Bom dia! À falta de tempo para escrever deixei-vos o relato do primeiro dia nos Açores, São Miguel, em mensagem de voz e tenho um convidado muito especial...TAMBORES: o Moço. Não sei como o convenci a dar a voz, muito menos como o convenci a contar a história do que ele queria levar na mala, que já tinha sido proibida de partilhar...vocês vão perceber porquê.
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Opiniões nos comentários, se faz favor. Já houve quem dissesse que o Moço tem a voz a condizer com as costas, experimentem ultrapassar esse comentário maravilhoso.
Então queríamos ir ao cinema ver o IT (que é bom, mas em termos de terror é uma palhaçada - literalmente). E o melhor horário era o da sessão 4DX no GaiaShopping. Não pensei muito no assunto, achei que fosse tipo IMAX ou assim e, mesmo sendo caro o bilhete, ficava como uma experiência. Mal sabia eu para o que estava guardada.
Não sei se já vos disse, mas toda a vida odiei pipocas - sabem-me a clara de ovo. Ultimamente, têm-me apetecido. As pessoas mudam. Às vezes para melhor, outras vezes, para engordar mais. Portanto, Maria vai de pipocas e Coca-cola sentar-se na cadeira de cinema, quando...esta começa a saltar. A cadeira, entenda-se, que eu só me mexo se houver muita necessidade.
Talvez seja óbvio para muita gente que não vale a pena levar comida e bebida para uma sessão de 4DX, mas entendam que eu não sabia o que era. Calha que se tratam de duas horas de cadeiras a abanicar ao sabor das imagens do filme. Portanto nos primeiros dois minutos metade das pipocas ficou no chão e a cola perdeu o gás.
Explicando, para leigos, como eu era. O 4DX tenta replicar as sensações do filme. A cadeira salta e balouça nas cenas de movimento, molha-te se a personagem se molha, entra um odor estranho, se as personagens entram no esgoto, e passa um vento se estão ao ar livre.
Ora se eu quisesse apanhar com vento não saia de Espinho, não é? E no geral, se eu quisesse sentir que estava ao relento, ia acampar em vez de ir ao cinema.
Depois levo muito a mal que a sala me cuspa em cima, que basicamente foi o que aconteceu. Crianças a chapinhar na água? Jatos húmidos na cara. E já agora em cima das pipocas - ainda estou eu a habituar-me a gostar delas e o cinema quer-mas por logo moles.
Para ajudar na festa, tínhamos acabado de jantar, pelo que o Moço (que abomina qualquer semelhança com parques de diversão e já acha radical passar com o carro em lombas a baixa velocidade) vaticinou logo: vou ficar enjoado.
Acresce que no dia anterior eu tinha ido a um casamento e apesar de não beber alcoól (logo não estar de ressaca), nem ter chegado a horas vergonhosas a casa, a idade já não perdoa e acordei com uma dor de costas. Adivinhem o que é supimpa para a dor de costas?
CADEIRAS SALTITANTES.
Durante as quase três horas que levou o filme. Então, mas não é excitante, a sensação de acompanhar o movimento do filme? É sim, senhor. Durante certa de sete minutos e meio. Depois, mói.
E no fundo, foi só como estar a ver o filme no sofá de casa, porque o Moço, nunca pára quieto um segundo enquanto vê televisão. A frase que mais lhe digo nunca foi "amo-te", sempre foi "Podes parar um bocadinho?!". De maneira, que quando o filme acabou a nossa conversa foi esta:
Maria: Eu queixo-me que tu nunca estás quieto e depois pagamos uma fortuna para me sentar em cadeiras saltitonas no cinema.
Agora que já contei esta história a toda a gente com quem me cruzei e portanto o Moço já me odeia, nada a fazer, conto-vos a vocês também.
Ele foi à cozinha e eu pedi-lhe, gritando da sala, que me trouxesse um gelado.
Moço (da cozinha) : Qual queres? Maria (da sala): Não sei, o que há?
