Comprar raspadinhas é como procurar o amor da forma errada.
Quem compra uma raspadinha quer ficar rico. Não é assim que vai acontecer. Aliás, tudo o que consegue (em 99,9999999999999% dos casos) é ficar mais pobre, uma moeda de 2€ de cada vez, mesmo que seja só uma por semana. Vou ajudar-vos: são 104€ num ano. Uns 55 gelados. Quatro almoços fora. Três meses de eletricidade. Uma estadia num hotel à margem do Douro. Bilhetes de avião para um fim de semana em Madrid.
Mas normalmente não é uma por semana. São raspadinhas de enfiada. Da próxima é que é. E se ganhar prémio o que se faz? Troca-se por outra. Se o prémio for maior, troco por várias. Um tipo de raciocínio que está fora do meu alcance.
Também há quem procure o amor assim. Encontra a pessoa disponível e raspa, raspa, raspa até gastar. Passa à próxima. Quando calha prémio mas não é o jackpot que imaginou (e que NUNCA vai ganhar, porque os princípes de cavalo branco já nem sequer existem nos novos contos da Disney) troca a raspadinha - ou a pessoa - porque não se quer ficar pelos 2€ certos que ganhou. Dois euros esses que nem faz ideia que pode investir e multiplicar fora da lógica dos Jogos da Santa Casa. Dois euros que podem ser a sorte grande mas aos quais só conseguem ver a terminação.