Tenho de abrir o jogo convosco e contar-vos a minha primeira vez com dois estranhos: um homem e uma mulher. Começou por ser estranho, mas acabou por ser uma experiência de puro deleite. Já sei o que estão a pensar: e o Moço? Ficou de fora, mas apoiou-me. Sabe que precisamos destas quebras na rotina para manter uma vida animada. Eu cheguei e deixaram-me numa sala. Pediram que me despisse. Que me estendesse. As luzes baixas. A música suave. E depois besuntaram-me com óleo para que as mãos escorregassem melhor no meu corpo. As mãos e...só as mãos! Estava na Stetic4U a receber uma massagem a 4 mãos, experiência Odisseias, o que achavam que era? Hein, seus pervertidos ordinarões? Envergonham-me com essas mentes putrefactas...
Mas esqueçamos à vossa mente e voltemos à minha. Sabem quando estamos a ser massajados e é suposto estarmos de mente vazia? Normalmente não consigo. Aproveito muito bem a experiência, mas estou sempre a pensar em qualquer coisa, normalmente de como vou contar o que se passa aqui no blog ou ao Moço. A promessa era uma massagem a 4 mãos com aromaterapia e cromoterapia. E com todos estes estímulos ao mesmo tempo é impossível não esvaziar a cabeça e ter foco total nas sensações.
Quando estão a ser massajadas partes diferentes do corpo a sensação é boa, sendo que há sempre uma zona que está a predominar em relação a outra - normalmente a nossa favorita de levar festinhas. Mas quando se fazem danças sincronizadas nas nossas costas a quatro mãos ou temos as duas pernas ou os dois bracinhos em modo frango assado a ser bem massajados: chegámos ao céu e não temos travões.
Percebi logo a parte da aromaterapia quando me começaram a esfregar aqueles óleos cheirosos, mas só quando me virei para baixo e me deparei com um jogo de luzes (sem ser o da sala) é que apanhei com a cromoterapia em cheio. Mas não dá sensação de discoteca, são luzes suaves que variam de cor e fazem parte do jogo de sentidos (mesmo com os olhos fechados).
Uma coisa que eu gostava de propor aos donos de clínicas de estética e spa's que oferecem massagens é porem uma câmara escondida apontada à cara das pessoas quando estão com a face aqui enfiada neste orifícios das macas de massagem (deve ter outro nome). Pelo menos eu tenho expressividade suficiente para fazer um filme mudo - e não é só quando estou a tentar não me babar.
Foi de facto a primeira vez que fui massajada por duas pessoas em simultâneo e posso garantir que é todo um novo nível! A equipa também era uma simpatia, não só os talentosos que me puseram as mãozinhas em cima, e explicaram-me que tinham outros "rituais" de massagens, com surpresas românticas (como cápsulas com mensagens), de aniversário (flor de lótus que abre com uma vela, bolinho), etc. Fiquem com a pulga atrás da orelha para as ocasiões especiais - que eu também fiquei.
Vamos fazer de conta que eu não deixei passar quase três anos e duas vidas para continuar o relato da escapadinha de aniversário que comecei aqui, continuei descrevendo este episódio genial e pausei depois deste post sobre Aveiro.
Em relação ao Douro...Comecemos por dizer que não sou nova nestas zonas. Vou ver o Douro pela margem sempre que visitamos a família do Moço (que se ajeita ali mais para ao pé do Tua). Mas desta vez, e porque íamos em escapadinha de aniversário, antes de ir ter com a família, quisemos experimentar as encostas vinhateiras só para nós, por uma noite. A convite da Odisseias, ficámos no afamadoDouro Scala em Mesão frio, para cima do qual eu andava a babar há meses. Felizmente, assim que fiz a parceria com a Odisseias ficou esclarecido que os artigos sobre as experiências são da minha total responsabilidade e escritas com total liberdade porque...saí de lá desiludida. Sirva este post também para vos confirmar que tudo o que recomendo é de coração, sem influências externas. Não é que tenha sido mau, até foi em partes, maravilhoso, mas...eu explico.
Talvez o problema fosse das expectativas. Andava a sonhar com esta estadia há demasiado tempo. O local é impressionante, no topo "do mundo" com vista sobre uma vasta extensão de vinhas e a Serra de Cidadelhe, mas não pude deixar de notar a falta que me fez olhar o rio. Ora há pouco tempo tinha estado no Delfim Douro (só de passagem, não fiquei lá) que se debruça mesmo sobre a água e penso que estava a querer igual. Fomos impecavelmente atendidos, diga-se, e o edifício é maravilhoso, fundindo uma estrutura rústica de uma casa senhorial (com direito a uma biblioteca antiga, uma capelinha e tudo e tudo) com um complexo moderno. Ofereceram-nos um Porto à entrada que o Moço não recusou e fizeram-nos a reserva para o jantar.
