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Maria das Palavras

A blogger menos in do pedaço, a destruir mitos urbanos desde 1986. Prazer.

06
Dez18

Os perigos do Amigo Secreto

Maria das Palavras

É cada vez mais usual no Natal, para poupar nas prendas em grupos grandes, e parece uma coisa bem simples: faz-se um sorteio, determina-se um valor, compra-se a prenda para a pessoa que nos calhou e troca-se na data combinada. Certo? Errado. Há sempre alguns perigos, sob a forma de homens pessoas. 

 

O fura-prendas.

 

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Esqueceu-se da data, não teve tempo de comprar a prenda e não tem nenhum problema de consciência em receber uma boa prenda e dar nada em troca. Não é um defeito, é um modo de vida e no fundo a pessoa que sabe que lhe calhou este Augusto já sabe que fica a chupar no dedo (é como a fava do bolo-rei). 
Como atuar? Prevenindo! Ofereçam-se para fazer o sorteio e (imaginando que usam o SorteioAmigoSecreto.com, que recomendo) e em vez de juntarem toda a gente no mesmo sorteio façam dois grupos, certificando-se que ficam num diferente do fura-prendas. 

 

O conta-com-a-esposa.

 

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É uma variação do primeiro, com a diferença que não faz mal que ele nos calhe, porque a sua conjuge já sabe o que a casa gasta e tratará de assegurar o presente para o destinatário. Não raras vezes é mesmo ela que vê quem lhe calha e tudo (ele descobre no próprio dia enquanto descobre ao mesmo tempo que todos os outros o que ofereceu).
Como atuar? O bem está assegurado, por isso não precisam tomar qualquer ação, senão treinar a piscadela de olho para ela, enquanto lhe agradecem ironicamente a ele.

 

 

O distraído. 

 

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Aquele que leu "Mariana fez o sorteio para o Amigo Secreto 2018" e automaticamente comprou uma prenda para a Mariana. Não leu a parte do "Clique aqui para saber quem é o seu Amigo Secreto". Portanto, seguindo esta lógica, a Mariana, que organizou o sorteio, recebia todas as prendas. Gente, isto são perigos baseados em factos reais - esta já aconteceu este ano. A Mariana ficou feliz. 
Como atuar? Faz sempre tu o sorteio. 

 


O que nem quer saber. 


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Calhou-lhe a Teresa, mas bem podia ter calhado o Cavaco Silva ou o Mickael Carreira. A prenda seria a mesma. Vinho ou chocolates, assumindo-se que dá para toda a gente. E foi assim que assisti o intolerante a lactose a receber chocolates de leite e a abstémia a receber aquele vinho do porto. Os que têm mais trejeitos de maldade, ainda se riem com estes acasos. 
Como atuar? Não se previne, mas tem remédio: guardem a prenda para quem a aprecie. Não tem maldade dar o que é bom para outros e para nós não. 

 


O prático

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Sim, trouxe uma prenda para ti e é....o que lhe deste no ano passado. É prático, deu o que tinha lá em casa ainda por estrear. É também esquecido, porque entre várias trocas de prendas nem se lembrou que tinhas sido tu a oferecer-lhe aquelas meias com renas. 
Como atuar? Guardem a prenda. No próximo ano pode ser que ele vos calhe e volta à procedência. 

 

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20
Fev18

Podem não crer, mas vivo em terror.

Maria das Palavras

Deixei de comentar fotos em grupos de mensagens entre amigos, porque me causa tremores. Vivo em puro estado de terror dia e noite sempre as notificações disparam. E não é aquilo que podem pensar imediatamente: não é uma queixa de quantidade de fotos de garotada. É que desde que temos mais amigos-casais-com-filhos eles vão publicando fotos dos miúdos nesses grupos onde estão vários (o que agradeço porque gosto de ver os catraios a crescer e fazer malandrices - sobretudo isto). Mas publicam uns a seguir aos outros, outras vezes espaçadamente, e eu tenho um medo aceso de às vezes dizer uns "tão lindo" a uns e a outros não e os pais estarem a medir e a levar a mal porque sou a safadona que elogiou só o filho da outra, ou que também elogiou o dela, só que com menos entusiasmo. Pode ser só o meu micro-OCD que procura equilíbrio e quero elogiar exatamente o mesmo número de vezes todos e portanto prefiro não dizer nada a nenhum. Mas às vezes distraio-me, porque estou com mais minutos livres ou a foto provoca mesmo um acesso de carinho, e comento um qualquer "que amor" e...tá tudo f****. Agora vou ter de ir lá atrás, ver quantos mais publicaram fotos, se reagi ou não ao cicraninho e à fulaninha. Tudo isto a tremer, muito nervosa e voltando a lembrar-me que nunca mais comento uma foto num grupo de amigos que contenha crianças.

