Caçadoras de Sonhos #5
"Olá minhas queridas M.J. e Maria das Palavras,
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"Olá minhas queridas M.J. e Maria das Palavras,
Imagino que já conheçam a revista Inominável.
Fruto da cabecinha de duas moçoilas gaiteiras (Magda Pais e Maria Alfacinha) que já sem precisarem de passatempos, ainda arranjaram mais um e meteram mais gente ao barulho - tudo bloggers de valor e convidados excelsos. Depois distrairam-se e incluiram a mim e à M.J.
Foi assim que nasceu uma revista muito compostinha, atual e rica. Com uma rubrica altamente tola, que é a nossa.
O Consultório (Pouco) Sentimental é claramento o ponto fraco deste projeto. Mas como todo o bom ser humano, sei que gostam de olhar para tragédias. Isto é sem margem para dúvidas o 11 de Setembro da revista, pelo que vos convido a ler tanto a PERGUNTA como a RESPOSTA deste consultório da nossa lavra.
E ainda vos deixo o desafio de adivinharem qual de nós (eu ou a M.J.) escreveu qual (pergunta ou resposta). Só valem respostas justificadas. Insultos permitidos. Elogios recomendados.
"No outro dia sonhei que estava a atravessar uma ponte infinita. Dum lado, ovos moles, do outro livros. Por mais que me esticasse não chegava nem a um nem a outro. E por mais que andasse não chegava ao fim para poder sair da ponte..."
Querida Magda,
o teu sonho chega-me com a transparência das águas de Sesimbra, nos dias bons, em que a poluição humana não chega à costa. Muitos serão induzidos em erro: dirão que a ponte é metáfora de desejo inalcançável, em toda a sua extensão: uma gula infindável, uma sede de ler incurável. Uma luta interior constante. Fosse tudo tão simples.
“Minhas queridas Cacadoras,
Sou uma pessoa com sonhos megalómanos. Mas vou deixar isso ao vosso critério...
Um dos sonhos mais "interessantes" que já tive, e já lá vão uns anos, passa-se nos Estados Unidos.
Começo a ver-me num corredor de paredes cinza que conduz a um local iluminado. Como vou do escuro para a luz, logo logo, não consigo perceber onde estou mas vou avançando confiante.
Nisto começo a ver operadores de som, que batem palmas freneticamente enquanto avanço. Vejo cameras de televisão, olho para os lados e vejo a plateia cheia de mulheres (e alguns homens) em profunda histeria.
Olho para mim e tenho um fato tipo saia-casaco e salto agulha, bem aprumada e nisto reparo que a Oprah (sim, sim) me puxa ao mesmo tempo que pede uma ovação de pé para mim!
Abraça-se a mim, cumprimentamo-nos, mando-me sentar e começa por falar de mim, referindo-se a mim como "dear friend"...
E nisto acordo...
Pronto.
Ei-lo!
Fico à espera da vossa capacidade de interpretação. Porque a minha há muito que se foi.
Curiosamente, há dois ou três dias sonhei que conhecia a Maria das Palavras por um acaso do destino e eras professora de ensino básico!!! Só eu!!!
Beijinhos às cacadoras.
A vossa admiradora nada secreta,
"Olá meninas,
Na outra noite sonhei com duas pessoas que eu conheço, mas que não se conhecem entre si. Vamos chamar-lhes C. e J.
Ora a C. e o J. eram amigos de longa data e faziam ambos parte de um júri de instrução no julgamento de um caso em tribunal. No júri só havia mais uma mulher e o caso era sobre uns pais que tinham perdido uma criança e que estavam a ser julgados por serem maus pais. A C. e o J. discordavam um do outro na decisão a tomar e, como entre os três jurados não havia acordo, o julgamento foi cancelado por um colega meu que no sonho era advogado mas que na vida real não tem nada que ver com essa profissão.
O J. ficou chateado com a C. por ela não ter querido culpar os pais da menina desaparecida, que entretanto tinha reaparecido, por isso final feliz para aquele capítulo da história, e a C. andava muito triste porque gostava (daquele gostar gostar de quando somos adolescentes) do J. O que é que ela ia fazer? Tinha saudades dele, só pensava nele... Mas a verdade é que ele também não conseguia ficar longe dela.
Num passeio que foram dar com outras pessoas (num cenário lisboeta demasiado deturpado para vos conseguir explicar apenas por palavras - basta dizer que havia um rio a dividir duas zonas da cidade que se encontravam em diferentes níveis de altura), o J. e a C. discutiram, ainda sobre o caso do tribunal e às tantas ela explica-lhe que não tinha querido condenar os pais, mas que também não quereria ser como eles. Vá, dito, foi qualquer coisa deste género: "Eu não quero ser como aquela mãe para os meus filhos! Tu não queres que eu seja como aquela mãe para os nossos filhos!"
Ficando ambos em choque com o que havia sido dito, olham um para o outro, ele beija-a como nos filmes e eu acordo.
E sim, sonhei mesmo a sério com isto. Este é só um sonho do qual eu me lembro melhor, mas regra geral os meus sonhos são todos assim estranhos, com coisas deslocadas e cenários impossíveis de existir na vida real, mas pronto....
