A prenda no porta-luvas
Temos no porta-luvas do carro uma coletânea de CD's de fado. Pouco ouvidos, porque em boa verdade só eu gosto deles o suficiente para os fazer acompanhar as nossas viagens.
Pois na noite do meu aniversário, o Moço diz:
- Apetece-me ouvir um fadinho, não te apetece? Tira aí um CD.
Eu que de parva não tenho nada (parva de estúpida sim, mas parva de tonta não) percebi logo que estava ali uma prenda para mim. E - claro - decidi dificultar a tarefa.
- Não me apetece ouvir nada em especial, o rádio está bom.
A coisa morreu por uns minutos. Depois ele lembrou-se:
- Não sei da minha carteira, podes ver se está no porta-luvas?
Sabem em que ocasiões é que ele põe a carteira no porta-luvas? Adivinharam: nunca! Mas pronto, lá lhe fiz a vontade, farta de me fazer difícil.
E lá estava um embrulho da FNAC.
Era uma espécie de envelope A4, mas senti logo ao fundo que me esperava um CD. Sem mais demoras rasguei o embrulho sem dó, para resgatar o CD ao fundo.
E descobri que afinal havia um motivo para o envelope-embrulho da FNAC ser A4 e que eu não sou tão esperta assim: Era A4 porque tinha impressos dois bilhetes para um concerto.
Menos mal que tinham sido comprados online e eu tê-los rasgado não impediu o Moço de imprimir outros. Ainda assim, foi bonito da minha parte ter logo rasgado a primeira prenda que ele me deu. Eu disse bonito? Queria dizer idiota.