 

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Isto já sem falar dos episódios de pais em sequência. Que são aqueles casos em que vendo uma foto da criança de outrem, os pais não resistem a por logo de enfiada uma da cria deles. Tipo "olha a minha filha a andar!". Não! "Olha a MINHA filha a andar!". Só reacendendo a minha certeza que é tudo uma competição infidável e onde quem ganha é quem está caladinho (ou tem capacidade de pôr emoticon com coraçõezinhos em todos sem exceção 3 segundos depois da partilha de cada foto). Só reforçando a minha insegurança que sim, estão a olhar para o que faço a cada segundo, qual Big Brother a ver se apareceu "Maria está a escrever..." no topo da conversa quando a foto é do filho da outra e não do seu. 

 

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Isto serve só para expressara minha fraqueza e a minha confusão. Não são só os pais que vivem com o medo e a culpa de falhar - as pessoas que querem que os pais saibam que gostamos muito dos seus filhos (aka pseudo-tios) também vivem com esta pressão terrível de quererem mostrar o seu encanto por todos. 

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22
Ago17

O flagelo das Pituchas.

Maria das Palavras

Clips de vídeo que consistem em pessoas a sorrir para a câmara com bigodinhos e orelhas de gato (ou cão), enquanto balouçam a cabeça para a esquerda e para a direita. Vamos falar sobre isto?

 

Ariana Grande on Snapchat

Eu sei que falo porque sou uma invejosa: não tenho o tipo de beleza que me permite ostentar bigode. Isso está reservado para as mais fortes: aquelas que até a fazer caretas são bonitas. Agora, em podendo, em sendo dessas que ficasse sexy com orelhas a despontar do cabelo, ou estrelinhas a cintilar nas bochechas, ou (literalmente já vi isto) um chifrinho de unicórnio colorido a enfeitar-me a testa, continuo sem ver o propósito.

 

Parece a regressão evolução da selfie. "Agora estou farta de ser bonitinha numa foto vou ser bonita e balouçar ligeiramente o tronco e o pescoço enquanto pespego troços de cartoon em cima de mim."

 

Não consigo deixar de imaginar a conversa entre quem se lembrou disto e quem aprovou a ideia, possivelmente o pessoal do Snapshat, agora migrado para o Instagram Stories:

 

Inventor: Então chefe, agora a ideia era máscaras flutuantes para as pessoas parecerem gatinhos ou outros animais. Com olhos gigantes! Ou terem tipo setinhas de cupido a atingir-lhes a cara e corações a sair da boca em jeito de arroto…

Chefe: Humm…isso é só parvo. Que mais tens?

Inventor: Há aquela ideia antiga de as pessoas terem de resolver um problema matemático para verem cada post, para incentivar o raciocínio...

Chefe: Ó Costa*, isso não nos convém. Que mais?

Inventor: Temos a hipótese de integrar aquela funcionalidade que mostra como fica o mesmo prato de comida publicado ao fim de três meses para combater o excesso de publicações do género alimentício. Ou um filtro para vegans que sobrepõe alternativas vegetais às imagens de postas mirandesas**. Ou podemos repetir a ação de curar uma doença nefasta por cada like.

Chefe: Diz lá qual era a primeira outra vez?...

Inventor: Cenas na cara…

Chefe: Epá, parece-me brilhante. Põe isso. Pelo menos as crianças vão gostar. E se não pegar dizemos que foi uma daquelas ações de charme em que a empresa põe os filhos dos funcionários a ter ideias. A imprensa vai adorar. A NiT já partilhou e tudo.

Inventor: Ok, chefe. Mais alguma coisa?

Chefe: Olhos gigantes. Faz isso aumentar os olhos das pessoas. A minha mulher tem os olhos encafuadinhos na cara, pequeninos e malinos e faz-me espécie. Cada vez que olho para as pessoas de olhos pequenos parece que a oiço refilar comigo. Tratas disso?

Inventor: Vou caprichar!***



*O original em inglês é Coste.

**O original é hambúrgueres do Mac.

***O original é Gonna caprichate!

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21
Fev17

O drama das Ó-Lindas

Maria das Palavras

A única forma que concebo de chamar alguém usando a expressão "ó linda" é mesmo que o nome de batismo da pessoa seja...adivinharam: Olinda. 


