdendo com a idade é o acto de ir à praia com os meus pais. Coisa que se proporcionou num Sábado deste Agosto: eu, eles e a pequena (a minha irmã que pode ter a idade que queira, será sempre a bebé), como nos bons velhos tempos. E, minha boa gente, pouca coisa mudou com o passar dos anos. O meu pai continua a ler o jornal sentado numa cadeira que eu roubarei na primeira oportunidade que tenha, comentando as notícias para ouvirmos todas, a minha mãe continua a pôr-se ao sol com o bronzeador de proteção baixa nas esperança que seja depois dos 50 que algum bronze lhe pega, a minha irmã chateia toda a gente para fazer jogos até que alguém ceda e eu só quero estar sossegada com o meu livro, com a menor proporção de areia por centímetro quadrado de pele que me seja possível obter.
Boas ou menos boas, há coisas que não mudam numa ida à praia com os pais e estas são apenas algumas delas:
1. Levantar com as galinhas.
Somos os primeiros a chegar à praia e eu apronto-me logo a desistir: está nevoeiro, não está calor, o tempo está horrível, vamos embora. Enquanto eu protesto, eles vão montando o estaminé. Com brio, afinal, ficaremos por muitas horas, muito para além da minha paciência.
2. Não temos um lugar na praia, temos um acampamento.
Temos um chapéu de sol por cada duas pessoas (com pincho!), toalhas de sobra, pára-vento, e cadeiras dispostas de forma a fechar o círculo familiar.
3. A praia pode ser um restaurante dos mais capazes.
Há pastéis de bacalhau acabados de fritar (mais especificamente 24 para 4 pessoas), pão fresco, queijo e presunto, fruta e bebidas à decsrição. Podia pensar-se que não, porque a geleira ficou em casa, mas quem tem uma mãe, tem tudo. Tudo = alguém capaz de fazer aparecer um coelho guisado dentro de um nécessaire. E não há areia que chegue à sande! Na hora da refeição monta-se um festival de toalhas de praia ao centro, encimadas pelo toalhinha bordada com galinhas (foto real, acima) sobre a qual repousará a refeição.
Conclusão: li cerca de um capítulo em 36 horas de praia (sim, foi só uma manhã e tarde, mas pareceu-me muito mais longa, a jornada) apesar de ter estado com o livro à frente durante todo o tempo. Concentração impossível, risota total. Venham mais.
Compraste isso? Achei que isso era velho...que a senhoria tinha deixado aí e ias devolvê-lo. Não combina com nada. O amarelo desta almofada nem sequer é igual. Pronto, está bem. Como queiras. Mas não fica nada bem.