Carta a quem faz planos
Olá caríssimo,
Eu já fui tu. Aliás, teimo em ser. Organizando tudo com trejeitos de obsessão na minha agenda e no meu calendário. Encontrando o melhor momento para isto e a data certa para aquilo. As obrigações e o lazer. O que julgo poder prever segue uma ordem que a logística complicada dos dias me faz assentar no papel para assegurar que tudo ficará bem.
Com o passar do tempo fui adquirindo a certeza, já bem cimentada aos 31 de vida, que os planos não são mais que esperanças apontadas. Tentativas de organização, nunca cimento no tijolo.
Há dois tipos de pessoas: as que fazem planos e as que já sabem que não vale a pena fazê-los. Fico feliz que ainda estejas no primeiro patamar. No entanto, não é assim tão mau estar no segundo. As mudanças, às vezes são desgraças e outras vezes são supresas maravilhosas. Na maior parte das vezes, são isso tudojunto. Mas, seja qual for o tipo, fazem-nos crescer, aprender, adaptar, ver coisas a que fechávamos os olhos e descobrir tanto sobre nós, os outros, o mundo, que mesmo quando não podemos dizer que valem a pena, têm o potencial de nos tornarem melhores e de nos fazerem ter as prioridades certas.
Até amanhã.
Ou talvez não.
Uma pessoa sabe lá o dia de amanhã.