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Maria das Palavras

A blogger menos in do pedaço, a destruir mitos urbanos desde 1986. Prazer.

19
Mar20

Bright Side of Corona

Maria das Palavras

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Se eu acho que se consegue ver um lado positivo numa pandemia? Meus senhores, até um teste de HIV consegue ser positivo!
(perdoem-me a (des)graça, mas ja estou em casa há 9 dias). 

Eu sei que não estamos em condições de brincar (muito) com isto e ver coisas boas numa tragédia que ainda vai piorar antes de melhorar...bem, pode ser doentio. Mas também pode ser o que nos mantém à tona, de olhos postos na bonança que vem depois da tempestade. Portanto vamos esquecer só por um bocadinho a contagem de infeções e falecimentos, que alguns acompanham com o mesmo fascínio com que puseram em repeat as imagens dos aviões a irem contra as torres gémeas.


Vamos a 5 Coisas Boas que podem resultar desta Coisa Muito Má: 

1

Fomos todos ao fundo da despensa e usámos o que havia por usar. Até aprendemos que há coisas cuja validade passou há 7 anos que empurrando com água ainda não custam muito a engolir. Se queriam minimalismo, aí têm o minimalismo nas ventas. Reduzir, reutilizar (e deixa a reciclagem para depois, que não convém ir muitas vezes ao lixo agora). Conseguem viver com pouco ou não conseguem? Tanto nas receitas, como nas compras já aprendemos que com menos se pode fazer mais. Deuzajude a manter essa aprendizagem. Até porque vamos precisar ao descobrirmos que afinal não eram os T0 sem WC a 1500€ que iam fazer ruir a economia. Covid19 - 1, Especulação Imobiliária - 0.

2

Vá, levante a mão quem tem falado muito mais com os amigos e familiares nesta fase do que antes. Vá, quero ver. Pois é. Afinal até gostam das pessoas, não é? Até sentem falta. Queixam-se da sogra, mas não querem que ela morra e ralham para que não vá à frutaria. Afinal era chato ir almoçar todo o santo Sábado e Domingo a casa dos pais (não façam isso), mas davam agora a unha do mindinho por esse privilégio. Se calhar até aturavam mais uma festa de criança ou duas...

3

O que é aquilo? Ah, é a água límpida dos canais em Veneza. E aquilo, será uma lata de sardinhas? Não, é um golfinho. Afinal não era preciso deixarmos todos de comer carne para melhorar o ambiente, só era preciso um vírus altamente contagioso à escala mundial. MUITO mais fácil. Ganhamos todos consciência do impacto ambiental que têm os nossos carrinhos todos os dias, os nossos hábitos de consumo...percebemos que sim, claro que devem ser criadas regras que limitem cargas de turismo que roubam a genuinidade de um determinado local. E olhem que eu digo isto com espinhos no coração, porque quem me tira uma viagem, tira-me tudo e um par de chinelos (antes era botas, mas agora a vida em casa não se presta a isso). 

4

O pessoal que andava todo a gozar com o André Sardet por ter músicas minhoquinhas agora até se pela por um solo dele ao vivo nos Stories às 22h (quando acabar de bater palmas na varanda, claro). Isto para dizer que vocês, sim VOCÊS (e se calhar eu) acham que a cultura e a arte são secundárias. É verdade que não comemos arte, não limpamos a casa com arte, não vestimos arte, não pagamos as contas com arte (embora às vezes seja preciso dar música) e também não estou a dizer que a arte é tão importante como o papel higiénico, para empilharmos músicos, cineastas, comediantes ou escritores na marquise para ir gastando nos próximos 2 anos. Mas se calhar a única coisa que estamos a acumular tanto como papel higiénico nesta fase é precisamente arte. Consumimos filmes, lemos livros, ouvimos música, rimos com stand up. E se calhar é isso que nos mantém sãos. E se calhar afinal até justifica baixar o IVA na cultura que não é um bem de sobrevivência, mas nos mantém vivos. Também aprendemos a valorizar enfermeiros (levante a mão quem em 2019 se riu das reivindicações deles), o pessoal dos supermercados, das limpezas, dos transportes, enfim. Se calhar a partir de agora não desdenhamos de ninguém, não vá o corona tecê-las.

5

Sem dúvida estamos a aprender mais sobre nós. Os nossos medos, as nossas prioridades, a nossa capacidade de resistência e convivência. O nosso altruísmo ou egoísmo. Eu, por exemplo, já aprendi que devo ter uma costela de psicopata por não estar em pânico com toda esta situação, o que apesar de inútil, seria o mais normal. No entanto tenho talentos para compensar, como conseguir estar quatro horas e meia seguidas na mesma posição sem ficar completamente dormente. Também aprendi que passados 9 dias de uso contínuo sem lavar, o meu roupão se aguenta de pé, mas ainda não cheira mal. Estou a brincar, pessoas. 
É claro que cheira mal. 