Vá, venham de lá as vossas análises ;)
Até breve,
Eu analisei o sonho da M.J e a M.J. analisou o meu sonho.
Já leram o meu sonho?
Pois a intepretação era óbvia: estou destinada a grandes feitos, riquezas infindáveis e no próximo Verão já serei uma daquelas bloggers a quem marcas de quem nunca ninguém ouviu falar oferece biquinis que de repente se vêem em todos os corpos da praia.
Mas foi assim que ela leu?! Não. Fez uma interpretação rebuscada. que falha ao olho atento do comum cidadão. Chegou ao ponto de - a atrevida - pôr em risco a minha relação com o Moço. sugerindo que o meu sonho delatava o desejo por sapatos. Como se ele tolerasse mais sapatos lá por casa, sem que eu tenha de doar uns à troca.
Então fui, às escondidas do Moço, passear-me por todas as lojas onde as bloggers deviam comprar sapatos. Basicamente é a Zillian. Qualquer outra marca de sapatos dá direito a despromoção. Olhei para a montra, olhei para a carteira. O problema era a carteira. Esqueci a pretensão ao mundo digital. Fui antes ao calçado Guimarães. Olhei para a montra, olhei para carteira. O problema era a montra.
Assim estou aqui, condenada a uma vida de sonhos com hotéis que são afinal desejos por sapatos.
Achavam que eu ia responder ao facto de ela me chamar badalhoca? Ridículos. Eu bem sei que muitas das minhas blusas chegam a mostrar o cotovelo e tenho mesmo vestidos sem comprimento suficiente para me tapar a canela. Admito. Nada a assinalar. Terei de rever os meus comportamentos e, em última instância, como a M.J. sugere: a burka nunca fez mal a ninguém.
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As Caçadoras de Sonhos Maria das Palavras e M.J. estão à vossa disposição, para de uma forma absolutamente desprovida de juízo, mas repleta de conselhos originais, desmontar os vossos sonhos e ajudar a interpretá-los. Interessados na análise freudiana de duas miúdas que não devem ser levadas a sério? Enviem os vossos sonhos para cacadorasdesonhos@sapo.pt.
Prometemos ser sobejamente mais meiguinhas nas análises alheias do que fomos nas nossas. Tudo depende, claro, do vosso sonho...experimentem.
"querida maria das palavras (são todas, só verbos, só adjectivos?):
venho pelo presente contar-te o meu sonho na ânsia que me possas ajudar a saber se posso dele retirar um significado:
eu estava a apresentar um livro que escrevera. era um livro de contos infantis e estava repleto de gente. acontece que o auditório onde decorria a apresentação não tinha pessoas comuns com os seus filhos mas sim todos os meus professores universitários, que me olhavam com atenção. quando eu acabei o meu discurso um deles estendeu o dedo e perguntou: mas acha que essa história reflete o pensamento do legislador no que a isso diz respeito?
quando ele acabou de falar eu percebi que não sabia a resposta e que nem sequer me lembrava da história que escrevera pelo que comecei a gaguejar. nesse instante fui salva pelo gongo: as portas do auditório abriram entrando um político conhecido que se virou para o meu professor e exclamou:
- isso, pois isso é só fazer as contas.
acontece que o político era nada mais nada menos que jóse socrates, com uma camisola cinzenta, algemado, que começou a correr em volta do palco gritando "mesmo preso faço jogging, ouviram?.
nessa altura acordei e no dia a seguir, ao ver a tv, descobri que a medida de coação dele tinha sido alterada para prisão domiciliária.
ando num frenesim. terei capacidades adivinhatórias?
agradeço a tua resposta.
beijos."
Minha querida M.J., não se apoquente, que vamos já desfazer este puzzle.
A primeira interpretação que faço é que a menina é preguiçosa. Não vi isto num elemento do sonho, mas sim no facto de não usar maiúsculas. Não cumprir as regras da escrita é uma coisa, não usar a capital para me nomear já roça a infâmia.
Os sonhos refletem medos ou desejos e há, de forma muito óbvia, três desejos latentes na sua descrição: (1) o desejo de ter filhos, (2) o desejo de comer queijo e o libidinoso (3) desejo por Sócrates.
Tudo claro como a água. Um bem-haja e...bons sonhos!
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As Caçadoras de Sonhos Maria das Palavras e M.J. estão à vossa disposição, para de uma forma absolutamente desprovida de juízo, mas repleta de conselhos originais, desmontar os vossos sonhos e ajudar a interpretá-los. Interessados na análise freudiana de duas miúdas que não devem ser levadas a sério? Enviem os vossos sonhos para cacadorasdesonhos@sapo.pt.
Prometemos ser sobejamente mais meiguinhas nas análises alheias do que fomos nas nossas (vejam lá no blog da M.J. o sonho que ela me interpretou) - é que nós sabemos insultar-nos em graça e sem desgraça, porque sabemos que somos parecidas. Tudo depende, claro, do vosso sonho...experimentem.
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