Às vezes vazio é mesmo sinónimo de cheio: cheio de tudo o que não interessa e não nos faz feliz.
Estar-se vazio é estar-se preenchido de tudo o que não era o que precisávamos naquele momento. Ter uma agenda em roda viva e não ansiar por nenhum dos apontamentos sublinhados. Ter tudo ao alcance e nada na mão. Ou ter tudo na mão e ter de largar para bater palmas a um espetáculo para o qual nem queríamos bilhete.
Mas, como eu costumo dizer: se estiver tudo vazio, menos o frasco da Nutella, ainda há esperança.
Temos todos pressa. Pressa para chegar ao trabalho, porque adiámos mais 5 minutos o despertador (por muitas vezes e nos atrasámos). É que até tínhamos pressa para ir dormir, mas distraimo-nos, a tentar apressar as lides do dia seguinte. Pressa para chegar ao café onde nos encontramos com outros amigos que chegam atrasados e depois se despedem à pressa (porque têm pressa, pois claro). Pressa para comer de tudo durante o brunch, que aquilo é pequeno-almoço e almoço, mas já não é jantar. Pressa para ter a última i-Coisa mesmo ainda com o preço inflacionado pela estreia. Pressa para ver aquele filme no cinema e afinal já nem apanhámos o início, mesmo tendo jantando à pressa. Pressa para despachar aquela chamada para a seguir fazer outra - e em nenhuma delas nos lembramos de saborear a conversa e perguntar como estava o amigo do outro lado (deixa lá, ele também estava com pressa). Pressa de saber a resposta a cada pergunta e lá vamos nós ao Google em vez de puxarmos pela cabeça ou vivermos a solução, sabermos pela experiência. Pressa para crescer e depois pressa para voltarmos a ser pequenos - e já não dá. E depois apressamo-nos a dizer que a vida passa a correr. Quando somos nós que estamos sempre com pressa.
Baby M. não tenhas pressa. Para isso já cá está o resto do mundo.
Nenhuma outra palavra exprime assim, em simultâneo, cobardia e coragem.
(isto a propósito da morte do Robin Williams, uma daquelas pessoas que para mim nunca iam morrer - não era um ator, era as personagens todas que encarnou)
A propósito deste post delicioso d'a Gaffe, com uma citação de Oscar de la Renta (e o seu comentário muito pertinente), lembrei-me de uma frase que repito muito e que para mim define elegância (nas maneiras). Também não é minha, mas não sei de quem é, só que a peço muitas vezes emprestada:
E também acrescento sempre baixinho (porque às vezes temos de descer do salto e perder a pose):
Às vezes o que é preciso é imaginar públicos diferentes.
Eu é que sou - de fama, sei lá de proveito - "a-que-tem-jeito-para-as-línguas", mas tu é que dizes sempre as palavras certas no momento exato. Tu é que me roubas a respiração e qualquer discurso em cinco letras e um hífen.
E, diz quem sabe, em português dizer que se ama custa mais. Amo-te é mais pesado que I Love You ou Je T'Aime.
Uma palavra tão pesada...e a p*ta da leveza com que a dizes.
Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário. Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas. Se achar que precisa voltar, volte! Se perceber que precisa seguir, siga! Se estiver tudo errado, comece novamente. Se estiver tudo certo, continue. Se sentir saudades, mate-a. Se perder um amor, não se perca! Se o achar, segure-o!
FERNANDO PESSOA
Quando não tenho palavras para descrever algo, peço-as emprestadas a génios (mesmo que sejam génios bêbados, como o 'Nando).
Mudança. Só sei dizer que está a chegar, meio forçada, meio por iniciativa própria. E que gostava de ter uma bola de cristal para prever o que trará essa mudança para mim. De cristal, só tenho mesmo um conjunto de copos que me deu a minha avó e consegui partir logo um, no dia que os arrumei no armário. Ainda bem que sou imune a presságios.
Eu que sou pouco crente, costumo dizer: seja o que D(eu)s quiser.
A vida passa por nós agitada, os dias sucedem-se, a rotina (que eu não odeio) deixa espaço para pouco do que não está no plano diário e semanal. Por isso hoje tirei o dia. Porque posso. E ele também. Não chegou ainda a semana de férias. Não temos nada marcado, nenhum evento para ir.
Minto. Temos preguiça marcada. Pequeno-almoço na cama. Fazer o que nos der na telha por 24 horas. Ir à praia ou não ir. Sair ou ver filmes. Esta terça-feira vai ser Domingo, porque nós queremos.
O Domingo é quando um Homem quiser.
[* Domingar: tirar o dia para ceder aos teus caprichos, mesmo que isso se traduza em não fazer nada e estar de pijama o dia todo.]
Mesmo sem estudar as raízes etimológicas da palavra há algo que me parece muito óbvio. É preciso um motivo.
Venha o esforço, o sacrifício, o trabalho árduo, a dedicação, a entrega, em prol de um objetivo. Um objetivo altruísta, ou egoísta ou que-dê-para-todos-ista.
De uma vez por todas: MEDO E RECEIO SÃO SINÓNIMOS. É porque as sílabas são mais harmoniosas que vos parece um sentimento mais nobre? Tem mais letras, logo deve ter mais dignidade?
É que nem há que ter vergonha de ter medo. Ou receio, vá.