 


Dois bónus muito especiais: 

6. Oportunidades de carreira: Para os profetas da desgraça que acham que vai ser só despedimentos e crise económica, saibam que este vírus é também uma incubadora de carreiras. Por exemplo: ladrões de arcas congeladoras. Os meus pais num dia tinham a arca congeladora com carne, no outro dia, PUF, não tinham. Minto. Tinham metade.  Que isto ainda são estagiários de certeza e não conseguem dar conta de tudo. Profissões novas têm sempre uma fase de adaptação.

7. Uber Eats em Espinho: Ainda no outro dia dizia a uma amiga que não tinha Uber Eats em Espinho. Mas o Corona não traz só tosse, febre e dores. Ai, não. Trouxe Uber Eats para Espinho. Agradeço muito e apesar de de momento também estar a evitar entregas em casa porque acho mais um contacto dispensável (não estou em pânico, mas sou rigorosa, vêem?), serei uma boa cliente no futuro. Sinto que vamos ser amigos e que devia já ter um cartão para picar. 

 

 

Deixem também as vossas sugestões e descobertas: que Coisas Boas advirão desta Coisa Muito Má?

E se possível, não se ofendam com o texto. Mas se precisarem de destilar algum tipo de frustração nesta fase difícil, ofendam-se sim, que deixo a caixa de comentários à vossa disposição. Estamos cá uns para os outros. E assim já posso dizer sou altruísta.

 

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17
Mar20

Reflexões em tempo de Isolamento

Maria das Palavras

1
Não frito nada em casa. Não vou a restaurantes nos próximos tempos. Quanto tempo manterei a sanidade mental sem batatas fritas?

2
As pessoas dizem que daqui a nove meses vai haver um baby boom porque está tudo fechado em casa (supostamente) a fazer bebés, mas ao mesmo tempo publicam o desepero que vivem com os seus filhos em casa de 5 em 5 segundos. Não é compatível. 

3
Toda a gente partilha a sua arte para ajudar a entreter os outros. Os chef's partilham receitas. Mas não saberão que as pessoas não devem deslocar-se ao supermercado (e as entregas já estãode 2023 para à frente), para estarem a sugerir uso de ingredientes como polvilho doce ou romaninho de menta achocolatada do Turquistão? 
Espera...toda a gente tem polvilho doce em casa?

4
Não tenho post its suficientes para trabalhar em casa. 

5
Preciso mesmo de batatas fritas.

 

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15
Mar20

Idiotices que em princípio NÃO matam o vírus.

Maria das Palavras

Comer alho.

Gorgolejar vinagre.

Ingerir Vitamina C. 

Tomar banho em sumo de limão. 

Comer gelados (com pena minha). 

Utilizar lentes de contacto roxas (sei que não tem nada a ver, mas acho que o vinagre também não - com a diferença que esta ninguém me enviou como se fosse uma coisa séria).

Cortar 3 centímetros de cabelo, só do lado esquerdo (a minha cabeleireira já mo fez e acho que não estou imune). 

Franzir o sobrolho enquanto prendem a respiração por 20 segundos (tentaram, não foi?). 

Mandar nudes (caso alguém voz peça como medida preventiva). 

Passar mensagens de origem desconhecida e pouco fidedignas acerca da forma de acabar com um vírus que pode matar e deve ser levado a sério, porra. 

[Façam-me um favor e aceitem apenas conselhos e medidas que confiram diretamente junto dos canais da OMS e DGS.]

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15
Mar20

Agora outra coisa.

Maria das Palavras

Estou a brincar, vou falar do mesmo assunto outra vez.

As pessoas dizem estar fartas, mas acredito que ainda não temos disponibilidade mental para fazer raciocínios corona-free, de tão invulgar que é esta situação para nós.
Como dizia alguém: não estou a gostar deste episódio de Black Mirror. E é verdade que parece ficção científica. Em todo o caso é nestas fases que aprendemos algumas coisas sobre nós e os outros. Tem sido o meu caso. 

Sobre mim aprendi que devo ser meio parvinha. Atenção, sou uma seguidora de regras, não estou a correr riscos desnecessários e sigo todas as regras indicadas pela OMS e DGS para evitar a propagação do vírus. MAS. Não estou em pânico e sinto-me uma tonta por isso. Ontem, por breves instantes a admirar o facto de o relógio da sala ter voltado a funcionar, deu-me à volta à boneca e pensei com o coração acelerado: mas que situação é esta, durante quanto tempo não vou ver a minha família, será que devia estar a abastecer para 2 anos e ver tutoriais de sobrevivência à custa de raízes no Youtube? Mas depois passou-me e tenho estado tranquila 99,9% do tempo. O que significa que, está bem, sou otimista e não gosto de sofrer por antecipação, mas também devo ter um parafuso solto qualquer.

