Amar coisas
Já vos contei que não gosto do uso abusado do verbo amar. Devia haver até uma linha de apoio para pessoas com esse problema. Que amam demais e por isso amam de menos. Amam em cada sms ou telefonema, no fim de uma lista de compras, num papelinho das aulas. E dizer que se ama deixa de ser especial, passa antes a ser sinal de problema que não esteja lá aquela palavra que costuma fazer de ponto final para qualquer "traz-me uma alface".
Chego agora à sub-espécie do problema, que é o amarem-se coisas. Amar um livro ou um sabor de gelado. Amar um vestido. "Amei o que fizeste ao cabelo". Amava Apreciava mesmo muito que parassem de amar tudo e mais alguma coisa, a par das pessoas que amam sempre e mais alguma vez. Não gastem a palavra mais intensa do nosso dicionário para exprimir a vossa relação com bolachas Milka ou para dizer que gostam do George Clooney (a não ser que seja a querida da Amal que me está a ler).
O favor que vos peço é este. Amem muito, mas não desgastem nem banalizem a palavra amor.