De resto não consigo imaginar-me a tratar por "linda" alguém com quem não tenha um mínimo de confiança construída. Para falar verdade, não trato assim ninguém, mas isso também tem a ver com o facto de eu ser tão carinhosa como um novelo de ráfia. 

 

Portanto quando alguém acaba de me conhecer e passado cinco minutos já me trata por "ó linda" tenho sempre de conter o torcer de nariz e, não raras vezes, reprimir o comentário: o nome é Maria, mesmo. Sobretudo em dias em que as olheiras estão particularmente inspiradas, os poros abriram as janelas de par em par ou o cabelo faleceu de humidade e a expressão "ó linda" que tende a ter intenção fofa - bem sei, - me soa a uma irónica ofensa.

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17
Jan17

Yellow Tuesday

Maria das Palavras

A Yellow Tuesday é a terça-feira que se segue ao dia mais deprimente no ano. Ou seja, segue-se àquela segunda-feira que é exatamente igual às outras todas mas como os cabeçalhos dos jornais dizem que nos devemos sentir mal, optamos por dar mais importância ao que efetivamente foi menos positivo nas 24 horas que a compõem.

Esta tradicional terça é geralmente aquele dia em que voltamos a encaixotar as cartas de suicídio e arrumamos as medicações fortes no fundo da prateleira da casa-de-banho. Outras atividades interessantes incluem conversas com os colegas em que tentam provar porque é que a vossa Blue Monday foi mais azul que as dos outros (sem recorrer à Robiallac) enumerando as desgraças corriqueiras do dia a dia como as unhas de gel que estalaram (enquanto os meninos em Àfrica continuam a morrer desatentos às tendências de qual é efetivamente o dia certo para se sentirem mal). 


Yellow (inglês para amarelo) porque é aquela altura em que o bronze se desvanece de vez e ainda estamos a uma distância significativa da Primavera, o que nos empresta aquela tez adoentada de quem vê a praia à distância, para onde quer que olhe. 

 

Este artigo foi escrito com base em estudos com base em fontes, nomeadamente nenhumas.

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27
Dez16

7 coisas que podem correr mal no Amigo Secreto

Maria das Palavras

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Antes de mais: calma! Já passou. Já não há mais amigos secretos. Compreendo o medo à simples menção. O amigo secreto é cada vez mais um flagelo da sociedade. Hoje em dia qualquer grupo de que faças parte quer fazer amigo secreto. Já não são só os grupos de amigos chegados. São os colegas do trabalho. O pessoal do ginásio. As pessoas que estavam na repartição da finanças naquele dia. Mas por este ano creio que estamos safos (pelo sim, pelo não, evitemos sair de casa), por isso falemos tranquilamente sobre o assunto. 

 

De repente, o amigo secreto que nasceu sob a desculpa de se poupar nas prendas, já obriga a comprar mais prendas do que inicialmente. Mas se negares participação és o Grinch e ninguém percebe - afinal o Amigo Secreto até tem aquele limite de preço de 5€. A matemática é uma disciplina transversalmente odiada e ninguém pensa que 5€ x [todos os círculos de gente com que trocas quinquilharias] = 340€. 


E aquela alminha que organiza diz: ah, mas não tens de gastar cinco euros, esse é o valor máximo. Atire a primeira pedra quem nunca sentiu a pressão para aproximar ao máximo o presente do valor máximo estipulado. Melhor: quem nunca comprou uma prendica adicional se a primeira foi praí metade do valor (e se nota). 

 

Portanto, aceitas o fenómeno encolhendo os ombros, fazes o teu melhor para escolher a prenda sem ires ao chinês (olá Primark, olá Tiger) e rezas para não te deparares com uma destas 7 situações:  

 

1.

Tu decides que já que eram só 5€ vais fazer uma coisa simbólica, como um postal com uma poesia dedicada à pessoa e juntas um bombom de uma caixa que lá estava aberta aberta há algum tempo, mas achas que a pessoa vai gostar. A pessoa que te calhou pede desculpa porque ultrapassou um bocadinho o budget (ai, não encontrei nada) e dá-te um colar de diamantes. Ficas com cara de pau e dizes que o presente a sério atrasou nos CTT e lhe dás depois? 

 

2. 

Dás um presente super personalizado que mostra que conheces a pessoa que te calhou em sorte (ou tentaste, ao investigar a fundo as suas redes sociais), como um vinil daquela banda que só ela conhece e sobre a qual anda a mandar dicas de Facebook há meses. Em troca, ela dá-te uma caixa de After Eight. Marca Branca.

