As Passas (ai, passas!)
Sou capaz de já vos ter dito que começar o ano a comer passas - uvas podres, portanto - e achar que isso trará sorte, para mim faz pouco sentido. Ainda se fosse uma frutinha fresca e suculenta, lá se daria o toque de partida certo... Mas como não sou minimamente supersticiosa ou capaz de acreditar em algo que não possa apalpar (o que às vezes é uma pena, porque bem me dava jeito bradar aos céus e esperar milagres que punha na mão de qualquer entidade), não como as passas - nem outra fruta mais vitaminada, nem peço desejos.
Para mim as 12 passas são antes as 12 coisas do ano anterior que eu quero que passem:
#passa depressa radicalismo (de qualquer um dos lados) que leva à guerra e à instabilidade (dentro e fora do país)
#passa já ò desemprego (de gente que quer e merece, que não é igual a gente pseudo-qualificada)
#passa moda das campanhas de beleza "real" (às vezes não são reais, às vezes não são desejáveis)
#passa preguiça, a ver se mexo o rabo e meto em qualquer coisa fit antes da fase da decadência
#passa lá, mania que eu tenho de escarafunchar a cara à procura de borbulhas
#passa tempo, até ao dia em que aquilo que eu cá sei (x2) está resolvido de uma vez (com futuro lançado e presente risonho)
#passa falta de "disponibilidade" para viajar
#passa lista de livros para ler (sê devorada e substituída por novos)
#passa sempre chuva e vento, deixa só o frio moderado da mantinha e do chá mais um pouco
#passa inércia desgraçada, que me faz adiar sempre pôr creme na cara ou no corpo (ponho sempre amanhã, que hoje não tenho tempo)
#passa incerteza que não me deixa fazer os planos que eu gosto
#passa lá ano velho e traz novidades que eu nem espero (podem ser todas boas?)
Não se acanhem. Deixem as vossas #passas.