A visita ao restaurante mais frustrante do mundo.
Eu até estava numa de experimentar outro, mas já todos sabíamos que aquele era BBB (bonito, bom e barato) e portanto marchamos em direção ao conhecido Lobo do Mar em Sesimbra (que continua recomendadíssimo, apesar do relato de desespero individual que se segue - se é lá que vão os da terra, é lá que deve ir o resto do povo).
Eu, morta de desejo que ando por comer arroz de marisco, já tinha mobilizado a minha mãe para me fazer companhia no tacho, que a especialidade é sempre para duas pessoas (já vos tinha falado desta minha pequena frustração, certo?).
Chegamos ao restaurante familiar onde (quase toda) a gente é muito simpática e confiro logo com o senhor sorridente que há arroz de marisco.
- Não. Só por encomenda.
Atirei-me para o chão, rebolei um bocadinho, funguei, engoli em seco (ok, foi só esta última) e escolhi o meu peixinho grelhado, que é a especialidade da casa. Avisto sopa de peixe no menu e começo logo a sentir-lhe o sabor (a saliva a formar-se na boca). A minha irmã também quer e peço ao mesmo senhor sorridente duas sopinhas de peixe.
- Não temos. Hoje só de legumes.
Bati com a cabeça na vidraça ao meu lado, atirei um copo à parede, bufei (ok, foi só esta última) e continuei a comer pão com manteiga. O senhor recolheu os pedidos das bebidas e a minha irmã, no meio de tanta nega, atira que só falta querer Coca-Cola e só haver Pepsi.
- Pois. Só Pepsi. E se quiser Fanta só tenho Sumol.
Chamei-lhe os nomes todos de que me lembrei, pedi para falar com a gerência, ameacei que chamava a ASAE e revirei os olhos (ok, foi só esta última) e entretanto lá veio o peixinho apetitoso para começarmos a encher a barriga e acalmar qualquer desejo. No final está tudo refastelado e ninguém quer sobremesas, mas a minha irmã pergunta timidamente se há ananás, ao que o o mesmo senhor sorridente responde já em tom malandro, de quem sabe que nos negou tudo e até leva gosto nisso:
- Não, só abacaxi.
Apesar de tudo saímos satisfeitos e não pagamos acima do justo, o que só acontece em restaurantes muito específicos e quando os astros se alinham. Claro que na minha cabeça a cena final se desenrolava de outra forma, no momento em que o senhor sorridente apresentava a conta e perguntava se eu tinha dinheiro, ao que eu reponderia:
- Não, só tenho pastilhas elásticas.
E ele perdia o sorriso.