 

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3. 

Finges lindamente que adoras a prenda que te calhou em sorte, mas o teu namorado ou amiga próxima aponta e diz alto e bom som: tu nem gostas de After Eight, pois não?  Ou: já tens isso, não tens?

 

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4. 

Era uma troca cega (Porquê!? Gente, não façam isto!) e só na própria noite sabes a quem vais dar a prenda escolhida. Como há 50 mulheres no departamente comercial e só um homem compras uma velinha aromática. May the odds be with you. Claro que te calha o Antunes. Que dá logo uma trinca na vela porque nem sabe bem o que era e só viu o desenho de uma manga. Está muito bom, chomp, chomp, chomp. E o bocado de pavio a pender da boca.

 

5. 
Adoro esta em particular. Pois bem, todos concordamos no Amigo Secreto naquele grupo de amigos para se poupar. Mas no fim do ritual...os teus amigos começam a desencantar mais prendas que distribuem por toda a gente. Olé! Toda a gente trouxe prendas para todos, sem que se tenha verbalizado que isso ia acontecer. Começas rapidamente a olhar para a mala a ver se há alguma coisa que possas embrulhar rapidamente. Uh, há quanto tempo é que aquela tangerina está ali?

 

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6. 

E quando a troca acontece com amigos emparelhados em casais? E claramente é só uma troca de prendas que aconteceu entre as mulheres que compraram tudo e os homens estão lá como quem assiste a um jogo da bola (mas com menos interesse). Faz-te sentir verdadeiramente especial quando a pessoa que te ia dar o presente (no caso um membro masculino do casal) diz "espero que gostes, escolhi com carinho" com aquele ar gozão que diz "agora a sério, foi ela que comprou, eu nem sei o que está aí". Uma pessoa demasiado fixe para se importar, claramente. Aponta o nome. Pode ser que seja ele a calhar-te para o ano e tu decidas dar-lhe um creme para as hemorróidas.

 

7. 

A pessoa que te calhou ou a quem calhaste não vem. E é sempre bom que tenhas pago 12,50€ para ir comer outra vez strogonoff de frango com bebidas à descrição (sobretudo se não bebes) só a bem da concretização do ritual e depois voltas para casa com o mesmo par de meias com renas com que saíste. 

 

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15
Dez16

O lado negro do Natal.

Maria das Palavras

Para além da solidão a que alguns se vêm obrigado, das mesas onde a consoada não é recheada de comida, de toda a restante miséria humana que parece destoar mais (e por isso ser mais intensa) nesta época natalícia, hoje deparei-me com mais um flagelo muito próprio desta quadra: 

 

Maria: Bom dia, queria uma broa de mel para levar, por favor. 

Sr. do Café: Tem frutas cristalizadas.

Maria: Nãaaaaaaaaaaaaaao.

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02
Nov16

O flagelo das novas profissões

Maria das Palavras

Empresários a  promover gente através do nome - Imagem Pixabay

 

Estava aqui a tentar perceber quem deveria contactar numa determinada empresa a propósito de um determinado assunto, quando me apercebo que é virtualmente impossível. Não faço ideia do que ninguém faz apesar de os cargos estarem todos visíveis e a culpa é desta nova mania de criar nomes de profissões. As empresas deixaram de promover os colaboradores, passaram só a promover o nome do cargo que desempenham. Sempre se poupa. Menos dinheiro, mais palavras a descrever a função. Normalmente também usam o inglês e acrescentam-lhe ares de importância. 

 

Assim, uma secretária é agora uma Desk & Office Manager.

Um psicólogo em território nacional é um Local Insight Specialist.

A senhora na caixa do supermercado é uma Shopping Expert & Advisor. Claro que se aceitar talões de oferta passa a aumular o cargo de Campaign Executive.

O rapaz que dá apoio na área de computadores da Worten é um Digital Coordinator.

 

E agora, a quem me dirijo para colocar a minha dúvida naquilo que costumava ser o Apoio ao Cliente? Ao Clients' Feelings Center Supervisor ou ao Global Director of Questions

 

Nota: Alguns ou todos os nomes de cargos deste texto podem ter sido inventados para efeito exemplificativo dramático da problemática em discussão. 