 

Sobre o Moço, aprendi que a forma de o fazer sorrir mais facilmente é dizer: queres jogar um bocadinho de Playstation que eu vou ler? No fundo eu só quero qualquer coisa que lhe ocupe a cabeça para ele parar de cantar a Falésia do Amor (explico aqui). 

Sobre os meus pais aprendi que são muito mais rebeldes agora do que eu alguma vez fui na adolescência. Trauteiam de cor as regras que acham que toda a gente deve seguir, mas depois vão ter com os meus tios sem hesitar, porque toda a gente sabe que o problema é passar o bicho a estranhos, se for a familiares, tudo bem, morre-se em família que é mais higiénico e podemos até ter um desconto de pack nas campas...

Por entre os meus amigos consigo distinguir os mais acabrunhados, que são normalmente os que parecem mais sensatos. Como aqueles matulões do ginásio que guincham quando vêm um aranhiço. Sabem? Aqueles amigos que normalmente são ateus, mas neste momento estão a inscrever-se em todas as religiões em catadupa, como aquelas pessoas nos passatempos do Instagram que marcam toda a gente que respira. 

Este fim-de-semana fiz uma série de Stories no Instagram chamada "encafuadinha" (deixei nos destaques, se não acompanharam) e descobri que mesmo as pessoas que não gostam de brincar com coisas sérias, vêem no humor um escape bem-vindo quando a situação aperta desta maneira. Claro que continua a haver alminhas que não percebem ironia, mas isso é só para nos lembrar que mesmo como corona, há alguma estabilidade no mundo. 

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13
Mar20

A visão romântica de uma sexta-feira 13 particular

Maria das Palavras

Dizem que hoje - hoje em específico - é dia de azar. HOJE. 
A organização mundial de saúde declarou que temos uma pandemia, que já chegou a Portugal, vivemos na incerteza a tentar lidar com isto o melhor que sabemos e podemos. Há pessoas nos extremos do pânico e da negação.
Hoje é dia de azar. Só hoje.

Estou em casa porque posso e devo. Evito deslocações e contactos que não sejam essenciais. Façam todos o mesmo, por vocês e pelos outros. Não porque somos fracos e temos medo. Mas precisamente para contermos o bicho e mostrar que mandamos nele.

Se custa? Custa. 
O Moço faz anos no Domingo e além de a celebração ser isolada, sem sequer um jantarzinho fora, nem um pingarelho de prenda lhe comprei porque entre não saber se estaria em casa ou no escritório não encomendei nada online e quem evita deslocações desnecessárias também não vai a lojas. 
Em 2017 passámos o aniversário dele em Nova Iorque com direito a bolos do Cake Boss, no ano passado com amigos em Bruxelas entre waffles. Este ano, em casa com o que houver no congelador. É a vida. (Sabem? Para evitar a morte!)
Para a semana faço eu anos e pode ser que me calhe o mesmo. Nem um beijinho aos meus pais, que nunca me deixaram cair de cabeça quando eu era bebé .


Não fiz compras em excesso. Confessem: a maior parte de vós já costuma ter em casa bens para pelo menos 15 dias.
É verdade que tenho só 6 rolos de papel higiénico e rezo que o pessoal de Espinho não seja dos que esvazia as prateleiras sem pensar em quem vem a seguir, mas o risco é controlado: temos bidé. 

Custa-me não ir ao cinema, a um restaurante, mas pelo menos levo de barato a recomendação de evitar ginásios (em prática desde 1986).


Desde o início que estou tranquila e me mantenho tranquila. Se calhar não devia. Nunca vivi uma situação destas. Confio que estou a fazer o melhor que posso e as pessoas que conheço e gosto idem. Tenho de confiar.
Consigo (talvez seja má pessoa por isso) distanciar-me da tragédia que se abate no mundo o suficiente para não me abalar no dia a dia. Consigo não sofrer por antecipação. Consigo ser realista, mas também otimista. 

E é aqui que entra a visão romântica de alguém que sempre gostou de contar histórias.
O pensamento que me ocorre muitas vezes é que no futuro contarei como vivi no tempo desta Pandemia.
E se o estou a contar a algum jovenzinho que nesta altura não era nascido, como quem conta um pedaço de história, é porque não lhe tenho mágoa, é porque correu tudo bem.

Quando às vezes alguma coisa corre muito mal numa viagem digo isso: fica uma história para contar. E tenho a esperança que esta seja só mais uma, pelo menos para o nosso canto à beira mar plantado e para as pessoas de quem gosto. Porque bem sei que somos uma sociedade global, mas não consigo ser tão magnânima que em caso de emergência o impulso não seja pensar em quem está mais próximo. 

Façamos então o que temos a fazer para que isto não passe de uma história. Para que isto passe à história. E neste caso é muito fácil: o melhor que podemos fazer é ficarmos sossegados em casa, reforçarmos a distância social e as normas de higiene, e assim venceremos o (um) Adamastor deste século.

Hoje é dia de azar. Mas não vamos deixar nada nas mãos da sorte

 

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