O quarto era espaçoso e com a mesma tendência para conjugar o clássico e o moderno, com uma cabine de duche no próprio quarto (o lavatório ao lado e a sanita dentro de um compartimento que parece até um roupeiro, muito bem disfarçado). Palmas para o melhor duche que tomei na viagem toda - fenomenal com a água a cair do teto com a temperatura e a pressão certa. Há poucas coisas neste mundo que valorize tanto como um bom duche quente (até deixar a pele vermelha). No entanto, não esquecendo que estamos num hotel de cinco estrelas, e embora não me mate,nem me engorde, não achei muito natural haver toalhas desfiadas e um buraco no tecido da cortina. Sei, sei, os hóspedes são uns selvagens, mas o hotel tem uma reputação a manter. Pormenores que fazem a diferença. Mesmo num sítio tão bonito como este que aqui vos mostro.
Espantem-se: usámos o ginásio e não o Spa. Isto porque o Spa estava cheio e o ginásio não. A bem da verdade, o Moço usou o ginásio e eu andei 3 minutos na bicicleta e depois fartei-me. Uma fraca, é o que sou. Mas diverti-me a fazer vídeos dele a correr e eu paradita a rir-me. Equipada, que mesmo para gozar, visto-me a rigor. Na foto seguinte, podem testemnhar isso e verem aquilo que a minha tia chama de "ancas de parideira".
O meu tempo mais bem empregue foi passado na varanda, a ler, com o Sol por cima e a maravilhosa vista à frente (mesmo sem ter o rio). Aí sim, um luxo, 20 estrelas.
Do jantar, não vos vou falar, porque acho que já casquei o suficiente no hotel. Ok, vou falar: esperámos muito e quase tudo estava frio. Muito abaixo das minhas expectativas, é o que vos digo. O pessoal foi sempre um mimo, acederam a todos os nossos pedidos, até porque a alimentação do Moço implica algumas esquisitices - isso também não se pode esquecer. E não quero ser uma ingrata ou mentir dizendo que me arrependo de lá ter ficado, porque não foi de todo o caso. Contudo era um hotel de 5 estrelas e não parecia. Pronto, é isto. Verdade seja dita, o preço também não se assemelha a outros hóteis de 5 estrelas onde já tive a sorte de estar e portanto não há milagres. Mas...mas...
O Douro, esse, continua majestoso como sempre. E não fomos embora sem tirar umas belas dumas fotos (mais outras pelo caminho). Foi mais ou menos na altura que a minha máquina fotográfica deu o berro. Creio que se sentiu incapaz de registar a sumptuosidade do que via à frente.
No segundo dia da escapadinha que começou começou saborosa, mas turbulenta, fomos para Aveiro. Já tinha passado pela "nossa Veneza" umas quantas vezes, mas nunca com tempo suficiente sequer para provar uma tripa. Escolhemos a estadia na Odisseias (paguei do meu bolso, sim? para não acharem que isto é só borlas). Ficámos no Aveiro City Lodge, que está localizado no coração da cidade, com uma experiência que incluía o pequeno-almoço,uma oferta de ovos-moles à chegada e um passeio de Moliceiro para dois - tendo em conta que só o passeio de Moliceiro é 8€ à cabeça, o voucher compensou bastante. Vejam aqui.
A senhora que nos fez o check-in era claramente uma apaixonada pela cidade. Falou-nos com muito entusiasmo do passeio de Moliceiro e aconselhou-nos a estar junto à embarcação (posso dizer assim?) logo cedo na manhã seguinte, prometendo que não chovia apesar de o IPMA dizer o contrário (e estava certa). Tínhamos deixado o carro mesmo à frente do City Lodge, onde há parquímetro, mas ela deu logo os conselhos por baixo da mesa: a esta hora (era fim da tarde) já não vale a pena pagarem e se puserem moedas depois da hora em que acaba o parquímetro fica logo pago para a manhã seguinte. Obedecemos, deixando lá o carro, até porque o parquímetro lá tem uma taxa mais engraçada que as Lisboa e não íamos ficar muitas das horas pagas.