(abre o congelador)
Moço: Há Fizz e Cornetto de Pau. Maria: Há o quê?...
(não é que eu não tenha ouvido, mas o nome do segundo gelado, não me esclareceu, se é que me entendem)
Moço (convicto): Fizz e Cornetto de Pau. Maria: O quê?! Moço (agora a gritar): FIZZ E CORNETTO DE PAU! Maria: Desculpa. Mas Fizz e quê? Moço: Fizz e Corneto de pau! Está surda!
Vem irritado à porta da sala e:
Moço: FIZZ E CORNETTO DE PAU. Maria: Fizz e...
(som de ficha a cair)
Moço: Ah...Perna de Pau.
Mas isso é irrelevante, porque eu já nem precisava de comer gelado. Não depois de uma tal barrigada de riso.
Eu, irritada com o filme da Bela e o Monstro (com a Emma Watson, que está na Netflix) porque mudaram vários detalhes da história de animação, sendo a mais grave - para mim - que o Lumière tem a cara na vela e não no castiçal:
- Isto é um disparate. E nenhum deles tem emprego, gostava de saber como pagaram aquela festa no final para toda a gente.
Estamos a conversar, eu, o Moço e uma prima dele, quando ele espirra e explica que ainda está a recuperar de uma gripe terrível de que foi vítima na semana passada.
Maria: Não foi bem uma gripe, foi só mesmo uma constipação.
Moço: Ei, ei, ei! Isto é para os maus cheiros. Esse spray é parati!
(O spray na verdade é um neutralizador de odores, que apesar de se chamar "desportivo" - para sacos de ginásio, sapatilhas oprimidas, etc - também dá para perfumar os tecidos da casa que é o que tenho feito, porque deixa MESMO um cheiro delicioso a maçã verde na divisão que dura de uma forma que o spray da Quanto que usei há uns tempos não ficava. A querida da Carolina que vende a marca Perfum'Ar é que me ofereceu. Vão lá espreitar as coisinhas boas aqui ou aqui. Dá para catrapiscar prendas para o Dia da Mãe!)
Dois factos sobre quando fomos à Bélgica: 1) os nossos amigos têm a casa toda quitada de Google e 2) o Moço fez anos e a prenda que lhe levei foi um tiro ao lado.
Quando regressámos, o Moço passava a vida a dizer ao Google Home - que não tínhamos - para apagar a luz ou ligar a TV. Hey, Google turn on the lights. Hey Google turn of the lights.
Portanto achei que, ou estava na hora de o internar, ou trocava a prenda que lhe tinha dado por um sistema mini-Google Home. Escolhi a segunda. E a maquineta é engraçada, confesso. Põe música a pedido. Mais baixo ou mais alto. Conta-me histórias e piadas se lhe pedir. Diz-me onde posso comer um brunch no Porto. Inicia o Netflix na série que peço, mesmo onde a deixei e põe na pausa sem eu mexer uma palha. Faz contas por mim. Converte-me ounces em gramas sem eu ter de mexer com as mãos cheias de farinha no telemóvel. O Moço gosta particularmente do beatbox. Às vezes faz-se de desentendida, mas eu perdoo, porque se eu disser "Hey Google, you're useless" ela responde "Well, I'm still learning." e a pessoa compreende.
Cheguei à conclusão que estamos a avançar a passos largos para aquele momento da vida em que não temos de nos levantar para nada, quando a Bimby me fazia a sopa, enquanto eu via um episódio de Homeland no sofá, que o Google pôs a dar quando pedi. O sonho de qualquer preguiçosa.
Claro que o Google continua a não apagar ou acender a nossa luz, porque para isso é preciso comprar umas lâmpadas xpto que estão ao preço do caviar beluga. Ou menos. Portanto percebo que fiz asneira a trazer isto para casa quando o Moço faz contas à vida porque quer trocar as lâmpadas da sala (três!) e eu digo:
- Se quiseres dizes-me "Hey Maria, apaga a luz" e eu trato disso.