Já foi há mais de cinco anos que te adicionei e a partir daí nunca mais deixámos de fazer likes um ao outro. Há mais de cinco anos que as minhas melhores fotos têm a tua tag. Há mais de cinco anos que és o meu destinatário de emails favorito.
Contigo cresci: dupliquei o número de seguidores quando os teus amigos se tornaram meus e o grupo da família no Whatsapp são afinal dois. Contigo aprendi a experimentar coisas novas: passei a colocar fotos de dois pratos no Instagram. Contigo vivi: os melhores pontos do meu Google Maps, piquei-os contigo e fizemos thumbs up a centenas de lugares novos, mesmo quando discordamos nas reviews. Contigo aventurei-me: lembras-te quando ignorámos o radar do Waze? Contigo partilhei: tantas receitas da #comidafit.
Não imagino outro como meu parceiro da conta de Netflix, ou que me deixasse ter uma lista no seu Spotify. Quero subscrever o Amazon Prime contigo. Quero ter bitcoins tuas. Faz-me uma menção.
Serás sempre o Favorito dos meus contactos do smartphone. Eu estou pronta para nunca deixar de ser a tua.
Não sou de sentir saudades (não sou mesmo). E vivo bem sozinha. Acredito que sou ligada à família, que me mantenho perto dos amigos (e a distância pode ser encurtada de muitas formas) e que fico com o Moço por opção. É uma escolha, não uma necessidade. Porque me basto e sozinha me bastaria, isolada do mundo, se assim tivesse de ser.
Não preciso de ninguém, digo eu para mim o dia todo. E depois deito-me e aninho-me nos braços dele, senão a noite é só escuridão.
Tínhamos muito que fazer. A casa desarrumada, comida por fazer para os dias seguintes (ao menos pôr qualquer coisa a descongelar?), uma máquina de roupa por estender, assuntos para tratar à secretária, muito trabalho.
Vamos sair para jantar. Assim.
Sem olhar às consequências do que fica para trás, sem fazer contas ao orçamento mensal, sem plano de onde seria o tal jantar.
Sentámo-nos à beira do muro, à beira da praia e ele ficou a olhar para mim como se eu fosse novidade.
Às vezes tenho saudades dos nossos primeiros encontros cheios de formigueiros, em pequenos gestos. Outras vezes não tenho, porque estamos lá outra vez. Estamos a entardecer quentes de sol e de amor e ainda nem sabemos onde vamos jantar. É como há 4 anos e meio: não temos certezas, só vontades.
Dali a pouco o sol vai iluminar o outro lado do mundo enquanto jantamos, dormimos e os dias recomeçam, parecidos uns com os outros. Nós vamos atarefar-nos com as minudências dos dias. E de outra vez qualquer ele dirá o mesmo: vamos fugir.
Creio que há um momento decisivo naquela fase inicial das relações em que a coisa dá para o torto ou se encaminha positivamente. Regra geral está nas mãos do elemento feminino, mas isto traduz só a maior parte dos casos que conheço e não toda a realidade. Passo a explicar: depois daquela fase dos primeiros encontros começa a crescer de um dos lados a necessidade de rotular a coisa. Já se sabe que se entendem bem, saem com alguma regularidade e são felizes nesses momentos a dois.
Então ela (lá está, genericamente, mas pode não ser ela) começa a pensar que pode mesmo "ser desta". E não vê porque não se hão-se de chamar os bois pelos nomes. Ou apresentar os bois à manada (leia-se amigos, pelos menos), assumindo uma relação. É raríssimo que os dois cheguem a este momento de realização ao mesmo tempo. E é aqui que a porca torce o rabo - para continuar nas metáforas do reino animal.
O facto de o outro ainda não estar preparado para o rótulo "namoro" e querer simplesmente que continuem "a sair" ou não querer ainda apresentar-vos a amigos ou família por medo que depois a coisa dê para o torto e tenha de se retratar, não significa necessariamente que não ache também que o futuro dos dois pode ser risonho. Significa só que - lá está - têm ritmos diferentes. Normalmente é o homem que não se sente preparado para assumir que perde aquilo que chama de independência e liberdade de escolha (sem racionalizar que é uma escolha e que continua a ser uma pessoa livre em muitos sentidos), mas pode ser ela, ou qualquer das partes, sem género definido - há um mais apressado, outro mais cauteloso.
E aqui dá-se o tal momento make or break - ou vai ou racha em bom português. Vai tudo depender de como a pessoa que já "chegou lá" exerce pressão e de como a pessoa que ainda está a levar o seu tempo encaixa essa pressão. E a primeira pode ser particularmente impaciente, agressiva ou histérica a comunicar o seu estado de situação, sem perceber que isso não reforça certezas do outro lado, só desperta mais dúvidas. Tal como o segundo, o mais cauteloso, pode reagir com compreensão ou fugir de medo, sobretudo se for uma pessoa que sempre evitou o compromisso e estava a considerá-lo pela primeira vez, ou tem traumas anteriroes - daqueles que não são só desculpas.
O meu conselho é que o primeiro comunique com calma e seja paciente. E que o segundo tente ver para além do tom com que as intenções do primeiro possam ser demonstradas. Este momento pode ser bastante tenso e ditar uma quebra que até podia não estar escrita. Normalmente é o momento em que isso acontece. Um já não atura que não seja uma relação assumida. Outro não quer ainda assumir a relação.
Nuns casos deve-se ao tal ritmo diferente. Noutros casos, a rotura que se dá neste momento é mesmo porque tinha que ser. Porque efetivamente o mais apressado nem sabe bem o que quer e só quer qualquer relação. Ou porque o mais vagaroso de sentimentos, de facto não está para compromissos e anda a fazer malabarismos com o coração da outra pessoa. E como identificar isso? Vale a pena ser paciente ou estamos a perder tempo? Isso já é história para outro texto, diria.
Nada nesta potencial nova rubrica (querem que seja uma nova rubrica?) é científico ou estatístico, é tudo fruto da minha experiência, das pessoas que me são próximas e do que vou retirando de outras coisas que vou lendo e sabendo. É a minha singela opinião, que pode ser simplista ou errada - e descontextualizada sê-lo-à de certeza pois cada caso é singular.
Fogo de artifício: Mil selfies de beijinhos no Instagram. Casamentos caros com estátuas de gelo. Declarações públicas mensais no mural do Facebook. "Desliga tu. Não desliga tu". Nunca discutimos.
Sentimento: Torradas de manhã. "És linda" a meio de uma constipação. Uma mão a procurar a outra, pela calada. "Já te disse que pares de roer as unhas ou corto-te os dedos!".