 

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27
Out16

O flagelo dos filhos na escola (na perspetiva de quem não os tem)

Maria das Palavras

Estou assustadíssima. Lembrem-se os mais desatentos que não tenho filhos, mas muitos amigos à volta já os têm - alguns já em idade escolar ou pré-escolar. Uma amiga minha partilhou no Facebook a guitarra artesanal que fez para a filha. A GUITARRA, senhoras e senhores. Isto são coisas que me encolhem o útero, confesso. Deixem-me partilhar convosco alguns flagelos de ter filhos pequenos que frequentam escolinhas com que me vou deparando e que me assustam mais que beber azeite coalhado diretamente da garrafa. 

 

1. Manualidades em casa

Coisas que eu faço bem em casa, à mão: nem lavar a roupa. Nunca achei graça a fazer colagenzinhas, recortezinhos e construções. Não quero ter cola nos dedos, não quero construir caixinhas e guitarrinhas de cartão. Teria de fazer muito esforço físico e mental para ficar uma coisa decente e prefiro brincar a outra coisa, pode ser? E NÃO QUERO sentir que tenho de me esforçar porque os paizinhos dedicados vão chegar lá com autênticos retratos renascentistas quando o TPC for levar de casa um desenho da família feito com os pais. 

 

2. Ai que pedra bonita.

Tenho na cabeça uma pedra (não literalmente, tipo tumor, só que me lembro) pintada que dei ao meu pai num Dia do Pai, precisamente. Eu sei que se faz o que é possível com crianças pequenas para tornar estas ocasiões especiais e as educadoras ou professoras primárias também não têm de ser artistas, nem têm dinheiro para certas coisas. Mas que porra, então parem de tentar ser uma secção de papelaria do IKEA a fazer pisa-papéis e calendários rabiscados. Ou bonecos com rolos de papel. Prefiro que ensinem as crianças a esquecerem-se de celebrar o dia da mãe (ou que lhes ensinem que o carinho é que deve ser a coisa especial) do que criar-lhes o hábito de oferecerem lixo e coisas recicladas. São esse tipo de crianças que depois tentam criar empresas que vendem colares feitos com cápsulas Nespresso usadas, minha gente!

 

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3. Trabalhos para onde?

Trabalhos para casa? Deixa cá ver quando é que achava aceitável fazer trabalhos de casa...Hummm...Ah, já sei, quando era eu que andava na escola. Portanto já andei uma vez na escola (check!), já fiz os TPC todos que tinha de fazer (check!). Então podíamos fazer um acordo que era: mandavam TPC para as crianças em quantidade e qualidade moderada de forma a que sejam coisas para as quais não precisam da ajuda dos pais, nem lhes tomam muito tempo. Ou então, nem mandam (oh Deus, ajuda a que esta medida vá para a frente antes de eu ter filhos) e essas coisas fazem-se na escola onde até já passam uma boa quantidade de horas. Pode ser? 

 

4. Cada menino traz um lanchinho para partilhar.

Lembro-me logo das séries americanas com as mães bullies pseudo-perfeitas. Aposto que por cá também há. A divisão entre as mães que compram croquetes do Pingo Doce e chegam lá todas transpiradas e despenteadas, a bufar, porque mesmo conseguir comprá-los foi um feito, e as que fazem Muffins de Noz de Macadâmia e Mirtilo caseirinhos, ainda quentes, até usaram o forno da instituição de freirinhas cegas onde são voluntárias para os cozinhar a baixa temperatura enquanto remendavam meias e só se atrasaram um minutinho porque estavam a acabar a manicure. E já disse que os mirtilos eram da sua pequena hortinha biológica? Claro que vou ser do primeiro tipo. E se é verdade que a opinião dos outros me rala pouco, talvez não me apeteça envergonhar os piolhos (e os pais dos piolhos).

 

5. Por falar em piolhos...

As escolas estão cheias de coisas pegajosas não é? É que às tantas é melhor trazerem o tal suporte de chaves feito com caixas de Chocapic no dia do Pai que um nariz cheio de ranho de bactéria alheia. 

 

 

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Pronto, já desabafei, no meu tom nada exagerado e bastante conhecedor. Estou mais aliviada. Pode ser que até chegar lá ganhe mais virtudes e consiga lidar com estas coisas. Mas em relação à tal guitarra artesanal ficam já a saber que se me calhar em sorte ter de fazer um instrumento musical para a cria levar para a escola, mando a criança virar um iogurte e chamar-lhe tambor. Pode não ser a criança mais prendada a nível de artes manuais. Mas será a mais criativa e visionária. Não? Desenrascada, então? Vá, esqueçam.

 

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