A Litte Life, a Grand Book
Parte 1 - 7 de Outubro 2020
É a primeira vez que começo a escrever sobre um livro sem já o ter terminado. A edição que estou a ler no Kobo tem 1345 páginas (impresso tem umas 700 e trocos) e vou a pouco mais de metade, mas estou cheia de vontade de falar sobre ele.
Ainda não chorei, como é suposto. Não sei se já passei o bocado onde é inevitável (dizem) chorar, mas já passei certamente por várias cenas onde é suposto querer parar de enjoo e revolta. Não quis parar de enjoo e revolta, porque acredito em pleno na crueldade humana e sabendo o quão triste e traumático o livro poderia ser, já esperava semelhantes cenas.
É um livro muito fácil de ler em termos de escrita, mas por outro lado composto de muita miséria e tristeza. Relata a vida de 4 amigos à medida que crescem na sua vida adulta. A forma como esse relato é feito é muito cativante, ora revelando passando, ora desvendadndo futuro, enquanto vamos sabendo do presente. E depois de uns primeiros capítulos mais parados (mas nem por isso desinteressantes), entramos na espiral da vida do Jude em particular e é impossível parar.
Tenho de o comparar com a última história de um rapaz a crescer que li, que foi O Pintassilgo, e anunciar que estou a apreciar muito mais este em todos os sentidos (argumento, escrita, cadência, interesse das personagens).
Uma das críticas que já tinha ouvido ao livro era o facto de dar tão pouca relevância às personagens femininas. Quase não existem e quando existem, pouco se fala delas. Primeiro achei que fosse porque o escritor era homem e escreve sobre o que melhor conhece. Depois apercebi-me que é uma autora! Mulher!
Mas apesar de concordar que se fala pouco de mulheres, não concordo que lhes tirem relevência. É que leio a Ana (para quem sabe) como a personagem que poderia ter mudado tudo. E independentemente do género, consigo identificar-me com características de algumas personagens (a incapacidade de falar do Jude, por exemplo), pelo que não me sinto pouco representada.
Parte II - 12 de Outubro 2020
Acabei! Acabei ontem, mas estava a tentar não ligar o computador (e não gosto de escrever no blog no telemóvel). É um excelente livro. Faz lembrar a série This is us no sentido em que tudo o que houver de mal para acontecer, pois acontece!
Em certas coisas, é um niquinho previsível, e os capítulos finais não foram para mim tão entusiasmantes como o central. Mas continuo fã. Continuo a dizer que foi melhor que O Pintassilgo.
Como é, em termos técnicos, longo-comá-porra e triste-a-rodos, não acho que seja leitura para toda a gente. Também não está editado em português, por isso para já só é opção para quem se sinta à vontade a ler em inglês (sendo a linguagem toda muito fácil).
A promessa que me fizeram é de que iria chorar e isso não aconteceu, pelo que as câmaras da CMTV já estão a caminho de minha casa, até porque entendo perfeitamente as muitas situações - as bonitas e as feias - em que se eu não fosse uma pedra insensível aos problemas que não me são próximos, poderia ter acontecido.
E quando o livro acaba, é mesmo o fim.