Sabem quando andamos a seguir algumas séries que gostamos, mas sentamo-nos à frente da TV e não apetece realmente começar um episódio de nenhuma? Conhecem a sensação? É assim que ando - igualmente com livros. Quero, mas não consigo.
E depois, num desses dia em que queria ver qualquer coisa para me ocupar a cabeça, mas não me apetecia ver nada, botei play na série Designated Survivor (Netflix, pois claro). Uma história que se descreve de forma absolutamente aborrecida, mas se vive de forma absolutamente intensa.
Não prometo que gostem, mas juro que deviam experimentar.
Note-se que falo do alto do quinto episódio e, portanto, estou longe do desfecho. Mas até agora a série do momento (este 13 Reasons Why, que está na Netflix) divide-me muito.
Se por um lado acho os diálogos demasiado trabalhado ao ponto de tirar qualidade à série e torna-la mediana, por outro lado a forma como os episódios estão estruturados deixa-nos sempre com vontade de ver só mais um (sabem como é, certo?).
Se por um lado é importante mostrar como pequenas ações podem desencadear grandes tragédias, por outro lado se as razões que tenho visto até agora forem como as dos restantes episódios…metade da população escolar (mais) cometeria suicídio e faltariam candidatos às universidades.
Não estou a falar de ânimo leve e a desvalorizar bullying ou depressões (lá vai o tempo em que era inocente ao ponto de pensar que era só uma questão de se ser mentalmente forte para conseguir desvalorizar o que não tem de se definidor para nós et voilá: adeus depressão). Mas levante a mão a miúda que não foi apalpada sequer uma vez ao longo dos anos de escola? Podemos dizer que quem apalpa deu uma razão para ela se matar, por muito desprezível que seja? E sim, talvez seja inevitável dizer isso se for essa a gota de água, de um mar de pequenas grandes misérias, mas continuem a ler que já chego onde quero.
Temos – sobretudo - de atuar do lado dos agressores (sensibilizando, castigando), mas também de fortalecer a autoestima das vítimas para que saibam lidar com, responder a, denunciar quando necessário, desvalorizar quando possível. E nesta série em particular parece-me que se cultiva algo muito perigoso: a ideia de que o suicídio é justificável a ponto de ser uma resposta válida para calar e dar o troco aos agressores. Uma qualquer forma de vingança.
Agora vou calar-me e continuar a ver. Talvez seja agora que vem a razão que me faz perceber tudo. A que me faz mudar de ideia acerca da mensagem da série.
Uma coisa é certa. Todos temos um lado B. E nunca podemos assumir que conhecemos alguém ou que sabemos o impacto que uma palavra simples terá nessa pessoa, medindo pelo impacto que teria em nós.
É fácil fazer um top de séries fantásticas para nos entreter ou relaxar, fazer rir ou emocionar, deixar-nos de cabelos em pé ou a resfolegar pelo próximo episódio. Mas se não fosse eu quem é que vos conselhava uma série ideal para embrulhar prendas? Aquela que tem só interesse suficiente para servir de barulho de fundo enquanto encetam noutra atividade? Que não precisa de muito para perceberem a história e ainda vos deixa soltar um eheh ou um oh de vez em quando? Pois, é claramente uma falha existente na blogosfera. Não temam, que a Maria chegou para vos ajudar.
A série eleita para embrulhar prendas é Lovesick, do Netflix. Não têm de quê.
O evento do dia para mim não é a Black Friday mas sim o regresso das Gilmore Girls (mesmo que seja pouco provável que não consiga ver hoje.
Dizia-me no outro dia alguém que tentou ver a série e não achou graça. É normal. A série é sobejamente tola e banal. Mas ninguém que tente ver hoje um episódio lhe pode dar o peso que eu dei um dia.
Hoje em dia ver Gimore Girls não é sinónimo de aguardar uma semana inteira por cada capítulo. Não é uma luta pela única televisão da casa ligada na RTP2. Não é aquele único dia da semana em que não nos importávamos que o pai trabalhasse até tarde, porque se ele estivesse em casa e quisesse ver outra coisa, não havia gravação automática que nos salvasse - o episódio perdia-se para todo o sempre.
Hoje em dia há muitas séries péssimas, que "no meu tempo" eram maravilhosas. É tudo uma questão de fome. Ou fartura.
[Não, não vai acontecer. Este trailer é editado com clips de outros projetos destes atores por outra fã incondicional da série. E eu que ando a rever a série - outra vez, obrigada Netflix - com a desculpa que o Moço não tinha visto as primeiras temporadas, deixei-me enganar por dois segundos.]