A seguir fomos passear pela cidade a pé - eu já com dois ovos moles no bucho. Ver as casas todas com os seus azulejos diferentes, dizer olá ao mercado do peixe e à ria, tirar muitas fotos enquanto o sol descia (não aceito comentários abaixo de "porra, que luxo de fotos"). Depois voltámos ao City Lodge para nos pentearmos - afinal o jantar ia ser com a boa da M.J. e seu noivo e tínhamos de fazer boa figura na terra deles. O restaurante onde comi um bife do tamanho do pé do Moço era pertíssimo de onde estávamos - maravilha. Só me escapa agora o nome. Até porque estava entretidíssima com a companhia. Não digam a ninguém, mas somos os 4 pessoas péssimas e portanto demo-nos muito bem.
Na manhã seguinte, depois do pequeno-almoço - que está incluindo no alojamento mas se toma num dos cafés da praceta - lá fomos ao Moliceiro. Gostei muito da visitinha guiada pela ria, onde o...Sr.Moliceiro (?) nos ia explicando o que estávamos a ver e um pouco da história da cidade à medida que passávamos por ela. Mas eu sou uma taradinha por embarcar em coisas instáveis (barcos, aviões, lojas da Primark) por isso já calculava.
Depois fomos arrumar as coisinhas ao hotel e seguimos para a Costa Nova a.k.a. sítio das casas às riscas. Não comi o pastel de nata, nem o gelado, nem a tripa de lá, porque já estávamos perigosamente perto da hora de almoço, mas enchemos o bucho de passeio.
A seguir voltámos o carro para nordeste e fomos em direção ao próximo destino, ali nas margens do Douro. Ficam para ler?
A coisa começou por correr muito mal. Tínhamos planeado uma tarde simpática pela Ericeira, bom almocinho, respirar a praia, mas, algures entre o plano e a realidade, a chuva e o vento fizeram-se de convidados. Faltavam cinco minutos para a hora da reserva do almoço e (segundo o Google Maps) 30 minutos para o local. Ligámos a avisar (correção: ligou ele, já que motivou o atraso). Odeio atrasar-me, é ponto de honra. Acalmei assim que pusemos os olhos no mar. O restaurante que escolhemos, a convite da Odisseias, era mesmo na linha da praia, o carro ficou estacionado a olhar para o mar e eu - mesmo atrasada - não entrei sem tirar um par de fotos primeiro.
Entramos assim na Marisqueira Ribas, empurrados pela brisa marítima (fresca, a velhaca). Só para descobrirmos que a nossa reserva estava feita para um dia diferente...fiquei atrapalhada, tinha havido ali um problemita na comunicação, mas os senhores não ficaram nada atrapalhados. Que não fazia mal, que estava tudo bem e receberam-nos com simpatia e atenção.
Demasiada atenção, pensei eu a determinado momento, quando os via sempre a espreitar para nossa mesa - mas depois, parola, acabei por perceber que se devia ao facto de termos escolhido a mesa mais escondida (gosto de cantos, não sei explicar) e eles tinham de perceber quando substituir os pratos, entre outras coisas.
O pão quente para receber a manteiga começou logo a encher-me o coração e a travessa de marisco não tardou a vir. Quando o senhor pousa o martelinho da sapateira é que olho por mim abaixo e penso: bem jogado, Maria, com a escolha dessa camisa branca. Posso dizer-vos - e tenho testemunhas - que a camisa ficou intacta. Nem molho de sapateira, nem um bigode de camarão. Não posso dizer o mesmo das minhas mãos, cabelo, toalha da mesa, chão e possivelmente paredes...mas isso é outra história. Não posso ser a única que tem problemas de logística a comer marisco...embora já me safe muito bem a descascar gambas com faca e garfo, é um bocadinho impossível fazê-lo com sapateira...
A travessa tinha sapateira (recheio e perninhas), camarão, ostras, mexilhões, percebes e búzios. E eu só sabia comer metade. Mas como o senhor bem apontou "se não sabe, pegunta". Foi assim que fiquei a saber que os percebes sao bons escurinhos com extremidades avermelhadas, que os búzios são parecidos com as ostras, mas cozinhados. E que as ostras se devem comer com pimenta e muito limão e - a frase do dia: engolem-se não se mastigam.
Estava tudo delicioso, mas as ostras não gosto, nem com limão e pimenta, nem a engoli-las como um comprimido como me ensinou o senhor. Aquela textura... Haverá aqui amantes de ostras?
As sobremesas eram do dia e caseiras e, portanto, não necessariamente as que estão escritas no voucher. No caso, optámos por fruta (olhó abacaxi) e uma baba de camelo que...bem, o aspeto fala por si.
Entretanto não ficámos pela Ericeira tanto tempo como estimámos, por causa da não-tão-agradável meteorologia, só o tempo suficiente para tirar mais umas fotos. É que mesmo de céu cinzento, a paisagem é maravilhosa. Sem filtro, senhoras e senhores.
