Ontem enviei-lhe as tais fotos em topless da Sara Sampaio. Ele gosta da moça e eu prefiro que ele cultive paixões impossíveis do que por uma vizinha do lado.
Ao fim do dia comentei as fotos com ele. E ele diz que ela tem um peito até pequenino, que é parecido com o meu. Ele acha que o meu peito é parecido com o da Sara Sampaio! Hahahaha. A minha copa A mal cheia parecida com a de uma Angel da Victoria's Secrets. O amor é cego, minha gente. E ainda bem.
[escusado será dizer que se acabam assim as inseguranças relativas a este post]
E dizem as amigas pseudo-videntes ou familiares hiper-intometidos, muitas vezes sem que se lhes pergunte nada:
O amor vai aparecer quando menos esperares.
Se já estiveram numa estação de comboios ou numa paragem de autocarro sabem que isto não é verdade. Como o comboio ainda não chegou, nós estamos sempre à espera que ele apareça. Não ficamos na plataforma distraídas a olhar para paredes e de repente chega o comboio e nós: "ó diabo, já não estava nada a contar com isto!".
A boa notícia é que ele chega mesmo. Invariavelmente. Às vezes atrasa-se, já tem gente a lotá-lo, faz greve. Às vezes temos de fazer o sacrifício de ir a pé nesse dia, ou apanhar outro transporte que não é bem aquele para o qual compramos o passe. Mas ele chega. Prometo. Só não é quando menos esperarem, porque enquanto ele não chegar, vamos estar sempre à espera. Isso eu também sei.
Não sou Maria-vai-com-as-outras. Sempre fui do contra, aliás. Sou Sportinguista numa família de benfiquistas, mesmo não tendo idade suficiente para ter visto o Sporting ganhar mais que um par de campeonatos. Portanto não tenho desculpa nenhuma para ser Sportinguista senão o facto de ser do contra.
Ser Maria, neste blog, é até contraditório - contra mim, desta vez. Mas é precisamente porque aqui sou uma de muitas.
Uma blogger num mar de bloggers. Uma mulher num mar de mulheres. Uma apaixonada pelas palavras, sobretudo, por entre tantos que se exprimem de uma forma deliciosa, usando apenas letras desenhadas num ecrã.
Sempre fui tão racional que esta minha paixão por palavras nunca conviveu bem com o resto da minha vida. Por isso, ao escrever uma carta sentida a alguém, ao revelar um poema, ao adaptar uma letra de música a pedido, quase sempre quem lia, se surpreendia. Quem é esta Maria das Palavras que vive dentro da moça ponderada, analítica, pés-na-terra que todos conhecem?
É a mesma que queria ser professora e escritora, ainda muito menina. Uma menina que ficou para trás e deu lugar a uma mulher responsável, bem sucedida, pragmática, sem tempo para hobbies sem valor.
Como se o único tipo de valor se traduzisse em dinheiro.
A Maria-pragmática apaixonou-se. Deu palavras a um homem que nunca tinha dado a ninguém. E recebeu-as de volta. E lembrou-se do valor que sempre soube que as palavras tinham. Lembrou-se que sempre fora uma Maria das Palavras. E que talvez fosse tempo de a re-descobrir.
[A Maria das palavras aparentemente deslizou para a terceira pessoa. Vou corrigir, sim? Não sou o Jardel, eu sei.]