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Maria das Palavras

A blogger menos in do pedaço, a destruir mitos urbanos desde 1986. Prazer.

03
Ago15

Mas cinco e faz um ano

Maria das Palavras

Ia tão carregada, a dor de cabeça a pingar-me na cabeça (plim plim plim), que me sentei nos lugares reservados a grávidas e deficientes (não havia nenhum à vista). Na paragem a seguir vem a senhora com um casaco de inverno muito quente, logo hoje que o calor nos serve de gola alta, e senta-se ao meu lado. Estamos as duas de costas para a estrada, mas eu vou com tudo em cima e mais um livro onde repouso a vista - não a concentração. Então é para a vizinha da frente que a velhota fala:


Vai chover que eu sei. Veja essas nuvens. E eu sinto-me tonta, sei bem que o tempo vai mudar. O Verão já vai a meio sabe? [sem resposta] Estamos em Julho. Sete meses do ano já passaram. Faltam cinco. Foram sete, faltam cinco e estamos em Dezembro. Mais um pouco e estamos na passagem de ano. Mais um ano. Acho muito mal agora o que fazem as pessoas que morrem. Que as queimam, sabe? [sem resposta] Um enterro já é uma coisa má, mas queimar as pessoas? Eu não quero. Acho horrível, mas é o que se faz agora. Mas pronto, mesmo quem é enterrado ao fim de cinco anos é levado do cemitério. Cinco anos, não é? [sem resposta] E passou Julho. Passaram sete meses. Mais cinco e faz outro ano. Vou sair aqui. Bom dia. [sem resposta]


Quem a ouvisse percebia que, de facto, já estamos a mais de metade do ano, que o tempo talvez vá mudar, que a senhora não quer ser cremada, mas no fundo não acha boa nenhuma das opções para a morte. Quem a ouvisse bem, do lado de dentro das palavras, percebia que ela se sente muito sozinha, que anda a fazer as contas à vida há muito tempo, na esperança de virar mais um, mas que há-de querer, quando o ano não virar outra vez, alguém que lhe leve flores durante muito tempo.


Eu levantei os olhos do livro e olhei para ela: bom dia.

 

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23
Mar15

Se calhar devia ter dito.

Maria das Palavras

- Dói-me a cabeça.

- Tenho aqui drogas - anunciei eu, avançando-lhe um ben-u-ron.

 

Ela pegou nele, levantou-se e dirigiu-se à casa de banho, apesar de ter água à frente.

 

Agora estou aqui aflita a pensar se ela percebeu que não era um supositório.

 

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22
Out14

Descruza as pernas, Maria!

Maria das Palavras

Tenho a mania de estar sempre assim: de pernas cruzadas. Se me sento ponho automaticamente uma perna sobre a outra (sem a elegância ou grau de sedução de uma Sharon Stone) e é assim que me sinto bem. Próprio de uma donzela, dirão alguns. Próprio de alguém que quer ganhar varizes cedo, adivinham outros.

Não são poucas as vezes que fico com as pernas dormentes, pela má circulação de sangue que este meu gesto automático provoca. Normalmente espero que passe, rodo um bocadinho o pé da perna meio-que-morta e num bocadinho esqueço-me: levanto-me e volto a sentar-me na mesma posição.

 

Mas se acham que isto é mau só para a saúde, oiçam (que é como quem diz: leiam) este relato que já tem uns anitos:

 

Maria segue formosa e bem segura. Vai ter com a paixoneta da altura, mas já está um bocado farta de andar a reboque dele: para ele era aquilo e mais nada, para ela (e a partir de certo ponto) antes nada que aquilo. Portanto vai decidida a acabar com a brincadeira. Vão juntos até uma esplanada da moda, bem catita. Aí se dá a conversa. Ela explica que é a última vez que se encontram assim com aquele status de pseudo-coisos e que é mais ou menos um adeus - também não eram bons amigos antes e a probabilidade é que não ficassem bons amigos depois. A conversa desenrosca-se, ele não faz promessas que ela também já não quer ouvir. Fica tudo bem, mas é claro que já ninguém está ali a fazer nada, nem com vontade de permanecer e decidem dar a noite por terminada. Ele diz "eu pago". Ela replica "não, eu pago". E de um ímpeto se levanta...e quase cai. Tinha estado de pernas cruzadas e tinha uma das pernas tão dormente, tão morta, que por pouco não encontrou o chão com o nariz. Teve de se sentar outra vez num instante e assitir impávida a levar a cabo a sua intenção. Não chegou a ferir os joelhos, mas feriu o orgulho. Ele mal reparou, que também se estava a levantar para ser ele a pagar como tinha dito. E ela que tinha dito "não, eu é que pago" com a assertividade a que já o tinha acostumaso...estava ali presa à cadeira, sem se poder levantar. E serviu de lição? Não, claro que não. 

 

Adivinhem lá como tenho as pernas agora?
Descruza as pernas, Maria!

 

 

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04
Ago14

As Pipocas aleijam, mas não empatam

Maria das Palavras

As Pipocas Aleijam.

A minha amiga está sem um dente da frente. Estava muito contentinha no Cinema a açambarcar pipocas quando qualquer coisa como uma casquinha de milho enfiada no dente da frente em colisão com a pressão que fez para trincar nova pipoca lhe fez saltar o dente. Não perguntem...sei que envolveu muita técnica, mas não faço ideia como isto acontece - pelos vistos acontece, visto que outra amiga replicou que já era o segundo caso assim que conhecia. Agora é esperar que o dentista resolva. É por estas e por outras que eu nem gosto de pipocas. Sabem a clara de ovo...

 

Imagem tirada de x-tugas.skyrock.com



Mas não empatam.

 

Isto aconteceu logo no início do filme. Acham que a rapariga se deixou travar pela pipoca? Nem por isso. Namorado em pânico, ela acidentada, mas que raios (!) o bilhete estava pago. Diz que não se lembra bem de algumas partes do filme, porque estava a pensar como resolveria o assunto. Mas não arredou pé.
E esta, hein?
É que eu teria só reprimido a minha vontade de gritar/chorar/espernear e saído dali o mais depressa possível.

 

Nota: Não, não e ela na imagem. É outro senhor que deve comer muitas pipocas.

 

 

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