À tarde fomos redescobrir o espaço do LX Factory. Adorei. Logo vos mostro também. No próprio dia (foi Sábado) fui publicando fotos e novidades do passeio no Facebook e Instagram. Juntem-se a mim nessas redes sociais para não perderem pitada das minhas tolices, com toda a adrenalina da experiência ao vivo.
De Sábado para Domingo, no segundo capítulo da comemoração do nosso aniversário de namoro, decidimos usar um pack Odisseias que ainda andava cá por casa (oferecido pelos cunhadinhos). Depois da estadia que vos mostrei num resort de luxo, pensámos que qualquer noite que se seguisse a esta saberia a passar de cavalo para burro. Mas esquecemo-nos que o burro é um animal caricato e cheio de encantos próprios, mesmo que não tenha a crina lustrosa do seu primo que vai aos concursos.
A escolha recaiu sobre o Monte dos Pensamentos, em Estremoz. Não havia quartos simples disponíveis, pelo que ficámos numa suite (mediante pagamento de um extrazito, claro). Mas não houve arrependimentos. A receção , onde também está a piscina e o salão de jogos (que é na verdade a divisão da foto acima), fica a uns 100 metros do edifício onde estão os quartos que também tem uma cozinha e uma sala comuns.
Quando entrei no quarto, fiquei positivamente deslumbrada. A decoração moderna, com capas dos livros do Tintin transformados quadros, a colcha bordada maravilhosa, a salamandra com o lume preparado (voltamos a isto mais tarde) e uma cama-individual (que virou sofá), o LCD, uma garrafa de água de cortesia e a casa-de-banho super moderna em pedra. Em termos de turismo rural...não podia ter melhor aspeto.
Aprendi mais tarde que mesmo os quartos mais bonitos, com ar condicionado e salamandra, podem fazer-nos passar um frio de rachar, mas como me disse uma amiga minha quando lhe contei isto: é Janeiro, querias milagres?
Tive uma luta de titãs com a salamandra, mas ao fim de três horas a bicha acendeu, tornámo-nos as melhores amigas, e foi um luxo estar a ler ali à beira do calor, em dois cadeirões confortáveis. Sabem aquela sensação "não-saio-daqui-nem-que-sinta-a-pele-das-pernas-a-arder"? Foi tal e qual.
Nessa tarde visitamos Estremoz, bebemos um chá n'A Cadeia Quinhentista - um bar que era mesmo uma antiga prisão, muito pr'ó engraçado - e aprendi que os ilustres da minha terra (D.Dinis e a Rainha Santa Isabel) também são famosos por lá. Comemos numa das tascas mais antigas do sítio, onde não fomos lá muito bem atendidos, mas eu tive oportunidade de a) provar e ficar fã da sopa de cação e b) mostrar ao Moço como sou a melhor namorada de sempre, ao deixá-lo ver o Porto durante o jantar, sem refilar (muito).
No Domingo, antes de voltarmos a Lisboa via bifana de Vendas Novas, ainda visitamos Vila Viçosa, onde o que mais impressiona é o Paço Ducal e o borrego assado do Ouro Branco . Estranhei que num Domingo tão solarengo houvesse tão pouca gente a passear numa cidade tão alva e bonita, mas quem sou eu para mandar na vida dos outros?
E pronto - correndo tudo bem - para o ano há mais!
Como vos contei há uns tempos o meu aniversário com o Moço (3 aninhos já cá cantam) dava-se este final de semana e a Odisseias teve a gentileza de me convidar a escolher uma estadia para a celebração - uma parceria que recebi com calma aparente e gritos agudos internos de felicidade. A escolha não foi fácil, pois todas as experiências do site estavam à minha disposição, mas depois de uma pré-seleção e ouvir os vossos sábios conselhos, eu e o Moço ficámo-nos por uma escolha modesta. Isto se considerarem modestos os alojamentos que têm soalho aquecido e banheiras que albergam equipas de futsal.
Foi assim que na sexta à noite dissemos olá ao L'AND Vineyards. E o difícil...foi perceber que ia chegar o momento de dizer adeus. Já vos conto tudo. Ora prossigam.
Eu já a apagar, enquanto o Moço nunca mais se calava, a olhar para as estrelas para lá da clarabóia:
Maria: Não queres dormir? Moço: Nem por isso. Quando acordarmos já vai estar quase na hora de irmos embora daqui. Maria: Olha, eu aprecio muito hotéis de 5 estrelas e tudo. Mas se não me deixas dormir por estarmos aqui, prefiro ir já de volta para Lisboa.
Sim, adoro hotéis de luxo. Mas continuo a prezar mais o meu sono.