Acidentes Virtuais
Sou uma desgraça para a minha geração. Foram poucos os conhecimentos que travei virtualmente e foram poucas as pessoas que saíram do ecrã para a rua. O Mirc era entretenimento de uma amiga e eu só entrava na brincadeira nas horas que ia para ao pé dela, à meia-luz, no escritório do pai. O Messenger era para conversas profundas, mas travadas com quem já conhecia e depois passava a conhecer melhor. O Hi5 primeiro e o Facebook depois tinham o filtro da amizade apertado.
E depois aconteceu este blog. Eu nem precisava de mais amigos, juro. Mas há pessoas que passeiam por aqui e eu até já sei o que vão dizer. São-me familiares. Sinto-lhes a falta, se desaparecem. Algumas passam da caixa de comentários do blog para outras janelas. Outras passam dessas janelas e eu digo-lhes que não precisam esticar a perna: eu abro-lhes a porta. Foi por acidente, foi mesmo. Só que os meus dias já não são os mesmos sem estes meus acidentes virtuais.